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Após anos de políticas contrárias à entrada de imigrantes por suas fronteiras, nações europeias como a Polônia, a Romênia e a Moldávia abriram suas portas e estão criando estratégias para receber milhares de refugiados da guerra na Ucrânia.

A agência de refugiados da ONU calcula que o número de pessoas que já conseguiram deixar o país está em mais de 368 mil. Só a Polônia recebeu aproximadamente 50 mil pessoas só no último sábado.

Na cidade de fronteira de Dorohusk, uma das principais ligações do país com a capital ucraniana, Kiev, os refugiados chegam em ônibus, vãs, carros, motos e até a pé.

“Eu moro em uma vila no oeste da Ucrânia. Quando ouvi as sirenes de ataque aéreo tocarem, arrumei as malas e saí. Levei uns cinco minutos para pegar algumas coisas e reunir as crianças”, disse uma ucraniana que não quis revelar seu nome.

Dirigindo o carro da família com o marido e dois filhos, Mila (que não deu seu sobrenome) chegou em prantos na fronteira polonesa. No painel do Mercedes, era possível ver diversos passaportes de nacionalidade ucraniana e espanhola.

“Estamos cansados demais, esperamos muito para conseguir passar. Agora só queremos jantar e descansar um pouco”, disse a mulher, antes de se servir da sopa oferecida por voluntários poloneses.

A reportagem apurou que do lado ucraniano da fronteira, mulheres e crianças são prioridade, mas poucos homens estão sendo autorizados a passar. As autoridades locais estão dizendo para eles ficarem e lutarem por seu país.

A Ucrânia e a Rússia estão em guerra total deste a última quinta-feira, quando o presidente russo Vladimir Putin autorizou o bombardeio da capital e de outras cidades.

Em 2021, o ditador de Belarus, Alexander Lukashenko, incentivou milhares de refugiados do Oriente Médio e da África a tentarem cruzar a fronteira da Polônia para chegar à União Europeia. A tentativa era usá-los como arma para desestabilizar as nações do bloco. Tropas polonesas foram mandadas para impedir a entrada deles e um impasse perdurou por semanas.

Dessa vez a história é totalmente diferente. O governo polonês montou centros de acolhida e mobilizou a guarda de fronteira para ajudar na entrada dos ucranianos refugiados de guerra. Todos os trens da Polônia estão operando gratuitamente para levar os refugiados para diferentes cidades e para outros países da União Europeia.

“Estamos muito tristes com o que está acontecendo. Conheço muitos ucranianos e eles estão sofrendo”, afirmou a polonesa Malgorzata Grzechula.

Os poloneses que moram nas fronteiras estão formando uma rede de apoio aos ucranianos, oferecendo inclusive suas casas para acolhê-los.

Na fronteira de Dorohusk, Wojciech Pędziński foi um dos primeiros voluntários a chegar espontaneamente. Ele comprou 500 euros em alimentos e montou uma barraquinha para fazer doações metros após a fronteira, em território polonês.

“Nós viemos aqui porque precisamos ajudar essas pessoas. E nós compramos muita comida. Quando eu vim aqui, encontrei muitas pessoas como eu, que querem ajudar os ucranianos”, disse. “Nós montamos comida aqui nessa área, começamos com algo como isso aqui e depois de uma hora tinha três metros de comida. E nós estamos tentando ajudar essas pessoas.”

Na barraquinha eram servidos sopa polonesa, pães, doces e água. Aparentando grande cansaço, a maioria dos refugiados parava para receber a ajuda.

A presidente da Moldávia, Maia Sandu, disse que as fronteiras do país estão abertas por razões humanitárias.

A Hungria, que sempre teve uma posição contrária à imigração, também abriu suas portas. A Grécia, que vinha também vinha resistindo a imigrações, prometeu abrir suas fronteiras.

Mas a operação para retirar os refugiados da Ucrânia não é fácil. A ONU afirmou que investirá US$ 20 milhões em ajuda imediata.

Do lado ucraniano, diversas panes de computador estão atrasando a saída dos refugiados pelas fronteiras. As filas chegam a mais de 15 horas de duração. Um trem expresso que levava refugiados de Lviv à Polônia teve problemas neste domingo (27) e ficou fora de operação.

No dia anterior, o trem havia ficado nove horas parado no meio do trajeto. Muitas pessoas decidiram andar a pé pela estrada, carregadas de malas e levando crianças sob um frio congelante.

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