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Comércio esvaziado no Rio de Janeiro, por causa da pandemia da Covid-19
Comércio esvaziado no Rio de Janeiro, por causa da pandemia da Covid-19| Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O Brasil, ao contrário de outros países onde os governos agem segundo as responsabilidades que têm junto ao público, está tendo de enfrentar dois inimigos ao mesmo tempo, nessa angustiante luta contra a epidemia que atormenta vida do país há três meses. Um é o vírus, a Covid-19 e todo o seu potencial de destruição.

Outro, talvez pior, são os amigos do vírus. Estão entre eles governadores e prefeitos, que receberam do Supremo Tribunal Federal poderes de ditadura para “combater” a Covid-19, burocratas e fiscais, médicos que querem agradar quem manda, juízes que decidem os conflitos entre eles e a mídia tradicional. Com o apoio geral de todos os que não precisam trabalhar para ganhar a vida – a começar pelos 12 milhões de funcionários públicos dos três níveis – eles querem que o vírus continue a prosperar.

Uma parte deste mundo sonha com um “isolamento social” ainda mais destrutivo do que já é. Gostariam que ele continuasse por tempo indeterminado – “até que a doença seja curada”, algo que pode demorar os próximos 500 anos. É, mais ou menos, como ficar esperando a cura do câncer.

Muito poucos, nessa gente toda, estão realmente pensando em saúde pública ou no bem estar das pessoas – se tivessem algum interesse real nisso, a rede pública de hospitais do Brasil não seria essa calamidade que as elites descobriram só agora. Parte quer manter os poderes excepcionais e ilegais que o STF lhes deu; nunca mandaram tanto, e naturalmente querem continuar assim pelo máximo de tempo possível.

Não se trata só de curtir essa experiência como ditador. Há, também, vantagens materiais que não vão ter outra vez no futuro: enquanto a “emergência” durar, governadores, prefeitos e seu entorno podem gastar dinheiro público como bem entendem, sem licitação, concorrência pública ou outras coisas que atrapalham, no “combate à pandemia”.

Você já sabe do que se trata: contratos para desinfetar pontos de ônibus, compras de 1 milhão ou mais de “uniformes descartáveis”, propaganda em cartazes sofisticados dizendo “fique em casa”, aquisição de respiradores artificiais por quatro vezes o preço do mercado – e tudo o mais que a criatividade da corrupção é capaz de produzir.

Jogam pelo vírus, também, abertos interesses políticos. Manter o país paralisado, com o mínimo de produção e de trabalho, arruína a economia – um recuo de 7% no PIB é a estimativa mais comum para o PIB de 2020. Certo ou errado, os inimigos do governo federal acham que essa desgraça é o que mais pode ajudar neste momento a seus propósitos. Estaria aí o caminho mais eficaz para voltar ao poder sem ter de enfrentar as eleições de 2022, para as quais não têm nenhum candidato sério, nem apoio popular, nem unidade, nem projeto, nem nada.

A salvação, no entendimento de muitos deles, está na confusão e em alguma trapaça legal que permita virar a mesa - coisa que imaginam possível arrumar num tribunal superior desses que há por aí. Nessa balada contam com o apoio maciço da mídia – que faz militância diária para manter vivo o medo da morte, multiplicar os relatos de desgraças reais ou imaginarias, e combater qualquer tentativa de reduzir o confinamento.

É por aí que se entende os números cada vez mais chocantes de mortos e infectados; eles aumentam, aliás, na exata medida em que os governos de São Paulo e Rio de Janeiro, mais que quaisquer outros, começam a sentir a inviabilidade da quarentena eterna e a pensar em formas de abrandamento. O valor factual de todos os números em circulação, oficiais ou não, é zero; ninguém audita nada, e não existe a mais remota possibilidade de saber o que estão enfiando lá dentro.

Quando sai o boletim oficial diário do Ministério da Saúde e das secretarias estudais, dizendo que morreram 1.300 pessoas naquele dia, pode ser metade, ou o dobro. Também são pura vigarice os números dos que acusam o governo de “subnotificação”, ou os “modelos matemáticos” montados por “centros de pesquisa estrangeiros” – trata-se, apenas, de militância de “ativistas” que exigem a quarentena radical “até a descoberta de uma vacina”, coisa que obviamente não tem data para acontecer. Até lá, qualquer tentativa de tratar a Covid-19 com ouros medicamentos tem de ser proibida.

Será preciso muita força e coragem para o Brasil derrotar os seus verdadeiros inimigos na epidemia.

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