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Urnas eletrônicas
Urna eletrônica| Foto: André Rodrigues/Arquivo Gazeta do Povo

O presidente Jair Bolsonaro, o seu círculo mais próximo e milhões de seus seguidores estão convencidos de que o grande problema das eleições de 2022 não está na votação popular, mas pode estar na apuração. A apuração, como se sabe, é controlada pelo Tribunal Superior Eleitoral, o TSE é controlado pelo Supremo, e o Supremo, na visão de apoiadores de Bolsonaro, é controlado por inimigos públicos do presidente da República e de tudo o que há no seu governo.

Está mais do que na hora de falar nesse assunto. Em condições normais, a opinião política dos 11 ministros não deveria fazer diferença: eleições são ganhas por quem tem mais voto, e a principal Corte de Justiça do país não aceitaria anular essa decisão com golpes jurídicos, nem aprovar fraudes na contagem dos votos. Mas as condições do Brasil de hoje não são normais — e a principal Corte de Justiça do país é vista por muitos como um partido político.

Esse partido pode ter mais de uma facção, e nem todas elas estão sempre de acordo a respeito de tudo.  Mas o STF deixa margem para questionamento sobre sua imparcialidade — e isso para ficar apenas nas suas últimas decisões — quando declara que o juiz que condenou Lula por corrupção e lavagem de dinheiro é suspeito; enquanto isso, o ministro que anulou todas as condenações penais do mesmo Lula não é suspeito de nada, embora tenha advogado pelo MST, pedido voto para Dilma Rousseff e dito publicamente que a eleição de 2018 “não foi democrática”, porque o seu candidato estava na cadeia. Se isso não é ser parcial, o que seria?

Sendo as coisas o que são, as forças que apoiam o presidente teriam de começar, com urgência, a pensar em providências práticas para se defender. O STF já “rasgou” a lei e arrumou um candidato capaz de disputar a eleição com Bolsonaro — o primeiro candidato de verdade, já que todos os demais eram uma piada.

Quem acredita que o jogo em 2022 não vai ser limpo tem de trabalhar, desde já, para desenvolver e implantar sistemas seguros de auditoria na apuração do voto eletrônico – ou, então, se considerar mesmo que o sistema atual está fora de controle, fazer aprovar na Câmara dos Deputados o projeto sobre o voto impresso já em andamento. Fora isso, vai ser só choradeira, e choradeira quando for tarde demais.

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