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Manifestantes protestam contra a prisão de Lula.
Manifestantes em frente à superintendência da Polícia Federal, onde Lula está preso| Foto: Lineu Filho/Tribuna do Paraná

Entre as várias histórias por trás do nome do drink Cuba Libre, a que mais parece verosímil é aquela que faz referência à participação dos Estados Unidos (Coca-Cola) na guerra da independência de Cuba (rum). A mistura desses dois ingredientes resultou em uma das bebidas mais populares do planeta. O Granma, jornal oficial do regime cubano, bastante apreciado pelos habitantes locais para higiene pessoal, noticiou que em Cuba a moda do momento é o Lula libre.

Infelizmente, não se trata de uma adaptação da bebida que leva o nome do país em uma receita que poderia se resumir na mistura de cachaça com Coca-Cola. O Granma anunciou uma campanha para colheita de assinaturas em um abaixo assinado pela liberação imediata do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os cubanos aderiram ao #LulaLibre.

Isso mesmo. Em tempos em que o próprio preso se recusa a sair da prisão, os cubanos inventaram o que, a olho nu, poderia ser considerado como mais uma bizarrice produzida em torno da campanha pela libertação do ex-presidente Lula. Mas no Palácio da Revolução, onde a gerontocracia se assentou há 60 anos, o desejo de “Lula libre” é real. Eles estão desesperados pela volta do PT ou seus assemelhados ao poder.

A razão é uma só. Sob o socialismo, Cuba se transformou em um Estado parasita. Viciou-se na ajuda, que durante décadas veio da então União Soviética. Depois de amargar quase dez anos de crise, passou a nutrir-se da bonança petroleira da Venezuela. Desde o início deste século, Hugo Chávez e depois Nicolás Maduro assumir o papel de babás do regime cubano.

A ajuda venezuelana – que chegava em Cuba em forma de petróleo e de pagamento pelo do trabalho de mais 219 médicos e professores cubanos que passaram pela Venezuela em missões assemelhadas ao Programa Mais Médicos, no Brasil – chegou a corresponder a 20% do PIB de ilha.

No auge, em 2012, as remessas superavam os 100.000 barris de petróleo a cada dia. Mesmo definhando, o regime de Nicolás Maduro ainda envia 47.000 barris diários como pagamento pelos serviços prestados pela ditadura cubana. Leia-se como “serviços” a segurança pessoal do ditador, aparato de espionagem, suporte militar e alguns médicos que ainda restaram por lá.

Os socialistas cubanos querem Lula libre porque com o colapso da economia venezuelana, era o Brasil que estava ajudando a suprir a falta de dólares. Criado em 2013 pela então presidente Dilma Rousseff, o programa Mais Médicos chegou a gerar receitas para anuais para Cuba que chegaram a 330 milhões de dólares. Dinheiro gerado pela mais abjeta das formas de exploração dos seres humanos, a escravidão.

Além disso, faltando apenas 52 dias para o fim do segundo mandato de Lula, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) assinou o contrato de empréstimo de US$ 651 milhões que destinou a Cuba os recursos para construção do Porto de Mariel.

O documento, que chegou a ser classificado como secreto por 25 anos, deveria ser tratado como a autópsia do BNDES como instrumento da diplomacia bolivariana. Marcado por “atipicidades” o empréstimo para Cuba violou regras do banco e do mercado internacional. E o resultado não poderia ser outro. Cuba está dando um calote no Brasil. Os cubanos querem Lula libre e nós brasileiros queremos de volta US$ 561 milhões que eles nos devem.

Sem Mais Médicos e com a doação de petróleo em baixa, Cuba entrou em processo de racionamento de alimentos para a população, que há tempos é castigada com restrições alimentares. As eleições na Bolívia neste fim de semana e na Argentina são outras apostas do regime cubano para aliviar a pressão nas contas. A vitória de Evo Morales, o cocaleiro que está no poder no país andino desde 2006; e o retorno dos peronistas na Argentina garantirá aos cubanos novos mercados de exploração de mão de obra de seus médicos e possibilidades de operações que possam lhe render algum tipo de ajuda financeira.

Confirmando este cenário, Cuba terá um alívio, mas amargará a perda de 2.500 médicos que se refugiaram no Brasil desde o ano passado, quando o regime resolveu abandonar o Programa Mais Médicos. O governo Bolsonaro talvez não faça a menor ideia do significado disso. Mas, ao dar refúgio aos cubanos, as autoridades brasileiras impediram que eles voltem a ser escravizados pero regime. Um golpe nos cofres da ditadura cubana. É possível estimar que Cuba deixará de arrecadar mais de US$ 100 milhões com a exploração do trabalho deles.

O mesmo regime que prega o slogan Lula libre tem como principal produto de exportação os seus próprios cidadãos. Gente que tem a mão de obra negociada e a maior parte do salários confiscado em nome do “bem-estar” da revolução. O nome disso é escravidão. Em Cuba é assim. Libre mesmo é só o nome do drink.

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