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Profissionais cubanos que atuavam no programa Mais Médicos embarcam no Aeroporto Internacional de Brasília rumo a Havana, após a vitória de Jair Bolsonaro na eleição de 2018.
Profissionais cubanos que atuavam no programa Mais Médicos embarcam no Aeroporto Internacional de Brasília rumo a Havana, após a vitória de Jair Bolsonaro na eleição de 2018.| Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Um dos eventos mais marcantes da eleição do presidente Jair Bolsonaro, em outubro de 2018, foi a reação imediata do regime cubano, que encerrou de forma abrupta a participação no Programa Mais Médicos e chamou de volta mais de 8 mil profissionais que estavam no Brasil. Cuba sabia que a partir de janeiro do ano seguinte, quando o novo presidente assumisse, perderia uma fonte de receita bilionária, proveniente do confisco de 75% do salário dos médicos. Bolsonaro havia prometido cortar o dolarduto que conectava o bolso dos contribuintes brasileiros ao dos ditadores do regime cubano e pagar diretamente aos profissionais. Seria um ponto final em uma sociedade entre o governo petista, a ditadura cubana e a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), que muito se assemelhava à escravidão.

Passados quase quatro anos, o governo Bolsonaro acaba de indicar como candidato do Brasil para dirigir a Opas um dos criadores do Programa Mais Médicos. Nunca é demais relembrar que este programa ajudou Cuba a escravizar no Brasil mais de 15 mil cubanos, usando-os de fachada para o envio de bilhões de reais dos brasileiros para os cofres da ditadura. O escolhido pelo governo é o médico sanitarista Jarbas Barbosa, afilhado político do senador petista Humberto Costa.

Barbosa defendeu com unhas e dentes, interna e publicamente, que os cubanos recebessem no Brasil salários idênticos aos que eram pagos em Cuba. Naquele momento, menos de R$ 1 mil mensais. O resto dos R$ 10 mil que eram desembolsados mensalmente pelo governo brasileiro por médico eram de direito da ditadura cubana. Uma ideia tão absurda que não resistiu muito tempo, para o desagrado dos cubanos e de Barbosa.

O governo Bolsonaro acaba de indicar como candidato do Brasil para dirigir a Opas um dos criadores do Programa Mais Médicos

Para quem não se lembra, em 2013 o governo da presidente Dilma Rousseff anunciou o Programa Mais Médicos para justificar a entrada dos médicos cubanos no Brasil, cujo objetivo original não tinha nada, ou quase nada a ver com o oferecimento de atenção médica ao povo brasileiro. A raiz do programa está muito bem descrita em um áudio vazado meses depois, no qual os envolvidos confessaram que a razão era atender um desejo do Planalto e de Cuba para o envio de recursos para a ilha, driblando os canais oficiais e a lei.

O truque era tão sinistro que envolveu uma organização internacional, a Opas, como testa de ferro para limpar toda a operação que, além de monetária, tinha um caráter clandestino e possivelmente criminosos, pois colocou em situação análoga à escravidão mais de 15 mil cubanos que passaram pelo Brasil entre 2013 e 2018.

Esta mesma Opas, que foi instrumentalizada como uma sessão de interesses cubanos em Washington, D.C., agora tem como candidato do governo Bolsonaro um dos artificies da escravidão dos cubanos, que o próprio Jair Bolsonaro denunciou quando ainda era candidato e também depois de eleito.

Sendo assim, não dá para não supor que tem alguém aconselhando muito mal o presidente nesta campanha pela Opas e, por que não?, em outros temas que acobertam o petismo raiz no governo.

Um outro exemplo: Bolsonaro levou três anos para descobrir que uma organização fundada e dirigida por petistas administra, sem licitação, programas de microcrédito no Nordeste. Caso tão esdrúxulo que, nesta semana, desaguou em uma arbitrariedade da Polícia Federal que intimidou o jornalista que tem denunciado as irregularidades. Sem mandado judicial, dois agentes ameaçaram funcionários do edifício onde mora o jornalista cearense Donizete Arruda e entraram em seu apartamento, em Fortaleza, para inquiri-lo sobre quais eram suas fontes no caso. Uma fila de violações contra direitos constitucionais não só do jornalista (sigilo de fonte) como de qualquer cidadão que tem a inviolabilidade de seu lar garantida.

O PT deixa o poder, mas nunca perde o Poder.

Este ano, completam-se dez anos que o governo da presidente Dilma Rousseff se tornou parte de uma infâmia. Nos últimos dias de dezembro de 2012, o então diretor da Opas no Brasil, o cubano Joaquim Molina, protocolou no Ministério da Saúde o documento que daria origem ao Programa Mais Médicos.

A manutenção ou não da candidatura de Jarbas Barbosa na Opas será um bom exemplo para nos mostrar quem mudou. Ou foi Jair Bolsonaro, ou foi Cuba

A Justiça brasileira tentou por várias vezes barrar. Em uma ação movida pela Procuradoria da República em Brasília chegou-se a pedir o ressarcimento dos recursos pagos pelo Brasil a Cuba, por meio da Opas. Embora o juiz tenha reconhecido a legitimidade do pedido, não pode fazer muito sob o argumento de que a entidade goza de imunidade.

No mês passado, entretanto, a Justiça dos Estados Unidos deu sequência a uma ação movida por médicos que processam a Opas por terem sido escravizados no Brasil. A corte entendeu que a Opas não tem imunidade para escravizar. Ou seja, não existe imunidade absoluta para extrapolar o papel definido da organização. O exemplo deveria servir para o Brasil, que tenta reaver os bilhões de reais que foram roubados dos médicos por meio da triangulação entre governo federal (leia-se PT), Opas e o regime cubano.

Nesta eleição para direção da Opas, Bolsonaro tem em suas mãos o poder de deixar tudo como está elegendo o petista Barbosa. Ou pode se esforçar para tentar mudar a entidade que tem funcionado há décadas sob influência cubana.

A manutenção ou não da candidatura de Barbosa na Opas será um bom exemplo para nos mostrar quem mudou. Ou foi Jair Bolsonaro, ou foi Cuba.

É esperar para ver.

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos
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