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Bolsonaro inaugura obras
Bolsonaro aciona comportas do Ramal do Agreste, que recebe águas da Transposição do Rio São Francisco.| Foto: Alan Santos/PR

O presidente Jair Bolsonaro inaugura obras deixadas por antecessores onde seu governo investiu poucos recursos. Considerando os 20 maiores empreendimentos, com orçamentos bilionários, o governo Bolsonaro investiu apenas R$ 6 bilhões, cerca de 10% dos valores já executados – R$ 59 bilhões. São obras de infraestrutura como ferrovias, rodovias e adutoras. As inaugurações de Bolsonaro pelo país são parte do esforço político para tentar se reeleger para mais um mandato no Palácio do Planalto, em 2022.

Em 5 de novembro de 2020, Bolsonaro inaugurou mais uma etapa do Canal do Sertão de Alagoas, que levará água do Rio São Francisco para 42 município do estado. O canal e as adutoras já custaram R$ 3 bilhões. A maior parte da obra foi executada no governo Dilma Rousseff (PT), num total R$ 2 bilhões. A execução financeira chegou a R$ 500 milhões em 2014. O investimento do atual governo foi de R$ 193 milhões – apenas 6% do total.

Em Piranhas (AL), participou de inauguração de sistema de abastecimento de água, promovendo grande aglomeração. Cercado por crianças, tomou banho com água que jorrava de um cano. Quase ninguém usava máscara de proteção contra a Covid.

Bolsonaro brinca com crianças durante inauguração de sistema de abastecimento de água em Piranhas (AL)/Isac Nóbrega/PR
Bolsonaro brinca com crianças durante inauguração de sistema de abastecimento de água em Piranhas (AL)/Isac Nóbrega/PR

Todos os valores da reportagem foram atualizados pela inflação. Os valores foram apurados pela Associação Contas Aberta, a pedido do blog, a partir de dados oficiais extraídos da execução do Orçamento da União desde 2008.

Reinaugurando obra quase pronta

Bolsonaro inaugurou, em fevereiro do ano passado, os últimos 51 quilômetros da pavimentação do trecho da BR-163, que vai da divisa do Mato Grosso a Santarém (PA). A obra, que consumiu R$ 3,4 bilhões desde 2008, vai permitir a chegada dos grãos do Centro-Oeste aos portos do Rio Tapajós. Nos governos de Dilma e Lula, a pavimentação recebeu injeção de R$ 2,7 bilhões. Bolsonaro investiu R$ 307 milhões na obra – 9% do valor total.

A Rodovia Cuiabá-Santarém – BR-163, começou a ser construída em 1971, como parte do Programa de Integração Nacional (PIN), criado um ano antes no governo militar de Garrastazu Médici, com o lema “Integrar para não entregar”. Implantada como estrada de terra, foi inaugurada pela primeira vez em 1976 pelo presidente Ernesto Geisel, no km 877, chamado de “marco-zero”, próximo à Cachoeira do Curuá (PA).

Bolsonaro voltou ao local, em 14 de fevereiro de 2020, para a nova inauguração. No seu discurso, afirmou: “Governar é eleger prioridades, é também não deixar obras paradas, não é inventar obras para ser reeleito lá na frente. Não estou preocupado com reeleição”.

Bolsonaro inaugura obras em andamento

Bolsonaro andou pelo país durante toda a pandemia, mas intensificou as inaugurações a partir de agosto, depois que a sua popularidade entrou em declínio. Em setembro do ano passado, o presidente visitou um trecho da Ferrovia Oeste-Leste (FIOL), em São Desidério (BA). “Nós resolvemos investir mais no modal, aproveitando obras que já estavam em andamento”, discursou o presidente. Os trechos em construção, de Ilhéus a Barreiras, somam 1.527 km e já consumiram R$ 7,4 bilhões.

No governo Dilma, foram investidos R$ 4,2 bilhões no trecho Ilhéus/Caetité. Em 2013, o aporte chegou a R$ 1,4 bilhão. O trecho Caetité/Barreiras, visitado por Bolsonaro, está mais atrasado, com execução de apenas 46% e investimentos de R$ 2,4 bilhões. E a obra ainda seguirá até Figueirópolis (TO), onde fará conexão com a Ferrovia Norte-Sul.

Em 8 de abril deste ano, o trecho Ilhéus/Caetité foi arrematado em leilão pela Bahia Mineração por R$ 32,7 milhões – menos de 1% do custo de construção. A expectativa do atual governo está nos investimentos que a empresa fará na obra nos 35 anos de concessão – cerca de R$ 3,3 bilhões, sendo R$ 1,6 milhão para concluir o trecho. A execução do trecho está em 75%. O governo Bolsonaro colocou R$ 854 milhões nos dois trechos da FIOL – 11% do total executado.

Inaugurações fatiadas

A duplicação da BR-116 no trecho de Porto Alegre a Pelotas (RS) vem recebendo investimentos desde 1912, num total de R$ 2,1 bilhões. Nos últimos quatro anos do governo Dilma, a execução financeira chegou a R$ 1,6 bilhão. Em 10 de dezembro do ano passado, Bolsonaro fez uma visita para registrar a liberação de 27 km de trecho duplicado, nas proximidades de Guaíba.

Teve palanque montado na beira da rodovia e pose para foto num Camaro da Polícia Rodoviária Federal. Nesse método de inaugurações fatiadas, cada trecho rende uma visita. No atual governo, foram aplicados R$ 292 milhões na obra – 14% do total. Com execução de 69%, Bolsonaro poderá fazer várias "inaugurações" da obra.

Na mesma viagem, Bolsonaro participou da cerimônia de inauguração do eixo principal da nova Ponte do Guaíba. Iniciada em 2014, a obra já custou R$ 1,1 bilhão, com colaboração de R$ 278% do atual governo – 26% do total. A obra está perto da conclusão, com execução de 94% financeira.

Muita água e aglomeração em Sertânia

Em outubro do ano passado, o presidente visitou, em Sertânia (PE), as obras do Ramal do Agreste, que vai receber águas do Rio São Francisco para atender 68 cidades com cerca de 2,2 milhões de habitantes. Com orçamento de R$ 1,46 bilhão, o empreendimento recebeu R$ 1,3 bilhão no atual governo. Bolsonaro retornou ao local em 19 de fevereiro deste ano para o acionamento das comportas do 1º trecho do Ramal do Agreste, promovendo mais uma aglomeração.

Mas a estação de bombeamento é integrante do Projeto de Integração do Rio São Francisco. Receberá águas do Eixo Leste do projeto, que contou com aportes de R$ 6,6 bilhões desde 2008, sendo R$ 2,7 bilhões no governo Lula e R$ 2,5 bilhões no governo Dilma. Mais R$ 200 milhões na era Bolsonaro.

Em junho de 2020, em Penaforte (CE), Bolsonaro já havia acionado a comporta do Eixo Norte do projeto de transposição das águas do São Francisco, que permite a chegada das águas ao Ceará. Levará água para 220 cidades da Paraíba, Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte beneficiando 6,5 milhões de pessoas.

O Eixo Norte recebeu R$ 9,6 bilhões desde 2008. O maior volume de recursos foi liberado de 2013 a 2015, no governo Dilma, num total de R$ 4,2 bilhões. Bolsonaro colocou R$ 890 milhões na obra - 9% do total. Em Penaforte, afirmou: “Foi recomendação desde o início do governo que não deixaríamos nenhuma obra parada”.

Outra obra de grande porte é a duplicação da BR-163 de Rondonópolis a Cuiabá. Recebeu R$ 2,3 bilhões desde 2010, com R$ 290 milhões no atual governo. A execução financeira chegou a 94%. A duplicação de BR-101 em alagoas, teve investimentos de R$ 3 bilhões e chegou a 65% de execução, contou com R$ 311 milhões a partir de 2019.

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