O presidente Lula gastou R$ 15 milhões em viagens internacionais até junho. É muito, mas fica distante dos R$ 31 milhões torrados no ano passado no mesmo período. Por outro lado, o presidente investiu bem mais nas viagens nacionais. Com aliados envolvidos em campanha eleitoral país afora, Lula gastou R$ 2,6 milhões em viagens nacionais, considerando apenas diárias e passagens. Ele inaugurou, visitou ou lançou obras e projetos. Bem mais do que as despesas do ano passado no mesmo período – R$ 1,5 milhão.
Mas a redução das viagens internacionais em 2024 não eliminou extravagâncias. As despesas com aluguel de veículos em Berlim ficaram em R$ 850 mil. Em Roma, em duas locações de carros para o transporte da comitiva, a gastança chegou a R$ 1,9 milhão. Além dos veículos, a Presidência alugou salas, escritórios e intérpretes. Esses aluguéis e contratações custaram R$ 6,8 milhões. As diárias de seguranças e assessores somaram R$ 2 milhões. As passagens, R$ 2,6 milhões.
As hospedagens custaram mais R$ 3,7 milhões. No ano passado, só a hospedagem em Nova York, durante a Assembleia Geral da Nações Unidas, custou R$ 7,7 milhões. O presidente e comitiva ficaram no luxuoso hotel Lotte New York.
A redução das viagens internacionais de Lula em 2024 não eliminou extravagâncias
O total de despesas com locação de veículos em viagens internacionais em 2024 alcançou R$ 5 milhões. O aluguel de salas e escritórios para os eventos no exterior somou R$ 620 mil. A contratação de intérpretes custou R$ 658 mil. Ainda houve gastos com coffee break, coquetel, comissaria aérea, cerimonial, embarcações e contratação de fotógrafos. Os dados foram obtidos pelo blog por meio da Lei de Acesso à Informação. A presidência não detalha os gastos com hospedagens.
Viagens caras
O ritmo das viagens de Lula pelo país foi acelerando aos poucos neste ano. Até o fim de abril, havia realizado 31 deslocamentos. Em maio, foram mais 10; em junho, mais 12 – totalizando 53 viagens. Algumas foram bem caras. Em 20 de junho, Lula partiu para um roteiro no Nordeste. Em Fortaleza, fez a entrega de unidades habitacionais do Minha Casa, Minha Vida no Residencial Cidade Jardim. Na manhã seguinte, em Teresina, anunciou cessões de terrenos da União para o Piauí. À tarde, prestigiou a cerimônia de anúncios de investimentos do governo federal para o Maranhão. O roteiro custou R$ 190 mil.
No início de abril, Lula já havia passado pelo Nordeste. Esteve na inauguração da Estação Elevatória de Água Bruta em Arco Verde e do Trecho Belo Jardim-Caruaru da Adutora do Agreste Pernambuco. Voou para Recife e participou da inauguração da Fábrica de Medicamentos Recombinantes da Hemobrás, em Goiana (PE). Em Recife, foi autorizado o início das obras de contenção de encostas, com o ministro das Cidades, Jader Filho, e o prefeito João Campos. Lula seguiu no avião presidencial para Juazeiro do Norte (CE). Em Iguatu, visitou as intermináveis obras da Ferrovia Transnordestina. No total, uma despesa de R$ 237 mil em diárias e passagens.
Mas não foi só Nordeste. Em fevereiro, Lula viajou para o Rio de Janeiro. Em Magé, fez a “entrega simultânea” de unidades habitacionais do Minha Casa, Minha Vida. Em Belford Roxo, inaugurou escola municipal, esteve no lançamento das obras da sede do Instituto Federal e ainda houve o anúncio da construção do Hospital Oncológico do município. No dia seguinte, prestigiou o lançamento da pedra fundamental do câmpus do Instituto Federal no Complexo do Alemão. A viagem ao Rio custou R$ 228 mil em diárias e passagens. Dali, partiu para Belo Horizonte para anúncio de um pacote de investimentos para Minas Gerais.
A maior despesa aconteceu em março. No dia 26, Lula viajou a Belém para reunião bilateral com o presidente da França, Emmanuel Macron. Eles visitaram a comunidade ribeirinha da Ilha do Combu, tiveram encontro com lideranças indígenas e acompanharam a cerimônia de condecoração do líder indígena Raoni. Da Amazônia, os dois partiram para o Rio de Janeiro, para a cerimônia de lançamento ao mar do submarino Tonelero. Os passeios de Lula e Macron custaram R$ 356 mil em diárias e passagens.
Governo justifica viagens
A Secretaria de Comunicação da Presidência enviou nota ao blog para justificar as viagens nacionais e internacionais: “Desde janeiro de 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem se dedicado ao projeto de reconstrução de programas e ações do governo fundamentais para a melhoria da qualidade de vida da população e que foram negligenciados na gestão anterior e para restabelecer o ambiente de diálogo democrático com governos estaduais e municipais”.
“No primeiro ano, foi priorizada a organização e implementação dessas iniciativas. Já em 2024, a ênfase está em colher os frutos desses investimentos e monitorar o progresso das medidas em curso. Assim, o presidente Lula tem realizado compromissos por todo o território brasileiro.”
Os passeios de Lula e Macron pela Amazônia e pelo Rio de Janeiro custaram R$ 356 mil em diárias e passagens
Com relação as viagens internacionais, respondeu: “Já o que a reportagem chama de gasto com viagens internacionais, é na verdade investimento. Desde o início de seu terceiro mandato, o presidente Lula cumpriu extensa agenda com líderes internacionais entre visitas oficiais, reuniões bilaterais e multilaterais. Essas missões são um importante instrumento para a promoção de negócios. O Brasil, após hiato de quatro anos como pária internacional, voltou a ser convidado para os principais eventos globais e a ser recebido pelas principais lideranças do mundo. Além disso, líderes globais também voltaram a visitar o país”.
A Secom citou acordos bilaterais: “as viagens realizadas pelo presidente Lula já resultaram em diversos acordos bilaterais e atração de investimentos para o país, como a atração de mais de US$ 117 bilhões de montadoras estrangeiras no país. Na viagem à China, além dos 15 acordos entre os dois governos, outros 42 acordos foram assinados entre empresas brasileiras e chinesas e entre empresas chinesas e o governo brasileiro. Além disso, a visita à Arábia Saudita resultou em anúncio de investimentos de até R$ 50 bilhões do Fundo Soberano do país em projetos de desenvolvimento sustentável no Brasil”.
Segundo o governo Lula, de janeiro de 2023 até o momento, as viagens presidenciais resultaram ainda na abertura de mais de 150 novos mercados em mais de 50 países. Exemplo disso é a habilitação de grande número de frigoríficos para exportar à China, totalizando 146. Importante, ainda, destacar que, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente, as doações ao Fundo Amazônia, retomadas após paralisia de quatro anos no governo anterior, atingiram recorde de US$ 726 milhões.
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