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Falta dinheiro para o auxílio emergencial, mas o plano de saúde da Câmara pagou R$ 1,8 milhão de ressarcimento para o tratamento de saúde da deputada Tereza Nelma (PSDB-AL). O deputado Nilson Pinto (PSDB-PA) teve reembolso no valor total de R$ 711 mil, sendo parte numa internação para tratamento da Covid-19 no hospital Sírio Libanês. Pelo menos seis deputados dispensaram o SUS e foram para os mais caros hospitais particulares, tudo por conta da Câmara.

O deputado Jesus Sérgio (PDT-AC) foi contaminado pela Covid-19 em Tarauacá, distante 400 km de Rio Branco, na virada do ano. Foi resgatado por um avião do governo estadual e internado no hospital da Unimed, em Rio Branco, por conta do plano da Câmara. Mas o caso era grave. Foi contratada uma UTI aérea para transportá-lo para Brasília, ao custo de R$ 118 mil. Passou duas semanas no hospital DF Star, da Rede D'or. Mais uma despesa de R$ 176 mil. Com os R$ 11,5 mil dos exames, a conta para a Câmara fechou em R$ 305 mil.

Nilton Pinto ficou internado de 22 de outubro a 3 de novembro no Sírio Libanês para tratar da Covid. As despesas ficaram em R$ 127 mil. Mas ele já havia feito despesas maiores meses antes, por outros motivos médicos. Essas internações custaram mais R$ 584 mil. O deputado Damião Feliciano (PDT-PB) também foi internado por Covid no Sírio Libanês, no início do ano, fazendo uma despesa de R$ 150 mil.

Deputado temia ser morto na UTI

O deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) era contra o lockdown e defendia o uso da cloroquina e vermífugo no combate ao coronavírus. Foi infectado em Teresópolis e queria ir para o hospital Albert Einsten, em São Paulo: “Fiquei com receio de me internar no Rio porque todos sabem que o meu mandato é muito ideológico, muito de confronto à esquerda, e eu sei que a área de enfermagem é muito sindicalizada, ligada à esquerda”, relatou ao blog.

O médico e familiares decidiram enviá-lo para o Rio. “Ao ser reconhecido, honestamente, eu temia que pudesse haver alguma maldade de alguém me matar num leito de UTI”. O médico de Teresópolis recomendou o hospital Copa D'or. “É realmente o melhor do Rio. Foram 11 dias de UTI. Quase morri duas ou três vezes. Então, pela primeira vez, precisei requisitar o ressarcimento pela Câmara”. Recebeu R$ 170 mil em outubro.

Depois de ver a morte de perto e perder a mãe pela Covid, Sóstenes reviu alguns dos seus conceitos, mas nem tanto. Disse que ele e a mãe tomaram o kit-Covid antes e durante o tratamento. Questionado se ainda defendia o uso da cloroquina, respondeu: “Eu defendo a autonomia médica”. Mas completou: “Quando é grave, pode dar o remédio que quiser que vaia agravar, não adianta. O assunto é sério. Vi a morte de perto”.

Infectado pela Covid, o deputado Édio Lopes (PL-RR) esteve internado por 30 dias no hospital da Rede Star, em São Paulo, no final de dezembro. A despesa chegou a R$ 160 mil.

O deputado Schiaviatto (PP-PR) morreu de Covid num hospital de Brasília, aos 66 anos, no dia 13 deste mês. Ele foi internado no dia 3 de março e transferido para uma UTI após uma semana. Um mês antes, havia perdido a mulher, Marlene de Fátima. Ela tratava um câncer e teve complicações por causa da Covid.

Pagamentos parcelados

No início deste mês, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-A), determinou um reajuste de 170% no limite máximo para ressarcimento de despesas médicas. Subiu de R$ 50 mil para R$ 135 mil. Casos excepcionais são analisados pela Mesa Diretora, que pode aprovar o pagamento acima do limite. Tem acontecido muitos casos excepcionais.

Num tratamento de câncer de julho e outubro, a deputada Tereza Nelma recebeu dez reembolsos que somam ao todo R$ 1,8 milhão — há um de R$ 350 mil e outro de R$ 780 mil, ambos pagos em 30 de outubro. Nilson Pinto teve um reembolso de R$ 460 mil em 26 de outubro. Haroldo Cathedral (PSD-RR), recebeu pagamento de R$ 289 mil em 30 de outubro. Os seus cinco ressarcimentos somaram R$ 498 mil. Herculano Passos (MDB-SP) teve ressarcimento de RR 172 mil no mesmo dia. Deve ter ocorrido reunião da Mesa dias antes.

O deputado Célio Moura (PT-TO) sofreu um acidente de carro muito grave em junho, próximo a Araguaína. O carro dirigido pelo irmão Marcilon saiu da sua pista e chocou-se de frente com um caminhão. Marcilon morreu no local. O deputado sofreu várias fraturas e uma perfuração no pulmão. As cirurgias e o longo tratamento de recuperação custaram R$ 680 mil. Os ressarcimentos foram feitos em 17 parcelas em valores médios em torno de R$ 40 mil – abaixo do limite de R$ 50 mil na época.

Eduardo Costa (PTB-PA) fez uma cirurgia no rim e uma intervenção no coração, com a colocação de stents. Os reembolsos somaram R$ 155 mil. Ele ainda foi infectado pela Covid em outubro, mas não precisou de internação.

O deputado Nilson Pinto afirmou que, após três infartos nos últimos sete anos, teve uma infecção por uma bactéria resistente que levou ao agravamento dos problemas cardíacos e ao risco de morte. Foi removido em UTI aérea de Belém para o Sírio Libanês em julho, ficando 35 dias internado, quando recebeu um marca-passo. Recebeu o reembolso da Câmara em outubro. Naquele mesmo mês, foi levado novamente para o Sírio, onde ficou internado por mais 16 dias, para tratar a Covid, com despesas reembolsadas pela Câmara em janeiro.

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