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As despesas com os voos em aviões e helicópteros presidenciais são mantidas em sigilo, a sete chaves. Não são divulgadas nem após o término dos mandatos dos presidentes. Por questões de segurança, dizem as autoridades. Os últimos dados sobre esses voos secretos foram divulgados em 2011, no governo Dilma Rousseff. Mostram que os custos com aeronaves podem chegar a R$ 2,4 milhões em apenas uma viagem internacional. O total de gastos chegou a R$ 20 milhões, sendo R$ 4 milhões com helicópteros.

As 13 viagens internacionais somaram R$ 7,8 milhões em 2011, contando apenas as despesas com as aeronaves. A mais cara delas, para a China, com escalas em Atenas e Praga, para a Terceira Cúpula do BRICS, custou os R$ 2,4 milhões. Os custos com viagens nacionais chegaram a R$ 12,2 milhões. Todos os valores da reportagem foram atualizados pela inflação.

Os dados foram obtidos por meio de requerimento apresentado à Presidência da República pelo deputado Rubens Bueno (Cidadania-PR). Depois disso, não foram mais divulgados pela Aeronáutica os dados sobre aeronaves utilizadas em cada viagem e o custo da hora/voo, o que inviabiliza o cálculo dessas despesas. Os dados não são fornecidos nem mesmo quando requisitados com base na Lei de Acesso à Informação. Com base nos dados de 2011, é possível apurar o valor de cada viagem hoje.

Atualmente, a Presidência da República informa apenas gastos com hospedagem, alimentação, locação de veículos, telecomunicações, despesas aeroportuárias e alimentação a bordo das aeronaves, incluindo os deslocamentos da comitiva presidencial e das equipes de apoio e segurança. No caso de mandatos anteriores, são divulgadas as despesas apenas de viagens nacionais.

Título em Lisboa, passeio em Atenas

A presidente Dilma viajou a Lisboa e Coimbra, no final de março daquele ano, onde Lula foi agraciado com o título Honoris Causa da Universidade de Coimbra. Os custos com as aeronaves chegaram a R$ 600 mil. As diárias e passagens dos assessores e seguranças que acompanharam Lula custaram mais R$ 54 mil aos cofres públicos.

Na viagem para a China, Dilma fez uma escala prazerosa de dois dias em Atenas. Fez um passeio pelo Panteão de Atenas, onde se misturou com turistas e fez até fotos. Teve um encontro com representantes do governo grego para falar de biocombustíveis, mas comentou com repórteres: “Isso é uma visita de passeio”. No retorno, a escala foi em Praga (República Checa).

Outra viagem cara foi para três países da África – Angola, Moçambique e África do Sul –, de 17 a 20 de outubro, num total de R$ 1,2 milhão. Os três países integravam o Ibas, grupo criado em 2003 para promover uma nova “arquitetura internacional”, com maior participação de países emergentes em decisões globais.

No início daquele mês, Dilma fez uma viagem sentimental à Bulgária, terra dos seus ancestrais. A visita mais emotiva foi a Gabrovo, distante 230 km de Sófia, aos pés dos Bálcãs, onde nasceu o seu pai, Petar Roussev. Antes, esteve na Cúpula Brasil-União Europeia, em Bruxelas. Após a visita sentimental, esteve na Turquia, para a assinatura de acordos bilaterais com o Presidente Abdullah Gül.

Helicópteros nas viagens nacionais

Nas viagens nacionais, além da aeronave que transporta o presidente, o Aero Airbus ACJ-319, há um avião reserva e outro para o escalão avançado. Quando há necessidade de deslocamentos entre cidades ou mesmo povoados, é necessário o translado de helicópteros de Brasília até o local do evento. Aconteceram 225 desses deslocamentos em 2011, num custo médio de R$ 16 mil o trajeto. Houve, ainda 100 voos de helicóptero em Brasília, a maior parte do Palácio da Alvorada à Base Aérea local.

Na viagem a Mato Grosso e Rondônia, no início de julho, para a presidente visitar obras do Programa de Aceleração do Crescimento, houve seis deslocamentos de helicóptero entre Cuiabá, Porto Velho, Vilhena (RO) e Barra do Garça (MT), mais a viagem de Brasília até Barra do Garça. Esses voos custaram R$ 186 mil. Somando com os deslocamentos dos aviões, o custo do roteiro chegou a R$ 515 mil. Nas planilhas da Presidência, atualmente, essa viagem teria custado R$ 64 mil – excluídas as despesas com aeronaves.

Dilma agendou para o dia 1º de julho viagem para o lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar em Francisco Beltrão (PR). O avião pousaria no aeroporto de Chapecó e a presidente seguiria de helicóptero para a cidade vizinha. O helicóptero presidencial partiu de Brasília no dia 26 de junho, com escalas em São José do Rio Preto (SP) e Londrina (PR). Porém, por causa do mau tempo, a presidente cancelou a viagem que faria ao Paraná. O deslocamento de toda a comitiva ficou em R$ 233 mil. Só os voos dos helicópteros custaram R$ 170 mil. Segundo dados atuais da Presidência, as despesas de viagem seriam de R$ 33 mil.

Homenagens e refúgio no Carnaval

No início de março, Dilma fez duas visitas com o uso de helicópteros. Em Irecê (BA), participou da cerimônia do início do mês da mulher. Depois de desejar uma “boa tarde especial” às mulheres, disse que não estava preterindo os “companheiros homens”. E tentou explicar: “Apesar de nós sermos 52% da população e, portanto, as mulheres serem maioria, os outros 48% são nossos filhos e, aí, fica tudo em casa”. Os gastos com aeronaves ficaram em R$ 244 mil. Sem considerar as aeronaves, a viagem para Irecê e Salvador custou R$ 80 mil.

No sábado de Carnaval, dia 5, a presidente refugiou-se no Centro de Lançamento da Barreira do Inferno, no município de Parnamirim, distante 12km de Natal. Chegou lá no helicóptero presidencial. Passou quatro dias isolada à beira mar a na Rota do Sol. Não há registros fotográficos da folga da presidente.

Gastos totais de Dilma

Arquivos da Presidência da República registram que as despesas de Dilma com viagens tiveram uma média anual de R$ 5,2 milhões – a mesma do presidente Jair Bolsonaro durante os dois anos de mandato, considerando os mesmos parâmetros. No total, foram R$ 26,3 milhões em cinco anos completos, de 2011 a 2015. Mas esses dados não incluem gastos com aeronaves nem com diárias. As maiores despesas de Dilma foram feitas em 2014, totalizando R$ 9 milhões.

A folga de Dilma em recantos paradisíacos não aconteceu apenas no primeiro ano de mandato. As suas despesas na Base Naval de Aratu, próxima a Salvador, somaram R$ 2 milhões em quatro anos, nos feriados de Carnaval e nas férias de fim de ano, como mostrou reportagem do blog. Estavam incluídos nos gastos hospedagem, alimentação, locação de veículos, telecomunicações e despesas aeroportuárias.

No final de dezembro de 2011, a lancha utilizada pela presidente e familiares durante a folga foi alugada por R$ 33 mil. Um séquito de seguranças, assessores, cozinheiros, copeiros, faxineiros, acompanhou a presidente. Essa viagem custou R$ 235 mil.

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