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O presidente Jair Bolsonaro e o vice-presidente Hamilton Mourão.
O presidente Jair Bolsonaro e o vice-presidente Hamilton Mourão.| Foto: Alan Santos/PR.

Candidato ao Senado pelo Rio Grande do Sul, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão (Republicanos), intensificou as visitas a municípios gaúchos no período de pré-campanha eleitoral. E a conta ficou para o contribuinte. Só as diárias e passagens para seus seguranças e assessores custaram R$ 2,3 milhões aos cofres públicos. E tem ainda as despesas com jatinhos, combustível, aeroportos – essas mantidas em sigilo.

As viagens aos demais estados em 2022 somaram R$ 1,7 milhões. Em 2019, antes da pandemia, as viagens de Mourão a cidades gaúchas custaram R$ 946 mil, enquanto os deslocamentos para os demais estados somaram R$ 2,7 milhões (os valores foram atualizados pela inflação). No ano passado, as visitas do vice-presidente ao estado custaram R$ 1,2 milhões; as viagens para os demais estados, 2 milhões (em valores atualizados).

Os roteiros no Rio Grande muitas vezes envolvem três ou mais cidades em cada viagem. Em busca de votos, esteve em exposições do agronegócio, reuniões com empresários, comerciantes, lideranças locais, veteranos militares. Palestrou, deu “aula magna”, visitou veículos de comunicação, concedeu entrevistas e não esqueceu as atividades maçônicas. Mourão é o candidato do presidente Jair Bolsonaro ao Senado no Rio Grande do Sul.

Festa do Arroz, do Vinho, do Azeite

Em 20 de abril, uma quarta-feira, Mourão foi para Frederico Westphalen (RS), onde visitou a Expofred e palestrou para empresários. Dormiu em Porto Alegre, distante 370 km. Na sexta, seguiu para Sapiranga para um café da manhã com empresários. Almoçou com empresários do setor calçadista em Novo Hamburgo e ainda teve uma reunião com Veteranos Militares, no final da tarde, na capital. Todo o roteiro custou R$ 170 mil em diárias e passagens para 36 seguranças e assessores, incluindo 7 oficiais superiores. As 29 passagens aéreas custaram em média R$ 4 mil.

Mourão voou para Santa Maria (RS), onde há uma Base Aérea da Aeronáutica, na tarde de 26 de maio, uma quinta. Na manhã seguinte, seguiu para Caçapava, distante 100 km, para abertura oficial da Festa do Azeite. Retornou para Santa Maria no início da tarde e voou para Passo Fundo, onde deu aula magna na Faculdade da Área da Saúde, às 18h. Em seguida, visitou a Câmara de Dirigentes Lojistas. Retornou a Brasília no sábado. O roteiro custou R$ 177 mil em diárias e passagens para 38 seguranças e assessores.

No dia 16 de junho, uma quinta-feira, Mourão chegou a Bento Gonçalves para visitar a Expobento e a Fenavinho. Na sexta, foi para Flores da Cunha, onde visitou os Tapetes de Flores da Cunha (atração religiosa da cidade). Dormiu em Porto Alegre. No sábado, foi até Santa Maria e seguiu por rodovia até Cachoeira do Sul, para prestigiar a Fenarroz. No início da noite, retornou a Brasília. O roteiro de três dias no Sul visitando feiras custou R$ 387 mil em diárias e passagens para 79 seguranças e assessores.

Abertura do Ano Maçônico

O vice-presidente voou para Porto Alegre no dia 17 de março, quinta-feira. Na sexta, visitou a o Grupo RBS, participou de programa de debates na TV Pampa e concedeu entrevistas por telefone para mais três veículos de imprensa. No sábado, partiu cedo de Canoas (Base Aérea na região metropolitana) para Bagé. Às 11h, palestrou na Abertura do Ano Maçônico e participou de almoço de confraternização. E retornou à Brasília. A conta fechou em R$ 225 mil. A comitiva tinha 52 seguranças e assessores, incluindo 13 oficiais superiores.

Em 24 de junho, sexta, Mourão voou para Porto Alegre no final da tarde. No sábado, participou da abertura do Encontro de Líderes Maçônicos, no final da manhã. Partiu para Brasília às 16h. O bate-e-volta custou R$ 80 mil em diárias e passagens para 26 seguranças e assessores.

O vice-presidente viajou para São Leopoldo em 29 de abril, uma sexta-feira. Deu palestra na Associação Comercial e Industrial e esteve na Passagem de Comando da 6ª Divisão de Exército. No sábado pela manhã esteve em Santa Rosa, para a abertura da Fenasoja e para os atos de outorga do título de cidadão de Alegria e de início do plantio da safra de canola. A despesa com diárias e passagens para 39 seguranças e assessores chegou a R$ 210 mil. O valor médio das 32 passagens foi de R$ 5,6 mil.

O dia 24 de março, quinta-feira, o vice-presidente partiu cedo para Torres (RS). Ao meio dia, fez palestra na Assembleia de Verão da Associação dos Municípios gaúchos. À tarde, seguiu para Santa Maria, onde teve reunião com lideranças locais e formadores de opinião. No início da noite, prestigiou a Passagem de Comando da 3ª Divisão do Exército. Retornou a Canoas à noite. Na tarde de sexta, em Porto Alegre, esteve no lançamento do hospital 100% digital da rede de Hospitais Restinga e Extremo-Sul e visitou o Sindicato dos Atacadistas. No sábado, prestigiou a comemoração aos 110 Anos de Criação do Colégio Militar de Porto Alegre. Mais uma despesa de R$ 114 mil com 29 seguranças e assessores.

Transporte oficial na campanha

O blog questionou se o vice-presidente considera correto que a Presidência da República pagues as despesas dos deslocamentos para as cidades gaúchas citadas na reportagem. Questionou ainda se isso não seria propaganda antecipada e paga com dinheiro público.

O blog perguntou também se, durante a campanha eleitoral, o vice-presidente vai continuar utilizando jatinhos, seguranças e assessores do gabinete da Vice-Presidência para deslocamentos até o seu reduto eleitoral. Não houve respostas.

O uso de aeronaves oficiais em campanha eleitoral está regulamentado pela Resolução 23.610/2019 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em seu art. 123, parágrafo 4º, a resolução estabelece que o vice-presidente da República em campanha eleitoral não poderá utilizar transporte oficial, que, entretanto, “poderá ser usado exclusivamente pelos servidores indispensáveis à sua segurança e atendimento pessoal, sendo-lhes vedado desempenhar atividades relacionadas com a campanha”.

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