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Estátua da Liberdade, em Nova York. Foto: Angela Weiss/AFP
Senado pagou passagens de parlamentares para destinos como Nova York nesse início de legislatura.| Foto: Angela Weiss/AFP

Novo Senado, “velha política”. A prática de esbanjar dinheiro com viagens internacionais não apenas foi mantida no início da atual legislatura – houve uma explosão de gastos. Nos primeiros quatro meses, os senadores gastaram 120% a mais do que no mesmo período do ano passado. Já são R$ 818 mil, contra R$ 368 mil do ano anterior. É mais do que o total das despesas feitas em 2017. E não há controle nos gastos: uma passagem para evento em Doha (Catar) pode custar R$ 19,4 mil ou R$ 36,6 mil.

O “troféu Marco Polo” – tradicional no Congresso – vai para Roberto Rocha (PSD-MA) por enquanto. Ele já torrou R$ 68 mil entre bilhetes aéreos e diárias. Apenas a passagem para Washington (EUA) ficou por R$ 27 mil. A senadora Soraya Thronicke (PSL-MS), por exemplo, pagou R$ 6,6 mil por uma passagem para Nova York (EUA). Rocha esteve na capital americana para fazer exposição sobre o tema “Uma perspectiva congressional sobre a relação espacial Brasil-EUA”.

Ele ainda gastou mais R$ 36 mil para participar da Thaifex, a “maior feira de alimentos da Ásia”, em Bangkok (Tailândia), onde apresentou a empresários “potencialidades para investir no Maranhão”. Foram R$ 20,3 mil em passagens e R$ 15,7 mil com nove diárias.

A viagem mais cara foi feita pelo senador e ex-governador da Bahia Jaques Wagner (PT-BA). Foram R$ 48 mil, sendo R$ 38 mil em passagens. Ele participou de “missão oficial do governo da Bahia”, juntamente com o governador Rui Costa, mas quem pagou a conta foi o Senado. Wagner está em segundo lugar no ranking de gastos, com R$ 66 mil, porque também esteve em Montevidéu (Uruguai), participando de reuniões do Mercosul.

No mesmo voo, diferenças expressivas

A comitiva de quatro senadores que foi à Doha participar da 140ª Assembleia da União Interparlamentar, em abril, fez uma despesa total de R$ 126 mil. Só em passagens foram R$ 80 mil, sem contar a de Sérgio Petecão (PDS-AC), que ainda não foi lançada. O curioso é que a passagem de Antônio Anastasia (PSDB-MG) ficou por R$ 19,4 mil, enquanto a de Eduardo Braga (MDB-AM) saiu por R$ 36,6 mil. A de Jarbas Vasconcelos (MDB-PE) custou R$ 23,3 mil.

Aconteceu algo semelhante em viagem a Barcelona (Espanha), onde aconteceu a GSMA Mobile Word, evento na área de tecnologia e telecomunicações. A passagem de Arolde Oliveira (PSD-RJ) custou R$ 17,8 mil, já a de Esperidião Amin (PP-SC), R$ 30,3 mil.

Procurado pelo blog, o Senado reconheceu que “a flutuação no valor das passagens aéreas é grande, o que foge da competência do Senado Federal. É comum bilhetes emitidos no mesmo voo apresentarem diferenças expressivas”. Mas destacou que, “antes da emissão, as opções de tarifas mais baratas são encaminhadas aos gabinetes solicitantes”.

“Exploração mineral e diáspora libanesa”

O senador Chico Rodrigues (DEM-RR) foi a Toronto, em março, participar da Prospectors and Developers Association of Canada, a maior feira anual de exploração mineral do mundo. Foi lá que o ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, anunciou às maiores mineradoras do planeta que o governo Jair Bolsonaro pretende liberar a mineração em terras indígenas. Pois bem, a passagem do senador custou R$ 30,6 mil. No site da empresa aérea que fez o voo, a Air Canada, encontra-se voo do Brasil para Toronto por R$ 5 mil. Já na Business Class, fica por R$ 31 mil.

Nelsinho Trad (PSD-MS) gastou R$ 28,6 mil numa passagem para Beirute, onde foi participar da 60ª Conferência do Potencial da Diáspora Libanesa. No seu discurso, falou da promoção de parcerias e acordos bilaterais, sobre suas raízes árabes e a descendência libanesa. O senador Trad foi recebido pelo presidente da República do Líbano, Michel Aoun, que o condecorou com uma medalha.

“Oportunidades de negócios”

Jaques Wagner disse que esteve em Pequim a convite da Embaixada da China e que, na ocasião, “foram firmadas parcerias que resultarão em significativos investimentos no estado da Bahia”. Acrescentou que não viajou de 1ª classe.

Roberto Rocha afirmou que, em Washington, compôs a Cúpula Espacial EUA-Brasil, na qual o governo brasileiro assinou o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas para uso comercial do Centro de Lançamento de Alcântara, localizado no seu estado. Ele palestrou na Câmara de Comércio Brasil-EUA sobre as “potencialidades e oportunidades de negócios” para o Maranhão, como o projeto que cria a Zona de Exportação do estado.

Quanto ao valor das passagens aéreas, afirmou que todas elas foram compradas pela Diretoria-Geral do Senado. “É por lá que são emitidos os bilhetes aéreos para missões oficiais internacionais. Adianto que as viagens ocorreram na classe executiva”.

“Aprofundamento dos debates”

Esperidião Amin disse que a GSMA Mobile Word “oportunizou o aprofundamento dos debates sobre a evolução e o futuro de importante setor na conjuntura nacional e internacional”. Questionada sobre a diferença de preço nas passagens, a sua assessoria disse que “não foi utilizada primeira Classe.

A delegação da participação do senador na comitiva foi aprovada no plenário apenas no dia 19 de fevereiro e o embarque para Barcelona foi no dia 24 de fevereiro. Com a proximidade da data de embarque, as aéreas cancelaram as reservas. Com isso foram feitas novas reservas para a classe executiva nas poltronas remanescentes, o que implicou no preço diferenciado”.

A assessoria de Eduardo Braga afirmou que a diferença no valor da passagem paga pelo senador “deve ter se dado porque ele viajou pela Qatar Airways, a única companhia a fazer vôo direto para Doha – mesmo assim foram 15 horas de vôo. Não foi de primeira classe, foi de executiva”. No evento, destacou a aprovação da Declaração de Doha, com apoio a mecanismos e medidas financeiras em favor da promoção da educação como plataforma para melhorar a paz, a segurança e o estado de direito.

A senadora Daniella Ribeira (PP-PB) informou, por meio da sua assessoria, que viajou em missão oficial para representar o Senado na 63ª Comission on the Status of Women, em Nova York, organizado pela ONU Mulheres. “A viagem foi aprovada pelo plenário do Senado. O valor da passagem foi o menor encontrado, na data possível para compatibilizar a missão no exterior com os compromissos da sua agenda no Brasil”.

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