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Hospital de campanha no estádio do Pacaembu, em São Paulo, desativado em junho de 2020: autoridades fecham leitos enquanto impõem restrições aos direitos individuais.
Hospital de campanha no estádio do Pacaembu, em São Paulo, desativado em junho de 2020: autoridades fecham leitos enquanto impõem restrições aos direitos individuais.| Foto: Edson Lopes Jr/Secom/SP

Era para “achatar a curva”, não para achatar todos nós. Era para evitar que muita gente se contaminasse ao mesmo tempo, não para que muita gente fosse, em grandes grupos, empurrada para a falência e o desemprego. Era para permitir que o sistema de saúde se preparasse, que fossem criados leitos hospitalares, leitos de UTI. Verba federal foi liberada. E os hospitais de campanha mal funcionaram, as vagas em UTI continuam sendo contadas às unidades, às dezenas... Aos milhares, e isso não quer dizer muito, apenas em seis estados do país. Lembra o que diziam? Era para ficarmos confinados em casa por 15 dias, no máximo um mês. Agora, parece, é para sempre. Quase um ano se passou, tiraram sua liberdade para trabalhar, para ir e vir, e não, não foi para sua proteção e segurança.

Era para ficarmos confinados em casa por 15 dias, no máximo um mês. Agora, parece, é para sempre

Por que não isolamos, desde o início, os idosos, as pessoas com doenças pré-existentes, os contaminados pelo coronavírus, quem teve contato com eles? Por que aceitamos, apesar da falta de comprovação científica, tantas medidas restritivas? Peru e Argentina, que fizeram os lockdowns mais pesados da América do Sul, por exemplo, têm mais mortes por milhão do que o Brasil. Nos Estados Unidos, a Califórnia, que adotou medidas muito mais radicais e por mais tempo, está em situação bem pior do que a Flórida, que, apesar de ter uma população mais velha, apostou no equilíbrio. Restrições, mais restrições, e as pessoas não precisam nem sair de casa para se contaminar.

Já tivemos quase tudo fechado todos os dias, quase tudo fechado de segunda a sexta, depois das 8 da noite, o dia todo durante os fins de semana. Já tivemos funcionamento do comércio em horário reduzido, o que, aliás, o próprio secretário de Saúde de São Paulo já reconheceu que foi um erro. Em Salvador, temos praias fechadas por tapumes, mesmo que a contaminação em ambientes abertos, com sol e vento, seja raríssima. Para os paulistas, agora, a ameaça maior é a madrugada. Todo mundo sabe que o vírus não é notívago, mas tente combater aglomerações em bailes e festas, em bares e restaurantes que não respeitam protocolos... Difícil, né? Melhor mandar logo todo mundo para casa. Toque de recolher!

É quase como a nossa mãe, quando somos adolescentes, nos mandando voltar para casa às 11 da noite. Ela, pelo menos, não falava em “ciência, ciência, ciência”, não falava em estatísticas sem mostrar uma tabela, um gráfico sequer. Era preocupação de mãe mesmo, e a gente nem sempre respeitava... Os médicos do comitê de saúde do governo paulista, esses, sim, merecem respeito. Eles disseram que “os comportamentos da população à noite são mais propícios à propagação do vírus”; não tem discussão. Não apresentaram estudos sobre as taxas de contaminação no estado em diferentes horários e locais? E daí? Não tem discussão. É mais do que preocupação de mãe: é para salvar a sua vida e a dos outros também. Já para o quarto!

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos
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