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Bancos podem abocanhar mais de R$ 100 milhões do pacote antidesemprego
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A Associação Contas Abertas começou a fazer o levantamento do destino do crédito extraordinário de R$ 51.641.629.500,00 em favor do Ministério da Economia, o chamado "Pacote Antidesemprego" do Governo Federal, instituído pela Medida Provisória 935, assinada no último 1o de abril.

A maior parte do dinheiro vai para o socorro aos trabalhadores, mas há a previsão de que os bancos abocanhem R$ 107.795.733,00 a título de "serviços bancários para pagamento do benefício emergencial", segundo apuração do Contas Abertas.

Este detalhamento não consta do texto nem do anexo da Medida Provisória, não foi publicado com ela no Diário Oficial nem está com os documentos submetidos à tramitação na Câmara dos Deputados. O generosíssimo repasse aos bancos fica camuflado no meio do cipoal burocrático das contratações do próprio governo federal.

É ali, no Portal da Transparência, cuja complexidade torna o nome uma ironia, que a Associação Contas Abertas há muitos anos garimpa incorreções excessos e excentricidades.

Embora não se vislumbre nenhuma ilegalidade ou irregularidade, parece difícil compreender por que o Ministério da Economia precisa destinar mais de R$ 100 milhões aos bancos para fazer repasses de emergência, todos por sistemas eletrônicos que já existem, no meio de uma pandemia.

No Brasil temos pouco mais de 40 milhões de trabalhadores informais. Fazendo "conta de padaria", se todos eles recebessem - e não vão - seria necessário pagar R$ 3 por cada transação eletrônica? Espero que a Febraban e os bancos, muitos deles generosíssimos em doações para o combate à epidemia, sejam sensíveis neste momento.

Diante dos lucros que essas instituições acumulam sucessivamente no Brasil nas últimas décadas, não se trata de dinheiro que faça a menor diferença no caixa. Além disso, o preço cobrado do governo diante do custo real da transação é altamente questionável. E colocar mais essa barreira, a do pagamento e da negociação, pode atrasar quem realmente precisa do dinheiro, o trabalhador.

O levantamento é preliminar, não há gasto feito nem orçamento comprometido com isso, há tempo de corrigir. Por que os bancos não fazem um gesto de gratidão ao país que lhes dá tanto lucro e arcam com essa conta? Com a palavra, os CEOs e a Febraban. Tenho certeza de que há muita gente boa disposta a servir o Brasil entre vocês.

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