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Black Lives Matter e a eugenia no século XXI: brancos são sub-raça e defeito genético
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Os brancos são um "defeito genético" recessivo, um tipo de "sub-raça" que deve ser "destruída" e quem ficar contra é "supremacista branco". O conceito eugenista e absurdo, que parece saído das passagens mais sombrias da História, é uma declaração conhecida da líder do Black Lives Matter de Toronto, Yusra Kogali, que continua à frente do movimento 5 anos após sistematicamente fazer pregações do gênero.

Este é um texto sob medida para a resposta "não generalize", manifestação mais comum do paradoxo da tolerância de Karl Popper. No livro "A Sociedade Aberta e Seus Inimigos", o filósofo da ciência aponta que a tolerância de uma sociedade com o intolerante levará ao outro extremo, o desaparecimento da tolerância. É algo inevitável, já que o intolerante quebra a regra básica de que a dignidade é inerente à condição humana e acredita que só é digno quem passa no seu crivo. Ele não terá problema em quebrar as regras para esmagar quem considere indigno ou incômodo até que sua lógica prevaleça. Dessa forma, quem tolera seu comportamento é conivente com sua dominância.

Nas redes sociais é muito comum que reclamações sobre intolerância ou injustiça vinda de membros de um determinado grupo sejam vistas pelos demais como referentes a todo o grupo. Inevitável que, ao falar que o Black Lives Matter defende eugenia, a primeira reação será o tradicional "não generalize", o que confirma a afirmação. Diante da questão, a pessoa tem duas opções: ficar indignada com a eugenia ou com o que julga ser um ataque ao grupo. Quando opta por passar pano para eugenia e defender o grupo, está tolerando os intolerantes e colaborando para que dominem todo o Black Lives Matter.

É evidente que não são eugenistas os adolescentes brasileiros que colocam o símbolo do Black Lives Matter no perfil porque está na moda. Mas isso não é desculpa para ignorar a realidade do movimento, que invariavelmente é pintado pela imprensa como coberto de boas intenções.

Muitas pessoas juntam-se ao Black Lives Matter com esperanças de lutar contra episódios reais de injustiça porque as informações que recebem, principalmente da mídia, as fazem acreditar nessa lógica. Os questionamentos ao movimento, em boa parte das vezes, acabam consolidando esta visão porque se restringem ao plano simbólico. Há pessoas que se dedicam com energia ao debate que inclui opções de slogan como "White Lives Matter" ou "All Lives Matter", algo típico do parque de areia antialérgica das redes sociais.

Na vida real, esse debate é inócuo e há outro importantíssimo que precisa ser feito: quem são as lideranças e o que realmente pretendem. Enquanto o discurso e as ações existentes apenas no plano simbólico são de profunda importância para aqueles a quem faltam problemas a resolver, para a maioria da população o que importa é a coerência entre discurso e ação. Racismo existe, episódios trágicos derivados do racismo existem também e temos todos a obrigação de defender a vida humana, de nos unir contra toda e qualquer ideia de que a dignidade de um grupo é menor que a de outra.

Não existe luta contra o racismo pregando eugenia e o caso concreto é que o Black Lives Matter há anos convive com lideranças que fazem essa pregação. A grande questão é quem ganhará mais impulso com o movimento, as lideranças ou as pessoas que aderem pensando lutar contra o racismo.

Voltou recentemente ao debate nos Estados Unidos e no Canadá um post da co-fundadora e líder do Black Lives Matter Toronto, Yusra Kogali. A postagem é de 2017, foi debatida abertamente na imprensa canadense e, como o movimento não era tão famoso na época, passou meio despercebida por aqui. Não é a única do gênero nas redes sociais da ativista e foi apagada recentemente, quando voltou ao debate público:

Traduzo o longo texto, que merece a devida atenção:

Brancura não é humanidadx.
De fato, a pele branca é subumanx
Todos os fenótipos existem dentro da família negra
E os brancos são um defeito genético da negritude
Pessoas brancas têm uma concentração mais alta de inibidores enzimáticos que suprimem a produção de melanina.
Eles são geneticamente deficientes porque;
A melanina está presente no início da vida
A melanina está diretamente ligada à fertilidade e ao sistema reprodutivo humano
A melanina está diretamente ligada a ossos fortes
A melanina está diretamente ligada à força do sistema nervoso
A melanina está diretamente ligada à força dos sentidos, como visão e audição
A melanina está diretamente ligada à força dos sistemas neurais afetando capacidades como inteligência, memória e criatividade
A melanina permite que a pele negra capture a luz e a mantenha em seu modo de memória, o que revela que a escuridão converte luz em conhecimento.

A melanina se comunica diretamente com a energia cósmica.

É por isso que a indigência de toda a humanidadx vem da escuridão.
Somos os primeiros e mais fortes de todos os humanxs e nossa genética é a base de toda a humanidadx.
A melanina é essencial para o desempenho eficiente de todas as funções naturais do corpo.

PORTANTO
Pessoas brancas são defeitos genéticos recessivos. Isso é factual.

Os brancos precisam da supremacia branca como um mecanismo para proteger sua sobrevivência como povo, porque tudo o que podem fazer é produzir a si mesmos. Os negros simplesmente por meio de seus genes dominantes podem literalmente exterminar a raça branca, se tivermos o poder para isso.

É por isso que a supremacia branca como um sistema imperial prospera. Tenta controlar, suprimir e destruir nossa existência na escuridão porque somos uma ameaça à aniquilação genética dos brancos.

Você já se perguntou como os negros, após séculos de violência colonial, genocídio e destruição - não importa quais sistemas criados nos extinguem ... agora continuamos voltando?

É porque somos super-humanos.

Discursos que classifiquem seres humanos de acordo com vantagens genéticas não podem ser tolerados. Todas as vezes em que houve tolerância com esse tipo de argumentação na história, tivemos tragédias. Por que o Black Lives Matter convive com uma liderança que faz publicamente esse tipo de discurso? Não se trata de uma figura inexpressiva, mas de uma liderança que já ganhou manchetes mundiais em um bate-boca com Macron.

Em 11 de fevereiro de 2017, o jornal canadense Toronto Sun enviou o texto a um dos maiores especialistas do mundo em História da Ciência, referência teórica nos estudos sobre o uso da eugenia como discurso político, Daniel Kevles, professor da Universidade de Yale, nos Estados Unidos. O comentário dele, enviado por escrito, foi o seguinte:

“O documento reflete o racismo dos eugenistas americanos que afirmaram no primeiro terço do século 20 que os brancos nativos eram geneticamente superiores não apenas aos negros, mas também aos imigrantes da Europa Oriental e Meridional. Suas alegações não tinham qualquer fundamento científico e somavam-se a expressões de racismo branco puro.

A raiva e a frustração que animam o movimento Black Lives Matter é totalmente compreensível, mas a maneira de contestar a pseudociência e o preconceito dos brancos não é com uma pseudociência alternativa e o preconceito dos negros, é com argumento moral e ação política.”

A tática de luta é comum em diversas lideranças de movimentos identitários, principalmente a partir da última década: copiar exatamente as atitudes que dizem condenar, mas direcioná-las contra outro grupo da sociedade. No exemplo prático, temos um movimento que supostamente luta contra o racismo mas convive há anos com uma liderança que prega exatamente igual à Ku Klux Klan, apenas substituindo negros por brancos. Ou seja, não consideram errado o que faziam os supremacistas brancos, apenas queriam trocar de lugar. Como uma liderança que pensa dessa forma pode melhorar o mundo?

No debate político cada vez mais polarizado, muita gente ainda tem a impressão de que discursos opostos são necessariamente visões de mundo opostas ou grupos que se opõem socialmente. Isso não existe mais, precisamos observar a coerência entre discurso e ação para entender quais são os opostos: os que defendem a dignidade humana e os que defendem o coletivismo.

Para os defensores da dignidade humana, ela é inerente à condição humana, assim como a liberdade individual. Só que no debate público, esse grupo parece composto de rivais, uma guerra entre direita e esquerda, por exemplo. Haverá um grupo que dá mais importância a medidas para garantir liberdades individuais e outro que defende atuação mais forte na garantia da dignidade de todos.

O problema está no outro grupo, que vemos como rivais ferrenhos e estridentes, mas que estão no mesmo barco: os coletivistas. Eles defendem que tanto a dignidade quanto a liberdade não são inerentes à condição humana e admitem até a eliminação de seres humanos que não passem pelo crivo do seu grupo. Assim são os eugenistas, sejam os supremacistas brancos do passado e do presente ou a líder canadense do Black Lives Matter.

O movimento Black Lives Matter tenta desviar do tema como se a liderança fosse algo isolado que não invalida a iniciativa toda. Em outros momentos históricos, diversos outros movimentos cometeram o mesmo erro. Diante de uma ameaça à dignidade humana não existe neutralidade, há apenas a possibilidade de combater ou ser conivente. De que lado está o Black Lives Matter? É preciso decidir.

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