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Como explicar a pandemia para crianças pequenas?
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Vivemos algo inédito. Alguns de nós podemos nos socorrer de experiências em situações parecidas, mas a nossa geração jamais viveu algo como a pandemia de coronavírus. Impossível listar todas as nossas incertezas e ansiedades num momento como este. Aliás, francamente, nossa única certeza é a de não ter certezas por enquanto.

Além das questões práticas a resolver, temos os impactos emocionais e psicológicos. Estou entre os que vislumbram o surgimento de um mundo com uma dinâmica social muito diferente quando superarmos este pesadelo. O problema de muitos tem sido levar o dia-a-dia quando estamos ansiosos para resolver algo cuja solução escapa das mãos de cada um de nós e de nós todos.

Se, para nós, adultos, já é difícil compreender o que vivemos e lidar com os sentimentos, como lidar com as crianças pequenas? Aqui não falo apenas do desafio diário que cada família enfrenta com escolas e creches fechadas, mas da compreensão do que vivemos. Sem entender, como explicamos?

A preocupação é de cada família e de toda a sociedade. A forma como lidamos com os sentimentos das crianças diante da pandemia é o que vai dar forma à nova geração. Muitos deles não entendem direito o que é vírus, o que é contágio, o que é doença, o conceito de risco. Têm apenas sentimentos e vêem suas rotinas, que lutamos tanto para estabelecer, viradas do avesso.

Em alguns países, os governantes resolveram usar os meios de comunicação para falar diretamente com as crianças. As dúvidas delas são legítimas, diferentes das dúvidas dos adultos e, como também são cidadãos, têm o direito de ser atendidos com transparência pelo poder público.

O ministro da Saúde da Irlanda, Simon Harris, fez uma espécie de entrevista coletiva somente com repórteres mirins:

O secretário da família da província de Quebec, no Canadá, M. Mathieu Lacombe, também fez uma transmissão respondendo perguntas das crianças sobre o COVID-19.

Na Inglaterra, a solução do governo foi criar um guia oficial sobre coronavírus direcionado exclusivamente para crianças.

Ainda não temos aqui no Brasil iniciativas semelhantes, mas já temos publicações em português que você pode utilizar em casa para falar com as crianças. Indico duas, que são gratuitas para utilização não comercial.

A primeira delas é útil especialmente para crianças com até 7 anos de idade e serve para explicar o que é o coronavírus e o que estamos vivendo. Disponível em vários idiomas, o e-book é indicado pelo Unicef e a recomendação de uso é que seja impresso e lido junto com a criança. Há algumas páginas interativas. A autora é a colombiana Manuela Molina, formada em Psicologia e Literatura, especializada em trabalhar a psicologia por meio da arte literária com crianças. Para baixar o livro, basta CLICAR NESTE LINK.

"Este livro é um convite para que as famílias discutam todas as emoções que estão surgindo na situação atual. É importante dizer que este recurso não é uma fonte de informação científica, mas uma ferramenta baseada em fantasia. Minha recomendação é que você imprima o material para que as crianças desenhem nele. Lembre-se que emoções são processadas por meio de brincadeiras repetidas e histórias lidas várias vezes. Compartilhe o COVIBOOK e ajude a diminuir a ansiedade de crianças em todo o mundo", diz a psicóloga Manuela Molina.

A outra publicação é feita por uma especialista em tratamento de stress pós-traumático em crianças e adolescentes, com diversos livros publicados e muitas participações em congressos internacionais sobre o tema, a psicanalista e pesquisadora Ana Gómez, também colombiana. O livro, também traduzido para diversos idiomas, tem a recomendação da Global Child-EMDR Alliance, a Aliança Global para o Enfrentamento de Stress Pós-Traumático em Crianças.

NESTE LINK você pode baixar "A História da Ostra e da Borboleta - o Coronavírus e Eu", uma publicação dedicada a dar dicas de ações práticas para o dia-a-dia da pandemia que minimizam o impacto emocional e o trauma que possa vir a ser sentido pelas crianças depois. A ideia é assegurar a criança de que temos uma força interna e passar pequenas dicas de como lidar com a ansiedade e insegurança no dia-a-dia, com atitudes práticas.

Fiz uma tentativa aqui em casa. Meu filho tem 8 anos, então já há uma facilidade maior de diálogo e verbalização para explicar situações como esta. Imagino que famílias com crianças de 2, 3, 4 anos de idade estejam vivendo uma experiência muito diferente da minha. Serviu para abaixar um pouco a ansiedade e discutir medos que eu não lembrava mais que a gente tem quando é criança. Espero que seja útil para alguma criança que você ama.

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