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Coronavírus: ele precisou enterrar a mãe sozinho
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As 48 famílias brasileiras que já enterraram mortos pelo coronavírus viveram um drama que vai além da perda do ente querido, tiveram de abrir mão do ritual fúnebre que nos dá apoio psicológico e espiritual. Como os cadáveres são contagiosos, o velório tradicional não podia ser feito nem antes da quarentena. Agora, chegou-se à situação, no Rio de Janeiro, em que Christiano Bandeira de Mello foi sozinho enterrar a própria mãe, sem velório.

Mirna Badin Bandeira de Mello morreu na última segunda-feira, véspera de seu aniversário de 72 anos de idade. O marido, Paulo, também está internado e contaminado com coronavírus. O filho chegou a ficar no hospital, mas testou negativo e está em casa.

Antes do início da quarentena, quando só havia mortos em São Paulo, tentou-se um esquema de velório com salas separadas de todas as demais, caixão lacrado e um máximo de 10 pessoas por funeral. Cada cerimônia poderia durar no máximo uma hora. No Rio de Janeiro, a solução foi diferente, também devido à quarentena.

Mirna e Paulo Bandeira de Mello comemoraram bodas de ouro na Igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, em setembro do ano passado. Acabou sendo contaminada pelo coronavírus quando celebrava outra união, o noivado de Alessandra e Pedro. Após a festa, na mansão do pai do noivo, o príncipe Alberto de Orléans e Bragança, mais de 30 pessoas apresentaram sintomas de gripe.

A festa foi no dia 7 de março e, entre os convidados, havia gente que viajou à Itália, Bélgica e Estados Unidos, mas ninguém tinha nenhum sintoma. Dias depois, alguns começaram a apresentar febre e tosse, incluindo o pai e o avô materno da noiva, que foram internados.

Nessa altura, Mirna Bandeira de Mello havia ido ao Uruguai e ficou preocupada com a internação dos amigos e com uma tosse que não passava. Não tinha febre.

Ao voltar para o Brasil, precisou de internação. Morreu no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro. Mirna Bandeira de Mello ainda não faz parte das estatísticas oficiais dos mortos por coronavírus. A explicação mais provável é que o laboratório que fez o teste no hospital, que é particular, ainda não tenha enviado o resultado do exame dela para a base de dados que contabiliza as vítimas.

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