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EUA liberam tratamento para coronavírus com soro convalescente
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Mais uma terapia é adicionada ao rol das 4 que estão sendo testadas por um pool de países em pacientes reais de coronavírus que se voluntariam para tratamentos experimentais: o uso de soro convalescente. Um informe do FDA (a Anvisa dos Estados Unidos) avisa que a terapia já está à disposição dos médicos do país, estipula quais pacientes podem receber e os procedimentos burocráticos para participar.

"Um dos tratamentos experimentais explorados para o COVID-19 envolve o uso de soro convalescente coletado de pacientes recuperados de COVID-19. É possível que esse soro convalescente que contém os anticorpos para o SARS-CoV-2 (o vírus que causa a COVID-19) seja efetivo contra a doença", diz o FDA.

Eu procurei a bióloga e doutora em genética Luciana Feliciano para explicar o que são afinal os tais dos "soros convalescentes". Trata-se de mais uma maravilha produzida pelo próprio corpo humano e que pode salvar vidas quando entendida pela ciência. O combate ao vírus é muito semelhante ao feito pelas vacinas, mas sem demandar tanto do corpo do doente e podendo ser aplicado em quem já foi infectado.

"No sangue possuímos células de defesa, hemácias e o plasma (porção líquida que entre muitas substâncias estão também os anticorpos)", explica Luciana Feliciano. Eles não brotam do nada. "Quando as nossas células de defesa entram em contato, por exemplo, com um vírus ou bactéria, há uma série de sinais que estimulam os linfócitos do tipo B a produzir anticorpos, um tipo de proteína que sinaliza a destruição ou inativação de bactérias e vírus", complementa.

Interferir nesse tratamento com ciência é uma tentativa de colocar no corpo das pessoas ainda doentes as defesas desenvolvidas por aqueles que conseguiram se curar, com ou sem remédio e com qualquer tipo de medicação, não importa.

"A ideia é separar os anticorpos produzidos pelo corpo das pessoas que se curaram e aplicar nas pessoas doentes. Diferente da vacina o que é uma substância que vai estimular a produção de anticorpos, a essa substâncias se dá o nome de soro, ou seja, já são os anticorpos prontos", explica a bióloga e doutora em genética Luciana Feliciano.

O uso de soro convalescente já foi testado em outras epidemias virais respiratórias, incluindo a de H1N1 em 2009-2010, a de SARS em 2003 e a de MERS em 2012. "Embora seja promissor, o soro convalescente não se mostrou efetivo em todas as doenças estudadas. Dessa forma é importante determinar por meio de testes clínicos que é seguro e eficiente administrar soro convalescente aos pacientes com COVID-19 antes de começar a fazer", explica o comunicado da FDA.

Trata-se de um estudo clínico, ou seja, o tratamento será administrado a um grupo específico de pacientes para que o resultado seja avaliado. Todo paciente deve consentir enquanto ainda estiver consciente. Também estão sendo convocados a doar material genético as pessoas que foram curadas de coronavírus.

As pessoas que podem doar material genético são, além dos parâmetros de saúde para doação de sangue:

- Diagnóstico de COVID-19 documentado em teste laboratorial.

- Completo desaparecimento dos sintomas pelo menos 14 dias antes da doação.

- Mulher com negativo para anticorpor HLA ou homens.

- Exame negativo para COVID-19 tanto de coleta de material da área nasal, da faringe ou por teste de sangue.

- Se for possível, testagem para marcadores de anticorpos neutralizadores de SARS-CoV-2 (depende da quantidade presente no plasma).

O FDA adianta que, mesmo levando em conta que nem todos os pacientes aceitam passar por tratamentos experimentais, o mais provável é que não haja disponibilidade de soro convalescente para todos os que se voluntariem e precisem da medicação. Serão priorizados os casos terminais, mas o consentimento tem de ser feito com o paciente ainda consciente. As pessoas que podem se candidatar precisam atender os seguintes requisitos:

- Teste laboratorial que confirme COVID-19

- Sintomas severos são: dispnéia, alta frequência respiratória ≥ 30/min, baixa oxigenação do sangue ≤ 93%, infiltração de mais de 50% dos pulmões nas últimas 24 a 48 horas.

- Há risco de vida quando se verifica: falência respiratória, choque séptico, disfunção ou falência múltipla de órgãos.

Todos os tratamentos que estão em fase de testes clínicos, com voluntários para a fase experimental, já efetivamente curaram alguém de coronavírus em alguma parte do mundo, conforme documentado por cientistas. A questão é saber qual tratamento seria eficiente para todos os infectados ou qual tipo de tratamento seria mais eficiente para qual grupo de pessoas. Atualmente, há 5 apostas da comunidade científica, todas já em fases adiantadas de estudos.

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