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Hackers querem bitcoins para devolver controle do porto de Fortaleza
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Desde segunda-feira o Porto do Mucuripe, em Fortaleza, está fazendo todas as suas atividades manualmente porque o sistema de computador que controla as operações foi "sequestrado" por hackers. É uma invasão oficial a um sistema do Governo Federal, já que o porto é administrado por uma estatal, a Companhia Docas do Ceará. A administração espera que as atividades sejam normalizadas a partir de hoje, mas não há garantia.

Site da Companhia de Docas do Ceará aparece como fora do ar depois de ataque hacker.
Site da Companhia de Docas do Ceará aparece como fora do ar depois de ataque hacker.

A invasão foi detectada às 6 da manhã da última segunda-feira, quando os sistemas começaram a apresentar instabilidade. As equipes técnicas foram chamadas para criptografar as informações disponíveis e interromper a conexão das máquinas com as operações reais, que passaram para o sistema manual. Os computadores controlam toda a movimentação de cargas dentro do Porto de Mucuripe, além da entrada e saída de caminhões.

Parece um caso anedótico, mas é gravíssima a invasão de um site que pertence ao governo de um país, ainda mais com pedido de resgate e reais prejuízos para a população.

A parte comercial da administração não foi afetada porque se trata de uma empresa pública. Todos os contratos, movimentações financeiras, de funcionários e compras são públicos e transparentes. Nada se perdeu nem pode ser modificado, até porque a maioria das ações é publicada em Diário Oficial.

Os órgãos de segurança, a Receita Federal e a Polícia Federal no Ceará foram alertados imediatamente e iniciaram as investigações na própria segunda-feira. A Polícia Federal em Brasília também foi chamada para ajudar nas investigações.

Os hackers pediram um "resgate" pelo sistema que controla o Porto de Mucuripe, mas a administração não quis revelar qual o valor. O mesmo já ocorreu em abril deste ano com a Câmara de Vereadores de Palmas, capital do Tocantins. Mas os vereadores tinham pouquíssima informação no sistema sequestrado e decidiram não pagar pelo resgate - apenas o funcionamento do plenário foi afetado por uns dias. No caso do porto, trata-se de mais informações e de um sistema mais sofisticado.

As Companhias de Docas são 6 empresas públicas diretamente ligadas ao Governo Federal e administram 19 dos 37 portos públicos do Brasil. A Companhia de Docas do Ceará é responsável por apenas um deles, o Porto de Mucuripe, em Fortaleza.

Os ataques hackers têm sido cada vez mais ousados no mundo e se aproveitam da possibilidade de anonimato no recebimento via bitcoins para driblar as dificuldades que eram oferecidas por um sistema bancário cada vez mais conectado e controlado por governos e órgãos de segurança.

Garantir uma blindagem do sistema contra ataques hackers é um desafio para governos de todo o mundo, que têm obrigado seus cidadãos a compartilhar cada vez mais dados pessoais. O Brasil recentemente promulgou um decreto que amplia o tipo de dados compartilhados sem estabelecer quem se responsabiliza por eventuais vazamentos. Felizmente, o Congresso aprovou a Lei Geral de Proteção de Dados, que dá garantias aos cidadãos e entra em vigor no mês de agosto.

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