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Quem são os agitadores que enfrentam Bolsonaro e convocam para 15/3
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Era 26 de fevereiro quando Janaína Paschoal fez o aviso e foi ridicularizada tanto pela oposição quanto por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Na política da gritaria, pouco importam fatos e pessoas, vidas humanas são um nada diante da falsa sensação de poder dada pelos likes e bravatas. Para quem, como a deputada, que é professora de Direito, acostumou-se a diferenciar fatos de fantasias no entendimento da vida, o enredo dos atos de 15 de março parece um livro de Gabriel García Márquez, "Crônica de uma Morte Anunciada".

Para quem não leu, fica o aviso, o caso não é sobre morte em si. Trata-se de um enredo em que todos percebem que as ações de uma pessoa vão levá-la a um desfecho trágico, é evidente, a pessoa não se toca por algum pensamento mágico, ninguém diz por razões que a razão desconhece e o desfecho inevitável ocorre. Janaína Paschoal optou por dizer, há quase 20 dias:

As reações tanto da esquerda quanto da direita foram o tradicional enxovalhamento que ocorre primordialmente pelo fato da deputada ter nascido. Agora, sabemos que ela estava certa. Não há um único pedido de desculpas.

Se, àquela altura, era necessário tomar conhecimento dos fatos e raciocinar para concluir que em pouco tempo seria uma temeridade promover aglomerações, agora basta não ser fanático anticiência. Para pessoas que vivem no mesmo universo paralelo de antivacinas e terraplanistas, querer explicar o risco de dispersão do COVID 19 em uma passeata é inútil. Acostumaram-se à possibilidade de viver de suas fantasias.

A diferença agora é que um banquete de consequências é rapidamente servido. Se os terraplanistas são inofensivos para a saúde pública e os antivacinas só representam risco quando seu volume cresce demais e compromete a cobertura vacinal mínima para se evitar uma doença, os novos fanáticos podem provocar desgraça em questão de dias.

Após fazer o teste de Coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro pediu em sua live semanal que os atos de 15/3 fossem adiados. Foi inócuo para a militância agitadora e fanática: continuam convocando.

Quem são, afinal, os agitadores que têm coragem de insistir na ideia de aglomerar milhares de pessoas, arriscando a vida dessas pessoas, apenas para continuar bebendo da fonte da vaidade? O Edilson Salgueiro Junior montou uma edição especial para que você conheça vários deles em 5 minutos:

Como alguém pode ser inconsequente ao ponto de chamar pessoas para o que pode ser a morte delas ou de seus familiares? Simples: acostumaram-se a viver como se o mundo fosse governado pela internet. São pessoas que jamais tiveram qualquer realização ou ato digno de nota fora do universo virtual e do discurso. Vivem de xingar muito e inventar mentiras, ludibriando gente bem intencionada, sem ter até o momento arcado com as consequências dos próprios atos.

Quando alguém se acostuma a não arcar com as consequências do que provoca na vida alheia, acaba perdendo a medida. É exatamente nesse ponto em que estamos agora. Alguém precisa mostrar a esses inconsequentes o peso da realidade antes que eles coloquem vidas em risco.

O YouTube mantém, de maneira cúmplice, os vídeos no ar, sem ser cobrado como deveria. Ganha dinheiro com o que pode desgraçar a vida de diversas famílias e ter impacto no sistema de Saúde Pública. No Twitter, um esquema usando impulsionamento por robôs para convencer cidadãos comuns a replicar fez chegar aos Trending Topics as hashtags #DesculpaBolsonaroMasEuVou e #DesculpaJairMasEuVou. As mensagens continuam lá, a empresa optou por ganhar dinheiro com milhares de convites que minimizam um risco que sabidamente existem. O mesmo vale para Facebook, WhatsApp e Instagram, todos do mesmo dono.

As redes sociais são empresas bilionárias, portanto vale a pergunta: já que optaram por ganhar dinheiro monetizando e dando alcance a convocações para manifestações públicas no meio de uma pandemia, vão arcar com os custos que serão gerados para toda a sociedade? Devem e espero que arquem. Não é possível querer socializar o prejuízo e manter o lucro gerado por ele.

Vivemos, desde o boom das redes sociais, um frenesi em que era possível aliviar o peso da realidade e da miséria da alma humana fingindo que uma realidade paralela era a nossa verdade. Era verdade aquilo do grupo de WhatsApp, o post do político desmentindo o que falou, a choradeira de que não se organizou - às custas de milhões de reais - uma máquina de difamar quem recusa se agachar diante de imorais e imoralidades. A realidade se impôs e é preciso disciplinar as crianças e botar os adultos no comando.

Se não há nada mais belo que a vida, ela também é composta de diversas dores existenciais: a miséria da alma humana, nossos medos excessivos, a imprevisibilidade da natureza, a impossibilidade de controlar o caos, a tentação de escapar de tudo isso via pensamento mágico. Doenças novas afetam nossa capacidade de julgamento e são um peso emocional enorme, mas a humanidade já tem há séculos o caminho para enfrentar esses problemas: conhecimento e disciplina.

Não espere isso dos agitadores, eles vivem de causar o caos e não há espaço para isso em momentos graves. Pandemias causam pânico desnecessário e minimizações irresponsáveis. Estamos falando de vidas humanas, o que existe de mais sagrado. Felizmente, há quem tenha se preparado para algo além de causar tempestades, para ajudar a conduzir o barco de forma segura até que a tempestade se vá.

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