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Uma despedida, “pero no mucho”
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Vocês sabem que eu não sou de parar quieta e gosto de causar. A última vez em que eu me despedi de vocês foi em 12 de março de 2020, em grande estilo. Apresentava "A Protagonista" diariamente diretamente do estúdio que a Gazeta do Povo tinha no prédio do Cubo, em pleno condado farialimer.

Não havia ainda a ideia de que a pandemia duraria tanto ou que teríamos de ficar em quarentena. Eu estava implicando com o pessoal que tinha ido passar carnaval na Europa e - adivinhem - um deles voltou infectado justo para o prédio. Era um dos primeiros do Brasil, ninguém sabia direito o que fazer.

Chamaram a Secretaria da Saúde e o prédio inteiro passou um mês fechado, inclusive o estúdio. Se você não acompanhou este momento glorioso da minha vida profissional, divido com você aqui. Aliás, vez ou outra eu assisto porque é tão surreal que até para mim parece ser mentira:

Nos comentários, o pessoal estava desesperado achando que o isolamento iria durar um mês. Outro dia li na biografia da Audrey Hepburn algo semelhante sobre o período da II Guerra que ela viveu na Bélgica, onde achavam que o conflito jamais chegaria. As pessoas foram levando porque pensaram que iria durar só mais uma semana. É assim que carregamos a vida até aqui.

Ainda não sabemos o quanto mudamos. Eu, que sempre gostei de escrever, acabei ganhando da Gazeta do Povo a oportunidade de me encontrar escrevendo textos muito longos pela primeira vez. Longuíssimos, aliás, tem gente que até reclama. Meus amigos principalmente. A família eu sei que finge que lê, eles não me enganam.

Sou geek, apaixonada por internet, máquinas, universo eletrônico e digital. Num primeiro momento, imaginei que essa coluna seria o mais retumbante fracasso da minha carreira. E garanto a vocês que minhas aventuras pelo mundo corporativo são exemplos de fracasso retumbantes até para o fracasso.

Escrever tanto sobre um único tema, levar aos meus leitores a análise em tanta profundidade e com o tanto de nuances que eu gosto, só que por escrito. Não tem o tom de voz, o olhar, as feições nem o gesto para complementar aquilo que eu quero dizer. Foi realmente um desafio conseguir me encontrar como colunista.

A gente aprende fórmulas para escrever notícias, elas saem meio padronizadas. Mas coluna tem de ter a cara de alguém, o jeito de alguém. Tem leitor que jura ouvir minha voz enquanto lê. Dá um senhor podcast todo dia ler esta coluna. Aliás, tem até no formato áudio. Bem que a minha família poderia usar, só que esse papo fica para outro dia.

Voltemos aqui à história da despedida e de não parar quieta. Esta despedida é mais ou menos como a do vídeo. É uma despedida? É. Pero no mucho. Não nos encontraremos mais neste espaço específico com longuíssimas colunas diárias de análise sobre um único tema. Sextou e saio de férias gestando novas ideias e dando à luz outras. Adoro ser mãe.

Alguns de vocês já leram meus ebooks, fizeram meus cursos, foram às minhas aulas na Go New, viram os diversos outros projetos que andei tocando por aí. Eles acabaram se desdobrando em mais outros e ocorre que sou só uma. Infelizmente para alguns e felizmente para as inimigas. Avalie como o dia delas seria ainda mais difícil.

Agradeço demais mesmo todos vocês que me seguem, comentam meus textos, partilham e recomendam a Gazeta do Povo aos amigos. Meu maior orgulho é ter leitores fiéis mesmo quando discordam de mim. Conseguimos construir aqui um espaço de debate saudável, de diálogo com respeito e de aprofundamento das discussões. Sobretudo, criamos um espaço de liberdade.

É por isso que estou me despedindo, pero no mucho. Tenho coração grande e a Gazeta do Povo é como uma família que me acolheu há anos. Eu acho até que vou continuar mandando mensagem todas as manhãs para a Denise Drechsel, minha editora em Vida e Cidadania, na hora do café.

Vem coisas muito legais por aí e tenho certeza de que vocês vão gostar. Vocês me ajudaram a tornar um sucesso essa coluna que surgiu das cinzas e da dor. Uma pandemia, a impossibilidade de ter o estúdio e a equipe, o confinamento e vocês foram a receita para fazer do limão uma caipirinha. Imaginem como vai ser com algo construído com carinho, fundado em sonho, fé e felicidade. Seguramente nos vemos por aí!

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