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O Doutrinador
O Doutrinador| Foto:
O Doutrinador

O Doutrinador



Luciano Cunha é o criador do personagem Doutrinador, que está lançando sua nova aventura este mês. A HQ, em parceria com Marcelo Yuka, ex-integrante da banda O Rappa, trata de política e soluções extremas. Acompanhe abaixo o bate-papo feito via facebook com o autor.

Oi Luciano, tudo bom? A primeira coisa que acredito que nossos leitores gostariam de saber é o que é O doutrinador. Você poderia falar um pouco sobre a personagem, e esta nova aventura dele?

O Doutrinador é a minha indignação, o meu asco completo da classe política brasileira. Traduzi isso pra nanquim e cores, no início era só isso, pra extravasar mesmo. Mas com o tempo e a exposição na rede social, a ideia toda evoluiu.

Certo. E qual foi a transição? Do online para o papel ou o contrário?

Primeiro fiz uma versão (o personagem é de 2008) que imprimi e enviei para várias editoras, na época. Elas gostaram mas foram advertidas por advogados que poderia dar merda (risos). Então em 2013 fiz umas mudanças (ele ganhou a máscara e ficou ainda mais sombrio) e criei a página no facebook. Deu no que deu.

 

É, você não alivia a classe política brasileira na sua história. Mas você acha mesmo que esta é a solução? Matar todos?

 

Claro que não, né? Isso é ficção, sempre digo isso, não defendo essa solução violenta, nunca defendi e isso é um dos problemas que enfrento na mídia brasileira. Acho que é a falta de costume de ver obras de tem uma maior contundência e até mesmo coragem de dizer certas coisas. Quando falo com alguns veículos estrangeiros nenhum leva pro lado “real”, eles sabem que é uma ficção.

 

Em vários filmes norte-americanos eles explodem a Casa Branca e tudo bem. Mas parece que aqui temos a tendência a acreditar mais na ficção, como no caso das novelas, onde atores são confundidos com seus personagens na rua.

 

Exatamente!!

 

Existe, porém um “probleminha”: Sua ficção dá nome aos bois. E nenhum dos bois é manso. Como lidar com isso, no nosso mundo capitalista?

 

Essa é a parte corajosa do trabalho, só isso. Mas tenho a assessoria jurídica de um amigo querido.

 

Legal. E o Marcelo Yuka? Ele é um cara bem combativo politicamente, e está chamando atenção para algumas questões delicadas e tendo repercussão. Como foi a entrada dele no projeto?

 

Não nos conhecíamos antes, ele simplesmente gostava tanto do personagem que me contactou pelo Facebook e nos encontramos. Muitas coisas em comum logo de cara e aí ele me pergunta se quero desenhar uma ideia que ele tinha, um rascunho de roteiro… eu gritei: Porra, mas é claro!! Rsrsrs. Pra mim o Yuka é gênio, cara. Gênio. Sua sensibilidade musical aliada às questões sociais é única!

 

Ele é muito bom mesmo. E ficou mais combativo depois do incidente que o deixou na cadeira de rodas. Você acha que a “raiva” de Yuka transparece no quadrinho?

 

Um pouco. Mas ele sempre foi socialmente engajado, muito antes do incidente. Suas letras sempre foram cortantes e seguem atualíssimas.

 

Por falar em músca, o doutrinador anda com a camisa do Motorhead, o Lemmy faz uma participação especial e qualquer um que goste de metal reconhece vários easter-eggs das bandas (a melhor, prá mim, é a capa do Devil you Know, do Heaven and Hell). naturalmente é uma predileção sua pelo gênero musical. As pessoas comentam este tipo de coisa com você?

 

Sim, sempre. Mas a camisa do Motorhead já foi trocada por uma do Sepultura faz tempo. Outra coisa muito gratificante pra mim, que amo rock e heavy metal, é acontecer esse contato com artistas que adoro. tem o Yuka, tem o Sepultura, que é meu parceiro na empreitada, emprestando a marca pra figurar na camisa do Doutrinador, conheci o Clemente, dos Inocentes ( que fez um texto pra orelha do novo livro), tem a Plebe Rude, que é fã declarada da hq. Isso é bom demais pra um velho roqueiro como eu! (rsrsrs)

 

Prá mim a Plebe Rude é a melhor banda de rock nacional que já existiu. Mas isso é coisa de fã, hahahahahaha. E como foi o lançamento do álbum?

 

Aconteceu ontem aqui no Rio, na Livraria Cultura e foi sensacional! Muita gente, cobertura de alguns veículos, muito carinho dos leitores e uma surpresa inesquecível com a presença de Steve Englehart que apareceu do nada pra me deixar tonto!

 

Que bacana! Steve Englehart é um dos melhores dos quadrinhos de super-heróis. O Shang Chi é dele, se não me engano…

 

Sim, é dele. E o mais sensacional disso é que O Mestre do Kung Fu era um dos meus personagens prediletos quando pequeno. Comprava o formatinho Heróis da Tv pra ler Shang Chi e as histórias desenhadas por Paul Gulacy foram fundamentais pra que eu desejasse fazer quadrinhos. Falei isso pra ele ontem, foi perfeito!

 

Deve ter sido alucinante. E como você está lançando como esta HQ? Por uma editora? independente?

 

Essa está saindo pela Editora Redbox. Eles são especializados em RPG, mas vão começar a investir em hqs agora e iniciaram essa fase com o Doutrinador. Fiquei muito feliz por ter sido escolhido pra isso.

 

Bacana. Só para podermos saber a expectativa, você pode informar a tiragem? Ou é segredo comercial da editora?

 

Não, não posso. Eles reimprimiram a primeira aventura, que publiquei de forma independente, pra vender um “box” com a segunda.

 

Sem problemas. De qualquer modo, diga para o pessoal quanto custa, quantas páginas e principalmente, onde comprar

 

São edições caprichadas, com papel couché 115gr, capas em Papel Cartão 300gr, com laminação fosca e verniz localizado. A primeira tem 84 páginas e a segunda aventura tem 92. As edições separadas estão por 44,90, o pacote com as duas sai a 79,80. A editora vai distribuir para todas as grandes redes de livrarias pelo país e também nas comic shops, mas é bem fácil comprar pelo site da Redbox. – http://redboxeditora.com.br/loja/hqs/o-doutrinador-pacote-economico/

 

Muito bom. E para encerrar, você quer dizer alguma coisa para os leitores aqui da Gazeta do Povo?

 

Sei que o paranaense adora quadrinhos e conheço vários ótimos artistas vindos do estado, espero conhecer Curitiba em breve levando meu quadrinho pra perto de vocês. Também peço que os leitores fiquem sempre atentos ao noticiário político regional e do país. O Doutrinador é um personagem que só existe nos quadrinhos, então somente nós, juntos, podemos mudar alguma coisa.

 

Ok, muito obrigado pela entrevista Luciano. Até a próxima!

 

Eu que agradeço, até mais.

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