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Os anéis olímpicos retratados na Torre Eiffel, em Paris, França, 29 de julho de 2024.
Os anéis olímpicos retratados na Torre Eiffel, em Paris, França, 29 de julho de 2024.| Foto: EFE/EPA/CAROLINE BLUMBERG

As Olimpíadas de Paris ainda não acabaram, mas já me garantiram assunto suficiente para escrever um artigo cheio de polêmicas. Antes mesmo da contestada abertura, ao ar livre e sob chuva, o escracho foi a ida da primeira dama petista à capital francesa com dinheiro público. A ausência de Lula ou de seu vice Alckmin não poderia justificar a mobilização de toda a diplomacia brasileira para obtenção de uma credencial para a esposa do presidente descondenado. Ela não exerce nenhuma função oficial para acompanhar a cerimônia de abertura. No entanto, não só a chancelaria brasileira foi acionada para dar suporte à primeira-dama como, somente em passagens, o governo gastou 83 mil reais para que "dona Esbanja" viajasse em classe executiva a Paris. É ou não é um deboche?

O escárnio com a Santa Ceia e com os símbolos cristãos na cerimônia de abertura foi o primeiro acinte olímpico de relevo. A provocação aos fiéis foi evidente ao rechear uma paródia da pintura de Leonardo da Vinci, "A Última Ceia", com referências sexuais e de ideologia de gênero. Há quem tergiverse, afirmando que a intenção não tenha sido a de achincalhar os cristãos - mas se havia este risco, por que corrê-lo?

Em contrapartida, o Comitê Olímpico Internacional (COI) proibiu toda e qualquer manifestação de apreço à religião durante os jogos. Escrevo o “a” com crase pois o alvo sempre foi uma única religião, definida: a cristã. Caçoar de Jesus está liberado. Louvá-lo? Proibido!

Fosse a citação de um versículo na língua de libras, como a feita por nossa medalhista do Skate Rayssa Leal; um beijo em um crucifixo, como o de Novak Djokovic; ou mesmo o desenho do Cristo Redentor, principal ponto turístico do Brasil, na prancha do surfista João Chianca: tudo foi objeto de censura do Comitê Olímpico Internacional. Manifestações religiosas estão proibidas ou podem ser realizadas apenas se for para escárnio e chacota dos cristãos? Aparentemente, nem mesmo o COI consegue se decidir.

Aliás, a sexualidade ou a transexualidade, humana, celebrada pelo espetáculo de abertura, foi também alvo de intensas discussões nos ringues de Paris. Lin Yu-ting e Imane Khelif, atletas de boxe de Taiwan e da Argélia, respectivamente, já foram reprovadas em testes genéticos da Associação Internacional de Boxe (IBA), em 2023, por supostamente carregarem cromossomos XY nos seus DNAs. As imagens das sovas levadas por suas rivais foram comoventes e a polêmica, inevitável: a força bruta de Yu-ting e Khelif colocou ambas nas finais de suas respectivas categorias. Resta saber como ficará registrada para a história esta edição olímpica caso recebam medalhas de ouro atletas que saíram na mão contra mulheres, aproveitando-se de uma vantagem óbvia aos olhos de todos.

Resta saber como ficará registrada para a história esta edição olímpica

Fora dos ringues e dos estádios, as polêmicas também se multiplicam. Após a decisão da organização francesa de adotar um "cardápio sustentável", sobraram reclamações de atletas sobre a qualidade e a quantidade da dieta oferecida. Desportistas de altíssimo desempenho submeteram-se a um cardápio vegano por falta de opções proteicas. Várias delegações foram acompanhadas de cozinheiros de seus países de origem para que não lhes faltassem os nutrientes necessários para a preparação física. Relatos da presença de vermes nos alimentos também foram feitos - talvez para combinar com as péssimas condições do Rio Sena, com alarmantes níveis de toxicidade. Para quem vive pregando moral em relação à preservação ambiental brasileira e à defesa da Amazônia, os franceses conseguiram a proeza de interditar seu rio mais vistoso e mais famoso para as competições de natação em água aberta por conta da presença de bactérias fecais. Um nojo!

Não foi só a França, porém, que passou vergonha fora das competições. Nessa categoria, na verdade, a medalha de ouro é do Brasil. Ou melhor, do desgoverno brasileiro. Até na hora de celebrar a medalha de ouro de uma atleta mulher e negra, Rebeca Andrade, campeã na ginástica artística desta edição, o desgoverno petista conseguiu errar feio. O Ministério das Comunicações, em uma ginástica argumentativa fracassada, tirou Rebeca Andrade do pódio para fazer autopromoção do governo em um post nas redes sociais. Além do total desrespeito à atleta, maior medalhista olímpica da história do Brasil, comprovou o inquestionável parasitismo do PT, que sem méritos próprios para celebrar não hesita em pegar desavergonhadamente carona no mérito de quem tem.

Tratando de parasitismo, o Estado brasileiro, que quase nenhum investimento tem feito em esportes ou na promoção de atletas de alto desempenho, abocanhará quase 30% somente em imposto de renda da premiação que os atletas receberão. Quanto mais os atletas se esforçarem e vencerem, mais Fernando Taxad vai ter no caixa do governo para desperdiçar. Ah, perdão, atualização! O governo Lula acaba de criar mais uma exceção tributária: acuado pela pressão popular, publicou nesta quinta-feira uma MP para isentar os prêmios recebidos do pagamento do imposto de renda. Falta excetuar, agora, tantos outros milhões de brasileiros que pagam imposto à toa para sustentar a corte brasiliense lato sensu.

Apesar de tudo, parabéns aos nossos atletas. Aliás, corrijo-me: apesar de tudo, não! Justamente por tudo isso, parabéns aos nossos atletas brasileiros! Com muito trabalho, suor e disciplina, têm buscado sua colocação entre os melhores do mundo e muitos têm conquistado o espaço que é seu. E só seu. Não é conquista de governo A ou de governo B. É dos atletas mesmo. E do povo brasileiro que, apesar de sofrido e desesperançoso em muitas frentes no país, não perde a fé e torce com entusiasmo pelos nossos atletas em Paris.

Conteúdo editado por:Liana Nunes
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