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Foto: Marcos Corrêa/PR
Foto: Marcos Corrêa/PR| Foto:

Os valentes investigadores obrigados a enfrentar um cenário tão bizarro quanto o oferecido pelo senador Chico Rodrigues (DEM-RR) que me perdoem, mas o acontecimento da semana é outro: a condenação de Carol Solberg no Superior Tribunal de Justiça Desportiva do vôlei por ter exclamado “Fora, Bolsonaro!”. A multa foi convertida em advertência, entretanto o recado é inequívoco.

A situação seria aviltante mesmo se fosse isolada. Fica pior quando lembramos que em 2018 Wallace e Maurício fizeram o número 17 com as mãos, em pleno Mundial, sem que houvesse maiores repercussões.

Carol sofreu um violento ataque ao seu direito de se expressar pacífica e democraticamente. Por extensão, todos nós sofremos.

Se alguém ainda acredita que a democracia só é ameaçada quando tanques viram a esquina, a era bolsonarista desfez esse clichê.

A simples prática da liberdade de expressão não causa alarido em sociedades afeitas às premissas democráticas. Nos Estados Unidos, a NBA aproveitou a audiência das finais para fazer campanha pelo voto nas eleições deste ano, e LeBron James divulgou o movimento Black Lives Matter.

Por aqui, as palavras de Otacílio Soares de Araújo, presidente do tribunal que puniu Solberg, revelam o quanto ainda precisamos evoluir em um quesito tão básico: “Ela está lá para falar do que ocorreu dentro da quadra, e não sobre a política brasileira ou mundial”.

Desde o dia 2 de janeiro do ano passado, virou lugar comum tropeçar na expressão “tempos estranhos”. Dois meses antes, 57 milhões de brasileiros escolheram para presidente um homem que louvou um torturador em pleno Congresso Nacional.

O momento merece inúmeros adjetivos, todavia estranho não é um deles.

Estranho seria se faltasse o gracejo presidencial sobre união estável com alguém que esconde dinheiro sujo na cueca. Ou se Robinho não apelasse para Deus e a demonização da Rede Globo, no melhor estilo bolsonarista. Se um tribunal não pretendesse intimidar uma atleta apenas por ela ter manifestado o que considera melhor para o seu país.

Carol está de parabéns.

E não está sozinha.

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