• Carregando...
Foto: Reprodução Facebook
Foto: Reprodução Facebook| Foto:

Se existe um assunto que durante a vida toda pouco dominei, para ser modesto na autocrítica, é a economia. Foi apenas por questões profissionais que de tempos para cá acabei me aproximando de alguns dos maiores especialistas no tema. Sorte a minha. Além de aprender um fiapo que seja no aspecto técnico, pude verificar o que significa genuinamente se preocupar com o Brasil. Ainda assim, peço licença a cada um, mas já está na hora de virar a página.

A reforma da Previdência é fundamental, uma vez que dela depende a própria sobrevivência do Estado. Necessária para interromper um ciclo perverso em que castas privilegiadas se perpetuam em detrimento dos mais pobres. Pede passagem, além disso, porque ilumina a força dos servidores públicos na esfera política e a importância de se combater esse tipo de lobby. Contudo, outras pautas precisam ter vez. Tanto pelo fato de que a proposta já passou, quanto porque despautérios comuns ao bolsonarismo assim o impõem.

O último diz respeito ao Itamaraty, essa instituição outrora sinônimo de excelência e boa fama para Vera Cruz. Refiro-me, é claro, à possibilidade de que Eduardo Bolsonaro assuma a embaixada nos Estados Unidos.

A simples hipótese é um descalabro. Pouco interessa se compõe mais um capítulo da doutrina “se-colar-colou”, adotada pelo presidente desde o início do mandato. Nem sequer cabe entrar no mérito da óbvia incapacidade do “03” para falar inglês corretamente, ou perder tempo com o argumento utilizado por ele próprio de que teria fritado hambúrgueres na América. Para além da chacota, Eduardo não reúne experiência diplomática alguma para ocupar qualquer embaixada. Tampouco para assumir o posto mais importante da diplomacia brasileira. Ponto.

Contudo, para meu dissabor, não foram poucos aqueles que ponderaram o segundo episódio de escancarado nepotismo no atual governo — não podemos nos esquecer de Antônio Hamilton Rossell e sua escalada de sucesso no Banco do Brasil. Houve inclusive quem visse astúcia na nomeação do mais jovem rebento de Jair Bolsonaro, e ainda tivemos que encarar um silêncio constrangedor sobre o caso por parte dos formadores de opinião engajados na defesa do governo.

As reformas econômicas e do Estado são determinantes, insisto. Se o país precisa atrair investidores e gerar empregos, tais objetivos só serão alcançados com sinalizações e medidas adequadas. Entretanto, é fundamental que também se dê atenção aos gargalos que só este governo é capaz de construir.

Afinal, a Educação já está no seu segundo ministro (ainda mais perigoso do que o anterior pelo destempero emocional e uma conduta inadequada para o cargo); o ministério do Turismo é comandado por alguém que é investigado por um suposto patrocínio de candidaturas laranja; Ricardo Salles relativiza o desmatamento e Damares Alves tem a sorte de contar com Ernesto Araújo como colega de ministério.

O debate sobre como chegamos ao ponto de sermos obrigados a fiscalizar desmandos de um governo tão populista quanto incompetente, que aposta na manipulação da massa para esconder um dos maiores estelionatos eleitorais em nossa democracia, é outro. Cabe agora olhar para o cenário de maneira mais ampla.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]