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A postura do secretário de Estado Mike Pompeo no Twitter logo depois dos ataques às refinarias de produção e processamento de petróleo na Arábia Saudita não deixa dúvida: no que dependesse dele, os Estados Unidos já estariam em guerra com o Irã. Vale dizer, o ex-conselheiro de segurança nacional, John Bolton, iria pelo mesmo caminho. Em 2015, Bolton chegou a publicar um artigo intitulado “To Stop Iran’s Bomb, Bomb Iran” (algo como “Para interromper o projeto de bomba do Iran, é preciso bombardear o Irã”).

Nesse sentido a escolha por Robert O’Brien para o lugar de Bolton não deixa de ser curiosa. O advogado, especialista em lidar com a extração de reféns americanos no exterior — em episódios que inclusive envolveram negociações em países como a Turquia, o Irã e o Iêmen —, tende a ser tão ideologicamente propenso a intervenções quanto o seu sucessor.

No fim das contas, porém, prevaleceu, como vem prevalecendo há três anos, o encaminhamento de um presidente que faz questão de tocar de maneira personalista a sua administração. Pompeo pode esbravejar, assim como Bolton esbravejava, mas o estilo de Trump não é o do confronto. Que O’Brien tome nota, caso não queria engrossar a fila dos conselheiros exonerados.

Em meio a uma retórica por vezes de difícil digestão, o presidente americano nunca deixou de vender aquela que é considerada por ele próprio a sua maior qualidade: a do bom negociador. De alguém capaz de conseguir sempre os melhores acordos para os Estados Unidos. Não se trata, portanto, do clássico isolacionismo que durante tanto tempo permeou a política externa americana. Tampouco da disposição para ser o policial do mundo.

Para arrepio de águias como Bolton, tal faceta se vê na relação pessoalmente costurada por Trump com a Coreia do Norte. E também na atual escalada tarifária com a China, bem como no embate com o Irã.

Trocando em miúdos, Washington não deve desafiar o Teerã para além do necessário. Preferencialmente, deve reforçar as sanções econômicas e isolar ainda mais o país. Caso fique comprovado o envolvimento nos ataques às refinarias, como apontam os sauditas e fontes do governo americano, quem sabe ataques pontuais sejam autorizados.

Além de sua natureza negociadora, Trump deve preservar outra questão a ele muito cara: a tentativa de reeleição em 2020. Afinal, para quem vem patinando nas pesquisas e começa a lidar com o fantasma de uma desaceleração econômica, uma guerra — acima de tudo em uma região do mundo que possa desestabilizar os preços dos combustíveis — não seria a melhor das estratégias.

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