Opinião

O que fazer agora que 2022 chegou

28/01/2022 18:49
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Este é o primeiro mês do terceiro ano da pandemia.
Não acredito que estou escrevendo isto!
Tudo me causa espanto nessa situação: o fato de vivermos uma pandemia, de ela durar tanto tempo e de já estarmos no novo ano, o 22º do século 21.
Você já se acostumou? Nem pensa mais nisso?
Tantos meses se passaram e não me acostumei e sigo sob o efeito do susto, talvez porque tendo a pensar nas experiências coletivas dentro de um contexto histórico. Meu pai nasceu na época da Grande Guerra de 1914-18, minha mãe me contou histórias da Guerra Mundial de 1939-45 e eu falarei para meus netos sobre como nos comportávamos na pandemia de 2020-2022. Não são tempos normais. Se é que existem tempos normais.
O espanto não é algo ruim. Ele me mantém desperta, atenta. O assombro diante da vida deveria ser o estado permanente do ser humano.
“Tem certeza, Marleth? 2022! Você está ficando velha, hem?” – quem diz isso sou eu mesma, lá atrás, naqueles primeiros 20 anos da minha vida que passei imaginando como seria meu futuro. Minha imaginação não ia muito além do ano 2000, a fronteira distante aonde eu chegaria aos 30 e poucos anos e com a vida ganha. Ah, o Brasil certamente teria progredido enormemente porque era, todos sabiam, o país do futuro. Lembra-se disso? Sendo assim, depois do ano 2000, tudo que vivo me põe perplexa porque está além do que antecipei naqueles anos de formação. Videochamadas, meta universo e derretimento dos polos -- sério?!
Quanto à pandemia, estou confiante de que estamos em uma situação favorável, de que o vírus está minguando. Mas ainda tem a nova variante, países fazendo lockdown, pessoas não vacinadas. Sendo assim, o ano começa como mais um que estará para sempre relacionado a essa experiência dolorida e inacreditável.
Tive receio de me acostumar tanto ao isolamento que fosse difícil retomar à vida normal. É um pouquinho estranho, sim, mas… Ah! Sair para a rua é natural! Abraçar é natural, comer e beber com os amigos é natural, viajar é natural. Não foi preciso reaprender os passos da dança que nascemos para dançar.
Sendo assim, estamos preparados para viver este Ano Novo de transição, este Ano Novo de alívio e de pressa de viver. Não há fórmula, respondeu Carl Jung a uma mulher que perguntava: como viver? Para a pergunta absurda que Jung, como psiquiatra, deve ter deduzido que vinha de uma mente desesperada, uma reposta simples: não tem receita, não tem como saber, mas faça a próxima coisa que for mais necessário fazer neste momento e você dará um passo significativo. A próxima coisa certa a fazer, o próximo passo, é o que nos mantém em movimento e nos dá segurança.
Que 2022 seja um ano bom para você.