Argentino, tatuado, anda de bicicleta e lidera o Campeonato Brasileiro
O Santos chegou a seis vitórias consecutivas no Campeonato Brasileiro ao bater o Avaí por 3 a 1. Com isso, assumiu a liderança isolada. Um imenso feito sob o comando de Jorge Sampaoli, técnico argentino rejeitado por alguns "colegas" brasileiros, aparentemente com receio de uma ameaça estrangeira à sua reserva de mercado.
Imaginem se ele levar os santistas ao título brasileiro. Seria algo capaz de encorajar dirigentes de muitos outros clubes a crer nos treinadores de outras nacionalidades. Não por acaso, há alguns dias o próprio Sampaoli chegou a falar sobre seu desejo de ser aceito pelos técnicos brasileiros, uma declaração que chega a assustar.
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Qual a razão para que alguém rejeite um profissional apenas pelo fato de ter nascido em outro país? "Eu só sei quem vai ser o próximo técnico da seleção brasileira: o Sampaoli. Por dois motivos: ele é tatuado e ele anda de bicicleta. Ah, além de tudo ele é argentino. Esse é o futebol brasileiro hoje", disse Levir Culpi, em maio, no canal Sportv.
A declaração estapafúrdia do veterano treinador ganhou enorme dimensão, beirando o absurdo pelo fato de o mesmo ter trabalhado no exterior. Levir esteve mais de uma vez no futebol japonês. A alegação de alguns envolve as portas fechadas para técnicos brasileiros em muitos mercados, reflexo do trabalho fraco da maioria deles.
No fundo parecem cientes de que os de fora podem fazer melhor, como o argentino está demonstrando. Enquanto Palmeiras, vice-líder, e Flamengo, terceiro colocado, contratam jogadores e só vendem quando querem, o Santos de Sampaoli perde atletas, como Rodrygo e Jean Lucas, que não voltaram após a Copa América e hoje atuam na Europa.
Além de encabeçar a tabela de classificação, o Santos joga um bom futebol, marca forte para recuperar a bola, não a rejeita, agride, busca gols, finaliza muitas vezes. Algo realmente diferente nesse mercado onde impera o chamado jogo reativo, com muitos times indo a campo para não perder. E quando fazem 1 a 0, não buscam outro gol, apenas tentam manter a vantagem mínima.
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Muitos treinadores brasileiros abraçaram a mediocridade. O futebol praticado no país regrediu taticamente, perdeu contato com o que se vê em outros campeonatos. A presença de Sampaoli já é um divisor de águas, e ele nem precisa ser campeão nacional para provar que um bom treinador pode reduzir a desvantagem financeira e técnica de um elenco para seus rivais.
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A vitória do Athletico sobre o Cruzeiro (2 a 0 em Belo Horizonte) foi a segunda seguida fora de Curitiba, algo raro. A reação rubro-negra atuando fora de casa vem em boa hora, pois na quarta-feira o desafio será enorme: baster o Boca Juniors na Bombonera para avançar na Copa Libertadores.
De qualquer forma, Tiago Nunes, treinador que não faz parte do grupo acima citado, que abraçou o futebol pobre de ideias; fez bem em escalar titulares para buscar três pontos no sábado. Afinal, seu time já é semifinalista da Copa do Brasil e pode se aproximar do bloco de cima no Brasileirão.
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O Cruzeiro por sua vez, na terça-feira terá pela frente o River Plate no Mineirão. Perdeu com time reserva para o Athletico, chegando a oito derrotas nos 16 últimos jogos, ou seja, perdeu a metade das partidas que fez no período. Além disso foram sete empates e apenas uma vitória, os 3 a 0 sobre o Atlético que permitiram ao time avançar na Copa do Brasil.
Com um dos mais caros elencos do futebol brasileiro, o bicampeão mineiro e do mata-mata nacional vai se segurando nas competições eliminatórias, com sofrível campanha na Série A. O Cruzeiro só não voltou à zona de rebaixamento nesta rodada porque Fluminense e Chapecoense não venceram seus jogos. Mano Menezes é o extremo do que faz Sampaoli no campeonato.
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