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Mauro Cezar Pereira
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Análise

Como desmontar um time vencedor por “culpa” dos jogadores

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Mauro Cezar Pereira
10/09/2020 00:23 - Atualizado: 29/09/2023 16:48
Athletico ficou no empate com o Botafogo.
Athletico ficou no empate com o Botafogo. | Foto: Gabriel Rosa/Foto Digital/Gazeta do Povo

Um time campeão não costuma ser montado rapidamente, mas desmanchar um grupo vencedor não é tarefa tão complexa. Campeão estadual, da Sul-americana e da Copa do Brasil nas duas últimas temporadas, o Athletico vencedor de 2018 e 2019 não existe mais, algo que fica bem claro a cada jogo da equipe atual, que chegou a sete jogos sem vencer, com cinco derrotas e dois empates, o mais recente nesta quarta-feira, 1 a 1 com o Botafogo, em casa.

Foi o primeiro compromisso do Furacão depois que seu presidente, Mario Celso Petraglia, utilizou o Twitter para tentar explicar a má fase do time no Campeonato Brasileiro. "O escritor Humberto Eco gênio nos legou uma frase lapidar : 'a internet deu voz e vez a imbecis!' Quando falo aqui não são para esses e sim para a maioria sensata e que ama seu clube e tem o sentimento de casamento, 'na alegria e na tristeza'", escreveu o mandatário rubro-negro.

Adiante, Petraglia acrescentou que está reformulando o time devido à saída de 16 jogadores que "não quiseram mais ficar, criaram casos e pressionaram a nível insustentável!" A pergunta que o torcedor sensato deve estar fazendo é: "Por que esses atletas queriam tanto deixar o Athletico? Afinal, o clube tem ótima estrutura, CT, estádio moderno e contas em dia, algo raro no cenário do futebol nacional. E viveu uma recente Era de conquistas.

O caso atleticano é curioso. O clube cresceu além das fronteiras paranaenses, ficou mais conhecido no Brasil e na América do Sul, ganhou títulos, teve várias participações em Libertadores, com presença em final inclusive, mas, pelo que diz o presidente, ainda não consegue ser atraente para jogadores em evidência. Fica claro que é chegada a hora de o Athletico dar um novo passo, evidentemente sem ultrapassar o tamanho das próprias pernas.

Ao mesmo tempo que revela, recicla, valoriza jogadores, o clube os vende sem pensar quando boas propostas aparecem. Ótimo para os cofres e reinvestimentos estruturais, ruim para o futebol, que vive de ciclos, em geral longos, com mudanças bruscas entre uma temporada e outra. Não por acaso foram 17 anos entre o título brasileiro de 2001 e a conquista seguinte além do Estado, a Sul-americana de 2018. Os vices da Série A e Libertadores foram há 16 e 15 anos, respectivamente.

Claro que é saudável o Athletico mantendo postura responsável, sem cometer loucuras, não admitindo contratações que envolvam salários acima daquilo que pode pagar. Mas parece estar passando da hora de destinar parte do faturamento em manutenção de jogadores estratégicos por mais algum tempo. E isso ocorre de uma maneira: pagando melhor. Se tantos queriam ir embora de um clube tão bem estruturado, certamente o lado financeiro pesou muito nesse desmanche.

Nikão virou vilão

Remanescente do time campeão nos dois últimos anos, Nikão foi vilão ao bater para fora pênalti nos instantes finais do jogo contra o Botafogo. O Athletico não jogou para vencer, o empate já estava bom pelo que foi a partida, que teve o time carioca finalizando mais e sendo mais incisivo no segundo tempo, mas ainda assim os rubro-negros desperdiçaram a chance de reencontrar a vitória. A entrada na zona de rebaixamento parece questão de (pouco) tempo.

Nikão perdeu penalidade na Arena. Foto: Gabriel Rosa/Foto Digital/Gazeta do Povo.
Nikão perdeu penalidade na Arena. Foto: Gabriel Rosa/Foto Digital/Gazeta do Povo.

Coxa escapa da derrota

O Coritiba também teve um pênalti nos instantes finais de um jogo movimentado, fora de casa, contra o Goiás. E ao contrário do rival, o aproveitou, em mais uma boa cobrança de Sabino, que nove minutos antes fizera, contra, o gol da virada do time goiano. Final: 3 a 3.

O Coxa jogava todo o segundo tempo com um homem a menos devido à expulsão de Rodolfo Filemon, que deu aos esmeraldinos a chance de diminuir quando perdiam por 2 a 0. A virada da equipe da casa veio nos minutos finais e o gol de penalidade máxima, nos acréscimos, salvou um pontinho valioso para o Coritiba.

Assim, o Atletiba e sábado, na Arena da Baixada, terá os dois rivais com oito pontos ganhos em 27 possíveis, remando para não entrar na zona da degola para a Série B.

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