colunas e Blogs
Mauro Cezar Pereira
Mauro Cezar Pereira

Mauro Cezar Pereira

Mauro Cezar Pereira

Seleções e datas Fifa “roubam” o calendário dos clubes pelo mundo

Por
Mauro Cezar Pereira
09/09/2018 20:39 - Atualizado: 29/09/2023 16:50
CBF
CBF

As seleções jogam demais. Nem sempre em qualidade, mas em quantidade, sim. Graças às chamadas “Datas Fifa“. Períodos de oito dias nos quais disputam dois jogos, valendo três pontos ou amistosos. Confederações nacionais jamais abrem mão desse calendário. Se não há peleja de eliminatória ou certame continental na agenda, marcam partidas amigáveis que proporcionam arrecadação de bilheteria, patrocinadores e direitos de transmissão pela TV.

Serão seis datas Fifa, ou seja, meia dúzia de partidas apenas no semestre seguinte ao encerramento da Copa do Mundo disputada na Rússia. Os períodos de oito dias vão de 3 a 11 de setembro, 8 a 15 de outubro e 12 a 20 de novembro. Antes, houve o intervalo de 31 dias dentro do qual foi realizado o Mundial e as semanas que o antecederam, mais os oito das Datas Fifa de março.

Ou seja, 63 dias de mobilização dos selecionados nacionais, que somados ao período de treinamento pré-Copa, para os brasileiros iniciado em 21 de maio, eleva a 86 o total de dias de seleção reunida em 2018. Se descontarmos o período de férias e a fase preparatória, aproximadamente 28% da temporada terá sido consumida pelo time da CBF ao final deste ano.

Até dezembro a equipe dirigida por Tite terá disputado 13 cotejos, que seriam 15 caso avançasse pelo menos à disputa pelo terceiro lugar na Copa. Nos anos 1950 e 1960, o time da então CBD (Confederação Brasileira de Desportos) chegava a fazer meros quatro jogos em um ano inteirinho, como aconteceu em 1955 e 1967, por exemplo. Os períodos sem entrar em campo depois dos Mundiais eram gigantescos na comparação com o que se passa atualmente.

A derrota para o Uruguai em 1950 foi a maior tragédia do futebol brasileiro até então. E o Brasil levou 630 dias para retornar a campo depois dela, o que aconteceu em 6 de abril de 1952, quando derrotou o México por 2 a 0 em Santiago. A partida valia pelo Campeonato Pan-Americano. Já após a vitória da Itália sobre o Brasil em 1982, o time canarinho demorou 297 dias para reaparecer, contra o Chile em amistoso no Maracanã.

Em 1986 a França superou, nos pênaltis, os brasileiros, que deixaram o Mundial realizado no México. Depois daquele jogo foram 333 dias até o encontro com a Inglaterra, em Londres, pela Taça Stanley Rous. Períodos longos até demais. Anos inteiros de preparação eram desprezados, pois a seleção nacional não se reunia, não jogava e, consequentemente, o planejamento voltado à Copa do Mundo seguinte era mais precário, improvisado. Tão exagerado quanto o que ocorre hoje.

Já em 2007, Dunga estreava 45 dias depois de o Brasil (de Carlos Alberto Parreira) ser (novamente) eliminado pelos franceses, na Alemanha. Foi no empate diante da Noruega, em Oslo. Em 2010, exatos 39 dias após a Holanda despachar os brasileiros na Copa da África do Sul, Mano Menezes aparecia pela primeira vez como treinador da CBF. O amistoso aconteceu em Nova Jersey, diante da equipe dos Estados Unidos.

Em Miami, contra a Colômbia, Dunga faria sua reestreia 55 dias após a seleção encerrar seu vexame na Copa de 2014, perdendo para a Holanda por 3 a 0 após os históricos 7 a 1 impostos pelos alemães. Sexta-feira, 62 dias após a Bélgica desclassificar sua equipe do Mundial da Rússia, Tite estava novamente à beira do campo no comando da equipe cebeefiana. Contra os americanos e no mesmo local onde Mano estreara oito anos antes.

Em 2019, os times que contam com atletas nascidos na África e selecionáveis ficarão sem eles por quase um mês, do dia 5 de janeiro até 1º de fevereiro, quando a Copa Africana de Nações será disputada. Quanto às Datas Fifa, serão 10, em março, junho, setembro, outubro e novembro. Mas não é só. De 14 de junho a 7 de julho acontecerá a Copa América. Isso significará 70 dias ou mais com jogadores à disposição da CBF. É muito. É demais!

CORITIBA

Coritiba Site Oficial

Na derrota fora de casa para o Vila Nova (2 a 1), mais uma atuação que não chegou a ser animadora, e o Coritiba se vê contra a parede. Com 36 pontos em jogo na Séria B, o Coxa está em nono lugar, a seis pontos da zona de acesso à primeira divisão. Com três dos quatro próximos jogos (Londrina, CRB, Avaí e Juventude) em casa (o time só sai para encarar a equipe alagoana em Maceió), é preciso desempenho próximo dos 100% para entrar de fato na briga por uma das quatro vagas na Série A 2019. A ficha caiu e a direção percebe alguns erros cometidos ao logo da temporada. O elenco está com o terceiro técnico no ano, é desequilibrado e o mercado não oferece opções de reforços. Não subir seria terrível, pois nos bastidores comenta-se sobre a possibilidade de a TV reduzir drasticamente as quotas para times da segunda divisão. O Coritiba, que recebeu R$ 40 milhões em 2018, poderia ficar com algo em torno de R$ 8 milhões (20% do montante atual) se não conseguir voltar imediatamente à chamada “elite”.

ATLÉTICO

Enquanto o Atlético, apoiado pelo Ministério Público, insiste na constrangedora proibição a torcedores visitantes em seus jogos na Arena da Baixada, a violência realmente ligada ao futebol segue forte e mais perigosa. Antes do jogo contra o Vila Nova, em Goiânia, ônibus de torcedores do Coritiba foram atacados em emboscada na divisa de Goiás com Minas Gerais a cerca de 250 quilômetros do local da partida. As rivalidades e uniões entre organizadas de diferentes Estados ampliam o alcance dessas ações, que deveriam ser o real foco de autoridades. Enquanto isso, quem apenas deseja acompanhar seu time no estádio atleticano sem ser rubro-negro não é bem-vindo. Por mais pacífico que seja esse torcedor.
*

Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação

Contra o Palmeiras o Atlético se empolgou, percebeu que poderia chegar à vitória e adiantou suas linhas, ocupando o campo palmeirense em pleno Allianz Parque. Com isso, cedeu terreno para o adversário, que teve o espaço desejado na jogada do gol que abriu o placar. Nesta segunda-feira, em visita ao Atlético Mineiro, o Furacão deverá ser muito pressionado e é improvável que o time da casa recue em busca do contragolpe como fez e faz a equipe paulista. A estratégia será, com toda certeza, diferente. O desafio é a execução de um bom plano de jogo em mais uma peleja longe de Curitiba, onde o time vem colecionando pontos desde que voltou a fazer da Arena um território onde consegue ser quase imbatível.

Leia também

>> Tabela detalhada do Brasileirão revela os ‘queridos’ da Globo

>>Globo lança pay-per-view de futebol pela internet a R$ 79,90

>> Ranking Brasileirão: os mais prejudicados e ajudados pela arbitragem

>> Ranking do calote: estudo revela clubes mais endividados do Brasileirão

>> Entenda critérios da Globo para transmissão de jogos do Brasileirão

>> Quanto seu clube irá ganhar de cota da Globo no Brasileirão 2019

>> Mercado da bola: quem seu time está contratando para o Brasileirão

>> Mercado da bola internacional: confira as negociações na janela da Europa

>> TABELA: confira todos os resultados e classificação da Série A

Veja também:
Coritiba estreia e Athletico levou choque de realidade
Coritiba estreia e Athletico levou choque de realidade
Titulares com Osorio perdem espaço após chegada de Cuca no Athletico
Titulares com Osorio perdem espaço após chegada de Cuca no Athletico
Coritiba tem o segundo elenco mais valioso e o mais jovem da Série B
Coritiba tem o segundo elenco mais valioso e o mais jovem da Série B
Os elencos mais valiosos da Série B 2024; veja o ranking
Os elencos mais valiosos da Série B 2024; veja o ranking
participe da conversa
compartilhe
Encontrou algo errado na matéria?
Avise-nos
+ Notícias sobre Mauro Cezar Pereira
Athletico pagou caro por não ter estratégias. E foi goleado pelo Galo nas finais
Análise

Athletico pagou caro por não ter estratégias. E foi goleado pelo Galo nas finais

Muricy, o áudio vazado e a defesa da gestão inconsequente do Corinthians
Análise

Muricy, o áudio vazado e a defesa da gestão inconsequente do Corinthians

Alemanha e Inglaterra sofrem com os antivacina e o vírus volta forte ao futebol
Análise

Alemanha e Inglaterra sofrem com os antivacina e o vírus volta forte ao futebol