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Mauro Cezar Pereira
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Dinheiro da TV deve continuar recheando cofres de Flamengo e Corinthians

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Mauro Cezar Pereira
18/11/2018 23:50 - Atualizado: 29/09/2023 16:50
ANTÔNIO CÍCERO/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO e Gilvan de Souza/Flamengo
ANTÔNIO CÍCERO/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO e Gilvan de Souza/Flamengo

A chamada “espanholização” do futebol brasileiro não se concretizou. Ela era a “ameaça” apontada por muitos dos que reclamavam da distribuição das quotas pagas pela televisão por direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro. Imaginavam uma disparada de milionários Corinthians e Flamengo, que mordem, há alguns anos, fatias significativas deste bolo, cuja distribuição vai mudar. E no primeiro momento não parece surgir a solução, pelo contrário.

A tendência é por algo inspirado no modelo da Premier League, que divide metade do dinheiro igualmente entre os 20 clubes da primeira divisão inglesa, um quarto de acordo com a classificação de cada time na temporada anterior e os outros 25% em função do número de partidas transmitidas. No Brasil, 40% da verba de TV aberta e fechada deve ser repartida em partes iguais, 30% pela colocação e 30% pela frequência na televisão.

Na Inglaterra, a temporada 2017/2018 teve o Manchester United vice na Premier League e dono da maior quota: £ 150 milhões. O clube ficou com £ 1 milhão a mais do que o Manchester City, embora este tenha erguido o troféu de campeão. Isso por que os jogos dos Red Devils transmitidos pela TV no Reino Unido foram mais numerosos e lhes renderam £ 7 milhões a mais na comparação com o rival azul da cidade. A menor quota foi do lanterna e rebaixado West Bromwich Albion: £ 95 milhões.

O clube que mais dinheiro levou ficou com pouco mais de uma vez e meia (1,58) da cifra destinada ao de pior faturamento. Na Alemanha, a Bundesliga registra distância ainda menor, 1,28 entre os extremos. Mas no Brasileirão ela é de 7,4 vezes. Em 2017, Corinthians e Flamengo ficaram com R$ 170 milhões, cada um, enquanto Atlético Goianiense, Avaí, Chapecoense e Ponte Preta receberam pelos direitos de televisão R$ 23 milhões cada.

Números detalhados pela Ernest & Young, com projeções que não animam quem esperava ver o dinheiro da TV no Brasil distribuído como entre ingleses e alemães. Ocorre que o bolo não é mais apenas aquele, da TV aberta, há outras receitas, que gerarão mais aos que têm mais torcida, como o pay-per-view. “A partir do próximo ano haverá a segregação dos direitos internacionais e das placas publicitárias, que permitirão aos clubes negociarem essas propriedades separadamente”, registra o estudo.

As projeções para o período de 2019 a 2021 apontam os dois times mais populares do país mantendo confortável liderança do ranking do dinheiro da TV, em que pese as discussões ainda em andamento com a Rede Globo e a existência de clubes que fecharam acordo com o grupo Turner.  Na avaliação da consultoria, o modelo que deve vigorar nos próximos três anos será “negativo” para Vasco, Grêmio, Cruzeiro, Atlético Mineiro, Internacional, Botafogo e Fluminense.

No caso do Santos, não se espera mudanças significativas. Os demais deverão sair ganhando, segundo a análise de Ernest & Young. Simulações mostram, por exemplo, o Flamengo campeão brasileiro em 2019 embolsando mais de R$ 327 milhões. Se ganhasse o campeonato deste ano, não chegaria a R$ 180 milhões. Mesmo ficando em 10º ou 16º os rubro-negros ganhariam mais, assim como Corinthians, São Paulo, Palmeiras…  O cenário é inverso para os clubes acima citados entre os que têm projeções negativas.

O estudo também mostra como seria a distribuição se o futuro modelo já estivesse em vigor no ano passado. Campeões, os corintianos, que levaram R$ 170 milhões, ficariam com R$ 266 milhões, 9,24 vezes mais do que os R$ 29 milhões dos clubes que menos receberiam, Avaí, Ponte Preta e Atlético Goianiense, que ficaram com R$ 23 milhões e teriam R$ 29 milhões cada. Em outra projeção, com base nos resultados do primeiro turno de 2018, o Flamengo, que levou R$ 170 milhões em 2017, teria R$ 263 milhões, ou 9,13 vezes mais do que Ceará e Paraná, ambos com cifras idênticas aos três de pior quota no ano passado.

E não é só. Clubes acostumados a receber parcelas mensais deverão embolsar a parte fixa no começo do ano e a variável no final. Não há como pagar antes o que depende de resultado, assiduidade na telinha e venda de pacotes. Quem não tem finanças organizadas sofrerá com fluxo de caixa, será muito complicado conseguir a manjada antecipação e até mesmo utilizar a receita futura de TV para obtenção de crédito nos bancos.

As cifras vão variar de acordo com a comercialização de pay-per-view e a quantidade de pelejas exibidas nas TVs aberta e fechada. Não se saberá qual o montante no primeiro semestre com mais dinheiro entrando na segunda metade do ano. O abismo continuará… a crescer.

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CORITIBA

André Rodrigues/Gazeta do Povo

Nos últimos dez jogos, quando o Coritiba precisava de uma sequência de vitórias que  manteriam vivas as chances de retorno à Série A, o time venceu três, perdeu outras três partidas e empatou quatro, com apenas 43% de aproveitamento na reta final. Vai permanecer na segunda divisão, repetindo o que acontecera em 2006, quando também não conseguiu o acesso. Mas em 2018 tem sido pior, pois o time nem passou perto de lutar para subir, ficou matematicamente fora antes da rodada final, ao contrário do que se viu há 12 anos, quando por dois pontos não ficou entre os quatro mais bem colocados.

E 2006 houve o reflexo da derrota para um clube muito pesado e que então também estava na segundona, o Atlético Mineiro, campeão daquela Série B e que na 36ª rodada bateu o Coxa em Curitiba por 3 a 2. Foi o resultado que inviabilizou o acesso à primeira divisão. Na temporada seguinte o Coritiba subiria como campeão, mas para repetir o feito, ou pelo menos ficar entre os quatro melhores em 2019, será preciso surpreender, como fez o Fortaleza, vencedor do atual certame e justamente o último adversário em Curitiba na rodada derradeira do campeonato. O time cearense veio da Série C e saltou para a elite direto, como campeão da B.

Como imaginar isso no ano que vem em meio à crise que já sinaliza com o corte da folha salarial em quase 50%, como anunciou o presidente Samir Namur em entrevista à Gazeta do Povo? E já que abordamos direitos de transmissão e percentuais, importante frisar que a quota de TV cairá em 77%!

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ATLÉTICO

Albari Rosa/Gazeta do Povo

Antes dos 2 a 1 sobre o Vitória, em Salvador, o Atlético tinha fora de casa campanha superior apenas à do lanterna, Paraná. Míseros sete pontos em 51 possíveis e o único time a não vencer um jogo sequer como visitante desde que os paranistas bateram o América em Belo Horizonte. A arrancada do Furacão no Brasileiro após a Copa é espetacular. O time se firmou com a quarta melhor campanha em seus domínios (era a 19ª jogando na Arena) e saltou para oitavo no geral — também era penúltimo quando o certame foi interrompido para a disputa do Mundial na Rússia.

Mas a diferença de comportamento dentro e fora de casa é um problema a ser resolvido para o futuro. Há quem diga que o gramado sintético favorece os atleticanos, algo discutível, afinal, o time já perdeu seis vezes em seus domínios neste ano. Como no CT do Caju há oito campos de treinamento, todos com grama natural (um novo, de gramado como o do estádio, está previsto para 2019), fica difícil acreditar no inverso, ou seja, que os atletas estranhem jogar num piso diferente do instalado na Baixada.

Comportamento, imposição de jogo na casa do oponente, são pontos a serem desenvolvidos. Uma boa chance para isso será o duelo com o Fluminense, dia 28, no Maracanã, valendo vaga na decisão da Copa Sul-americana

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PARANÁ

Com mando do Paraná, Grêmio, São Paulo e o virtual campeão Palmeiras, times do chamado bloco de cima, deixaram seis pontos neste Brasileiro. Em Londrina, na prática fora de casa, o lanterna e já rebaixado time paranista arrumou um empate diante dos palmeirenses, raro motivo de orgulho para sua torcida na reta final do campeonato.

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