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Mauro Cezar Pereira
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Opinião

Futebol voltou na Alemanha. O que impede que retorne também no Brasil?

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Mauro Cezar Pereira
17/05/2020 18:51 - Atualizado: 29/09/2023 16:48
Borussia goleou no seu retorno ao campeonato alemão.
Borussia goleou no seu retorno ao campeonato alemão. | Foto: Martin Meissner, AFP

A bola voltou a rolar na Bundesliga. Ao final do sábado que marcou a volta do futebol com jogos pelo Campeonato Alemão, o território germânico registrava 176.646 casos confirmados de COVID-19, com 2.124 a cada milhão de pessoas e 8.027 mortes. No Brasil, eram 233.511, ou 1.105 a cada milhão de habitantes e 15.662 falecimentos causados pela doença, fora subnotificações. Isso significa um morto por cada 10.340 alemães e um para 13.344 brasileiros.

A conclusão imediata, fria, é: no país europeu, proporcionalmente, morreram mais pessoas por causa do novo coronavírus do que por aqui. Então por que eles já retornaram ao futebol e no Brasil ainda não foi possível? É necessário observar esses números com mais atenção, pois os cenários são muito diferentes. Com um olhar mais profundo, consegue-se facilmente detectar as diferenças gritantes entre o momento vivido por eles e por nós.

Os alemães alcançaram seu pico em 28 de março, com 6.294 novos casos, número que despencou para 620 na medição mais recente, ou seja, 10% do que registrara no seu máximo. Quando os alemães chegaram lá, o Brasil tinha 487 atingidos pessoas por dia, mas sexta-feira superou o casa das 15 mil (15.305) e sábado bateu mais 14.919 confirmados. Isso significa que aqui a curva sobe, lá ela até subiu ligeiramente na terça-feira passada, mas tornou a cair.

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O Bayern de Munique venceu o Union por 2 a 0 neste domingo. Foto: Divulgação, Bayern
O Bayern de Munique venceu o Union por 2 a 0 neste domingo. Foto: Divulgação, Bayern

Fica claro porque os alemães puderam retornar ao futebol neste fim de semana e no Brasil isso ainda parece distante. Contudo, em território brasileiro as diferenças entre os estados é grande. Se no Amapá e no Amazonas são mais de 5 mil casos por milhão de pessoas, no Paraná não passam de 202, índice inferior apenas ao do Mato Grosso do Sul, com 194. Entre os que têm times na Série A, o Ceará apresenta quadro mais desanimador, com 2.740.

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Contudo o território paranaense atingiu seu pico de novos casos justamente no sábado que marcou a volta do futebol: 106. Há uma oscilação constante. Na segunda-feira, por exemplo, foram registrados 14. Fica evidente que mesmo em estados com números não tão assustadores, a curva ainda não despenca como na Alemanha e a bola, consequentemente, fica mais distante de voltar a rolar. Há, agora, expectativa pelos novos testes feitos nos jogadores da Bundesliga.

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Em campo, os jogos vêm sendo bem disputados, com atletas respeitando, em quase em todos os gols, o protocolo da comemoração, com cotovelos se tocando, sem abraços e celebrações das mais efusivas. Claro, houve um ou outro momento de distração, com atletas dando a mão para reerguer um colega ou companheiro, mas foram exceções.

Mainz e Colônia empataram em 2 a 2.
Mainz e Colônia empataram em 2 a 2.

"Gostei da qualidade de jogo do Mainz, mesmo eles sendo o 15º e o Colônia o 10º colocado. Diferença baixa de pontuação e jogo bem equilibrado. Sábado achei o Borussia Dortmund muito superior", disse no domingo à coluna o técnico Eduardo Barroca, do Coritiba, atento às partidas da Bundesliga. "Não senti perda de qualidade de jogo de uma forma geral pelo retorno".

Sim, é possível termos bons jogos, partidas interessantes, mesmo sem público e sob a ameaça do novo coronavírus. O retorno do futebol na Alemanha pode marcar a retomada internacional, mas o que acontece fora de campo ainda vai pautar quando será possível jogar novamente. E no Brasil, com distâncias tão grandes entre os estados, poderemos ter diversas voltas.

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