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Mauro Cezar Pereira
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Humanos tornam o VAR brasileiro insuportável e talento pesa para Fla e São Paulo

Por
Redação
11/08/2019 22:53 - Atualizado: 29/09/2023 16:49
Humanos tornam o VAR brasileiro insuportável e talento pesa para Fla e São Paulo
| Foto: ESTADÃO CONTEÚDO

A Premier League está de volta e no retorno do campeonato inglês, a liga mais rica, vista, disputada e atraente do mundo, a novidade é o VAR (sigla em inglês para Video Assistant Referee, o Árbitro de Vídeo). Os britânicos ficaram por dois anos discutindo a aplicação do recurso, treinando árbitros, uniformizando critérios, preparando tudo.

E os primeiros jogos têm sido um sucesso, com decisões corretas, rápidas e sem a pirotecnia que se vê na América do Sul. E com transparência. O que está acontecendo é compartilhado com público que está no estádio e telespectadores. Até as imagens com uso do software, que identifica com milimétrica precisão o posicionamento de cada jogador, são mostradas.

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Sábado, na goleada do Manchester City sobre o West Ham (5 a 0), a imagem congelada acusava, visualmente, impedimento de Sterling. Ela encheu a tela da TV e em seguida outra, com a aplicação do programa utilizado pela arbitragem de vídeo, também foi exibida. Por diferença insignificante, mas existente e assim documentada, concluíram que a posição do atacante era boa.

Na imagem da transmissão de TV, Sterling parece impedido, mas na do software não - Reprodução TV
Na imagem da transmissão de TV, Sterling parece impedido, mas na do software não - Reprodução TV

O gol valeu, sem deixar margem para grandes polêmicas. Alguém pode discutir se esses detalhes mínimos devem ser considerados, o que pela regra obviamente deve. Outros podem sugerir mudanças nas mesmas, algo razoável diante de uma nova realidade que disponibiliza precisão que o olho humano não é capaz de oferecer. Fato é que o início do VAR inglês é exemplar.

Se lá os árbitros evitam ir à cabine com monitor à beira do campo, aqui isso é comum. Quando as equipes vão aos estádios atuar em jogos da Premier League, elas devem trabalhar como tal. Isso, como times de árbitros que se ajudam, que procuram critérios próximos, a ponto de uma avaliação feita com uso do vídeo ser transmitida pelo rádio ao juiz da partida e este acatá-la.

No Brasil, como em competições internacionais sul-americanas, os árbitros parecem querem morar naquela casinha perto da linha lateral. Alertados por qualquer coisa, costumeiramente vão até ela e lá permanecem por minutos, vendo e revendo, falando e debatendo pelo radiocomunicador. Um debate entre os responsáveis pela arbitragem se estabelece.

Tempo preciso é perdido nessas horas, um horror. O futebol é maltratado pelo misto de incompetência, insegurança e falta de um padrão na avaliação de lances. Se na Inglaterra o que a turma do VAR passa a que está dentro do campo é acatado, por aqui é apenas mote para uma longa discussão sobre o que foi e o que não foi. Isso, em geral, sem a televisão mostrar os replays.

Nesses momentos, o árbitro vira uma grande estrela em campo. O cidadão vai até a casinha, vê e revê o lance enquanto os torcedores prendem a respiração, repentinamente ele sai da cabine e volta para a cancha. Para, faz pose, abre os braços, desenha, no ar, uma tela de TV imaginária e dá sua sentença. A torcida vibra, ou lamenta. É como se o apitador fizesse um gol!

Parece que tal protagonismo, esses (muitos) minutos de fama fazem bem ao ego dos árbitros, que tantas vezes repetem os já conhecidos gestos. Com a chegada do VAR inglês e sua discrição inicial, o exibicionismo confuso sul-americano fica ainda mais evidente. Um verdadeiro pé no saco, algo que maltrata o futebol, inverte papéis e tira o destaque de quem o merece, os jogadores.

Há situações que superam o ridículo, como no gol de Eduardo Sasha, sábado, abrindo o placar para o Santos diante do São Paulo. Ali a missão da arbitragem parecia ser a de provocar uma broxada na emoção do gol. A auxiliar Neuza Back correu para o meio do campo, acertou em cheio ao observar o tento legal do santista. E sem ver replay algum! Mas…

Naquele momento o árbitro Raphael Claus (que é bom para o padrão nacional) agiu com indecisão, evidenciada por seus gestos. Não se sabia se ele validaria o gol, ou não. Sua ação serviu apenas para impedir a euforia pelo tento santista, que não foi comemorado pelos atletas. Pior, Cuca, técnico são-paulino, interrompeu a corrida da bandeirinha para questioná-la.

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Um absurdo. Em seguida, com os árbitros de vídeo confirmando a posição legal de Sasha, o gol foi confirmado e timidamente celebrado depois daquele balde de água fria. Óbvio que Claus deveria acatar a sinalização da auxiliar e, se alertado pelo VAR, anular o tento se com o vídeo fosse constatado impedimento. Detalhe: na primeira repetição do lance pela TV a condição legal estava clara.

Um lance no qual a turma do vídeo sequer precisaria do software. Se o árbitro fosse para o meio do campo, paralela à festa do gol feita pelos jogadores do Santos o pessoal do VAR lhe informaria pelo rádio: "gol legal"! Trapalhada desnecessária e inexplicável, cuja função única foi esfriar terrivelmente o primeiro grande momento de um belo jogo, algo raro em terra brasilis.

Na transmissão do pay-per-view, o ex-árbitro Paulo Cesar de Oliveira, que atuava como comentarista do apito, destacou a decisão certa da arbitragem ao validar o gol. Contudo, não faz qualquer menção à confusão feita, que impediu a comemoração. É importante que os profissionais encarregados de avaliar o trabalho dos apitadores sejam mais críticos. Só assim isso pode melhorar.

Domingo no Rio de Janeiro estava valendo puxão de camisa, sábado não: falta de critério - Reprodução TV
Domingo no Rio de Janeiro estava valendo puxão de camisa, sábado não: falta de critério - Reprodução TV

Domingo de reclamações do Athletico na derrota (2 a 1) para o Botafogo, no Rio de Janeiro. João Paulo puxou a camisa de Braian Romero e o VAR nem foi acionado! Douglas Marques das Flores e seu árbitro de vídeo, Marcio Henrique de Gois, ignoraram o lance. No dia anterior, no Maracanã, Braulio da Silva Machado deu, acertadamente, pênalti de Pablo Marí, do Flamengo, em David Braz, do Grêmio. No VAR estava Rodrigo D'alonso Ferreira. O motivo: puxão de camisa. Critério? Não há.

A arbitragem de vídeo no Brasil tem sido insuportável. Pela demora nas decisões, devido à ida constante dos apitadores à cabine localizada à beira do campo de jogo, pela pirotecnia que cerca as decisões tomadas com vídeo. Os ingleses escancaram ainda mais tamanha incapacidade demonstrada pelos brasileiros. O problema não é o VAR, o equipamento, mas alguns dos humanos que o operam.

*****

O São Paulo venceu o Santos (3 a 2), interrompendo uma sequência de sete vitórias seguidas do time de Jorge Sampaoli, que estava invicto a oito cotejos. Boa atuação tricolor no segundo tempo, mas o triunfo dificilmente viria sem o talento de alguns de seus jogadores, especialmente Alexandre Pato, com duas finalizações cirúrgicas, para poucos, além de tomar a bola de um atrapalhado Aguilar no terceiro tento são paulino.

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No Maracanã, diante de um Grêmio cheio de reservas, o talento de Arrascaeta, com passe a ele dado por Filipe Luís, Bruno Henrique, Gérson e Everton Ribeiro construiu a vitória por 3 a 1. Qualidade individual pesando enquanto Jorge Jesus monta a equipe. Sem o jogo coletivo ideal, os melhores jogadores vêm resolvendo, como diante de Emelec e Botafogo. Até o discutido Willian Arão foi bem e tem crescido com o técnico português.

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O Athletico colocou duas taças internacionais em sua sala de troféus em intervalo pouco superior a meio ano. Depois da Copa Sul-americana, em dezembro, trouxe do Japão a "Levain Cup", antiga Copa Suruga. Importante para o clube, que amplia o conhecimento de seu nome além-fronteiras e quarta-feira tenta chegar a mais uma final de Copa do Brasil, com o primeiro duelo diante do Grêmio. Se outros clubes fazem pouco caso desses títulos, problema deles.

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