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Inacreditável, em 2020 Luxemburgo minimiza racismo no futebol: “Bobagem”

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Mauro Cezar Pereira
04/06/2020 18:03 - Atualizado: 29/09/2023 16:48
Inacreditável, em 2020 Luxemburgo minimiza racismo no futebol: “Bobagem”
| Foto: Cesar Greco/Palmeiras

Libertadores 2014, o volante Tinga, então no Cruzeiro, teve que ouvir torcedores peruanos do Real Garcilaso imitar sons de macaco quando ele pegava na bola. No mesmo ano, Daniel Alves defendia o Barcelona e um hincha do Villarreal arremessou uma banana em sua direção. O brasileiro a comeu e disse mais tarde. “Estou na Espanha há 11 anos e há 11 anos é dessa maneira”. David Campayo Lleo, de 26 anos, foi preso e enquadrado no código penal da Espanha.

Três anos antes, a mesma fruta foi atirada em campo na direção de Roberto Carlos quando defendia o Anzhi, que enfrentava o Krylia Sovetov. E ele não vivia tal situação pela primeira vez no Campeonato Russo. De volta a 2014: gestos imitando macacos nas arquibancadas da Arena do Grêmio revoltaram o então goleiro do Santos, Aranha. Flagrados pelas câmeras de TV, tricolores foram identificados e responderam por injúria racial.

Aranha na Arena do Grêmio, em 2014. Folhapress
Aranha na Arena do Grêmio, em 2014. Folhapress

Esses são apenas alguns dos muito casos de racismo no futebol. O Observatório da Discriminação Racial no Futebol registro 56 episódios de injúria do gênero no ano passado. Na comparação com 2018 foram 12 a mais, um novo recorde e crescimento de 27,2%. O relatório lembra que, na temporada Taison, do Shakhtar Donestk, sofreu ofensas racistas na Ucrânia quando jogava contra o Dínamo Kiev. E acabou expulso, além suspenso por um jogo.

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O Observatório cita, ainda o zagueiro Marcelo, que se deparou com um torcedor de seu próprio clube, o Lyon, que invadiu o campo com um cartaz contendo a imagem de um burro pedindo para que deixasse o clube francês. O holandês Memphis Depay, capitão do time, arrancou o que estava nas mãos do sujeito. Com jogadores de outras nacionalidades não é diferente. Que diga Mario Balotelli, alvo de frequentes insultos em jogos do Brescia.

Pois em entrevista ao Estado de S. Paulo, publicada na Gazeta do Povo, Vanderlei Luxemburgo ouviu a seguinte pergunta: Vários atletas se manifestaram contra o racismo dias atrás. Você acha importante atletas e entidades se posicionarem?"

A resposta: "Essa questão aflorou muito nos Estados Unidos. É uma discussão bem doida para se chegar ao consenso. O que houve lá foi brutal, foi uma covardia. Aqui no Brasil existem algumas situações. Mas eu vejo em algumas situações que se tratam como racismo o que é totalmente desnecessário se tratar como racismo. Isso o que aconteceu é racismo. Existiu uma ira, uma raiva. Da mesma forma como morreu, morre muito branco também de formas agressivas, de sacrificar. É complicado, muito complexo. Eu discuto muito no futebol, que é a minha área. Acho que os atos de racismo no futebol são provocados e eu achava que deveriam ser deixado de lado. Dão muito prestígio, muito moral à maneira como se trata o racismo no futebol. Nada mais é do que uma bobagem, ao meu ver. Aquilo, sim, que o cara fez (nos Estados Unidos) é racismo puro. Mas no futebol o cara brincar com o outro, gozar o outro para desestabilizar o camarada, dizer que aquilo ali é ato de racismo, não sei. Mas é uma discussão longa"

Como assim os atos de racismo no futebol deveriam ser deixado de lado? Uma bobagem? É isso mesmo? Há dúvidas sobre a existência de racismo quando, por meio de termos racistas, alguém resolve "brincar com o outro, gozar o outro para desestabilizar o camarada"? Nessa resposta difícil de definir, se ingênua ou sincera, o treinador do Palmeiras mostra como o racismo entranhado na sociedade e no esporte deve ser igualmente combatido. Se um dia foi tolerado, o mundo mudou e o que era aceito no passado não se permite mais. Entendeu, Luxemburgo?

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