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Mauro Cezar Pereira
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Série A

Liderança estrangeira: Sampaoli, no Santos, e Jesus, no Fla, dominam o Brasileirão

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Mauro Cezar Pereira
18/08/2019 23:40 - Atualizado: 29/09/2023 16:49
Argentino Sampoli, no Santos, e português Jesus, no Flamengo, lideram o Brasileirão
Argentino Sampoli, no Santos, e português Jesus, no Flamengo, lideram o Brasileirão | Foto: Montagem com fotos de Felipe Correira e Edu Andrade/Estadão Conteúdo

Jorge Sampaoli foi apresentado técnico do Santos em 17 de dezembro, em meio às férias dos jogadores, portanto, começou seu trabalho no Brasil quando o elenco retornou, em 2 de janeiro.

Ao lado de seus auxiliares, Pablo Fernández e Carlos Desio, e dos preparadores físicos, Jorge Desio e Marcos Fernández, de cara o argentino colocou o time para treinar. Atividades intensas, com a bola e sem ela, marcaram o contato inicial entre o treinador e seus novos comandados.

Os jogadores santistas perceberam, instantaneamente, que começava ali algo fora do padrão que impera no futebol praticado no país. E que não demorou a realçar no campo de jogo quando a equipe foi para lá.

Sampaoli durante derrota do Santos para o Cruzeiro. Foto: Felipe Correia/Estadão
Sampaoli durante derrota do Santos para o Cruzeiro. Foto: Felipe Correia/Estadão

O Santos versão 2019 não rejeita a posse de bola, busca recuperá-la imediatamente após perdê-la, agride, ataca, faz muitos gols, se arrisca. E longe de ter o melhor elenco, mas sim com perdas de jogadores que o clube não conseguiu manter, lidera o Brasileirão.

Jorge Jesus foi anunciado treinador do Flamengo em 1.º de junho, quando a paralisação da Série A para a disputa da Copa América se aproximava.

Começou a trabalhar no Centro de Treinamentos do clube 19 dias depois e com os atletas após três semanas, quando se reapresentaram após alguns das de folga. O time que se propôs a jogar de forma reativa, ou seja, mais fechado, esperando e reagindo à iniciativa de ataque do oponente, mudou radicalmente sua forma de atuar.

Jorge Jesus observa seus comandados durante a goleada sobre o Vasco Foto: Edu Andrade/Estadão Conteúdo
Jorge Jesus observa seus comandados durante a goleada sobre o Vasco Foto: Edu Andrade/Estadão Conteúdo

Os rubro-negros também passaram a jogar de maneira mais ofensiva, brigando pela recuperação da bola, adiantando seus jogadores, se expondo com os amplos espaços atrás da linha de defesa, mas buscando o gol sem parar.

Hoje detém o melhor ataque da competição mais importante do Brasil, tem o artilheiro (Gabigol), o vice (Bruno Henrique) e um dos mais desequilibrantes homens do certame, Arrascaeta, que antes da chegada do europeu costumava frequentar o banco de reservas.

Mesmo batido por São Paulo e Cruzeiro nos dois últimos compromissos, o Santos de Sampaoli é o primeiro colocado no Brasileiro. O Flamengo de Jesus já está em segundo. Líder e vice-líder, dois estrangeiros, um com elenco forte, certamente um dos melhores do Brasil ao lado do Palmeiras; outro que passa longe disso.

TABELA: confira a classificação e os próximos jogos do Brasileirão

O argentino tem quase oito meses de trabalho, o português ainda não chegou a dois. Verdade, ambos já sofreram eliminações em torneios de mata-mata, mas também é fato que suas equipes evoluíram e sinalizam que podem ir além.

O contraponto disso? Cinco empates e uma derrota, cinco pontos em 18 possíveis: é o Palmeiras pós-Copa América.

Luiz Felipe Scolari parece refém de uma forma de jogar, com forte rejeição à bola, jogo de lançamentos, bolas esticadas da defesa para o ataque, desprezo em alguns momentos à capacidade técnica de seus meio-campistas. Fica evidente que o campeão brasileiro tem material humano para fazer mais, para diversificar seu jogo, mas pura e simplesmente não o faz.

O campeão nacional não mostra repertório porque tem um comando técnico praticamente monotemático. Sábado, diante dos reservas do Grêmio, um time misto palmeirense foi a campo em Porto Alegre, fez 1 a 0 com Dudu, mas ficou nisso. Até finalizou, mas não ampliou. Como não gosta de ficar com a pelota e a equipe de Renato Gaúcho Portaluppi a adora, vimos os gremistas rondando a área alviverde por longos minutos. Não furaram o bloqueio defensivo, mas empataram com um gol de fora da área.

O tento de David Braz tirou do Palmeiras a segunda posição. O declínio, para muitos inexplicável, é, na verdade, de fácil compreensão. O estilo, a estratégia adotada em 2018, que levou ao título brasileiro e a fracassos em mata-mata, que se estendem em 2019; bastou no ano passado.

Agora não tem sido suficiente. E justamente porque há um par de fatos novos por aqui. Um técnico argentino e um português. Ambos estão à frente de Luiz Felipe Scolari e dos outros 17 times da Série A.

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Festa são-paulina na estreia de Daniel Alves, autor do único gol do jogo na vitória sobre o Ceará. Em mais um capítulo do polêmico VAR (sigla em inglês para Video Assistant Referee, o Árbitro de Vídeo), o apitador de Pernambuco Gilberto Rodrigues Castro Júnior não deu pênalti do goleiro são-paulino Tiago Volpi em Felippe Cardoso.

Jogo equilibrado, inclusive em posse de bola (57% a 43%) e finalizações (12 a 10) e vitória importante, mas que não chega a ser convincente.

Daniel Alves estreou com a camisa dez e fez o gol da vitória do São Paulo sobre o Ceará, em novo jogo com polêmica do VAR. Foto: Paulo Pinto/São Paulo F.C
Daniel Alves estreou com a camisa dez e fez o gol da vitória do São Paulo sobre o Ceará, em novo jogo com polêmica do VAR. Foto: Paulo Pinto/São Paulo F.C

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Rogério Ceni estreou com vitória no Cruzeiro. O time que tinha média de 10,6 finalizações por jogo do Brasileiro com Mano Menezes, arrematou 19 vezes e venceu o líder, Santos, por 2 a 0. Nas 20 partidas anteriores, o campeão mineiro e da Copa do Brasil vencera apenas uma peleja. Claro que pesou a expulsão de Gustavo Henrique após falta em Pedro Rocha e consulta ao VAR feita pelo árbitro Anderson Daronco. Mas independentemente disso, ficou clara a postura mais ofensiva do time mineiro, que saiu da zona de rebaixamento.

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Eliminado da Libertadores e precisando vencer o Grêmio, dia 4 de setembro, em Curitiba, por pelo menos mais de um gol de diferença, o Athletico venceu o Atlético-MG sábado e precisa olhar com mais carinho para a Série A.

TABELA: veja o chaveamento completo do mata-mata da Copa do Brasil

Embora tenha chances de ir à final da Copa do Brasil, o confronto decisivo ainda está distante, e pontuar ao máximo até lá é vital para que o time brigue pelas primeiras posições no campeonato.

Quarta-feira, em casa, diante do São Paulo, e sábado, em Porto Alegre, contra os reservas gremistas, jogos que podem colocar o Furacão entre os cinco ou seis mais bem colocados, com objetivos importantes e metas factíveis, mesmos se não conseguir superar a fase semifinal do mata-mata nacional.

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Athletico de Tiago Nunes precisa olhar com mais carinho para a Série A. Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Athletico de Tiago Nunes precisa olhar com mais carinho para a Série A. Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

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O Coritiba se lançou na luta pela liderança da Série B, e parece mesmo disposto a brigar pela volta à primeira divisão. Com bons resultados, o técnico Umberto Louzer saiu em defesa do seu atual titular sob as traves, Alex Muralha, emprestado pelo Flamengo. Disse o treinador que o arqueiro foi vítima de críticas covardes.

Louzer disse que Muralha foi alvo de críticas covardes na época de Flamengo. Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Louzer disse que Muralha foi alvo de críticas covardes na época de Flamengo. Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Pode até ter razão em suas palavras, mas isso não anula o fato de conhecimento público: o goleiro caiu em desgraça após inúmeras más atuações, falhas e gols sofridos que comprometeram sua ex-equipe. No Coxa, encontrou um clube que, como ele, busca o resgate.

TABELA: confira a classificação e os próximos jogos da Série B

É importante motivar o profissional, mas não parece aconselhável fazer de conta que ele não mereceu ser criticado. O melhor caminho para a recuperação de Muralha passa pela noção exata de que falhou, algumas vezes por desatenção, preciosismo ou displicência. Se esquecer isso, corre o risco de tropeçar nas mesmas pedras que o derrubaram lá atrás.

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