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O que significa ser conservador? Parte 2
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“Missionários de um mundo pagão
Proliferando ódio e destruição
Vêm dos quatro cantos da terra.”

(Uns e outros)

No último post apresentei uma das versões do conservadorismo, aquela de caráter mais moralista, que deveria estar restrita ao âmbito da vida privada.

Há um outro sentido, que se volta para a vida pública. Este outro sentido se subdivide em duas espécies. O conservadorismo político do status quo, e, o conservadorismo como prudência.

Tanto um, quanto outro não são ideologias, mas, sim posicionamentos em relação a uma realidade ou a uma ideologia.

O primeiro é o que prega a manutenção de uma certa conjuntura institucional e a preservação do poder daqueles que o exercem. Em nível federal, seria conservador o defensor intransigente da Presidente Dilma, que acredita que sua ideologia (mais à esquerda) deve ser aprofundada. Em nível estadual, seria o defensor do Governador Beto Richa.

É interessante perceber que, nesta acepção, ser conservador pode significar tantas coisas, quantas forem as pessoas e as ideologias que se quer preservar no poder.

O segundo sentido do conservadorismo (prudência) tem algumas vantagens sobre o primeiro. Ele não é estático e incondicional. Trata-se mais de uma reflexão sobre as instituições, suas funções, promessas (cumpridas ou não) e, o que é mais importante, apresenta críticas construtivas ao que poderia ser melhorado.

O conservador prudente, para criticar precisa ter uma visão ideológica bem construída. Sem levá-la ao extremo (como fazem os que defendem o status quo), exercita a autocrítica e reconhece não ser o dono da verdade. Está disposto a ouvir e não só a falar (como os demais conservadores, os reacionários e os revolucionários). Dispõe-se contra mudanças abruptas nas instituições, quando elas representam rupturas à margem da legislação, muitas vezes fundadas por clamores inconsequentes.

De certa forma, um conservador prudente também é um reformador, porque está disposto a construir alternativas ao que está posto, sem abdicar das suas crenças políticas (que podem ser liberais, igualitárias, utilitaristas, etc).

Tentar estabelecer pontos comuns para uma discussão não significa renunciar à própria consciência, mas, uma forma de alcançar consenso em situações controversas que podem levar a um cenário institucional pior do que o do presente. Este conservador é consequente, está atento ao tempo histórico e aceita o debate para alcançar mais paz e prosperidade para a sociedade. Não é nem revolucionário, nem reacionário.

Infelizmente, nos últimos tempos os conservadores prudentes estão escassos. O que se tem é o debate de surdos. Muito grito e nenhuma compreensão.

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