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Andre Inohara

Andre Inohara é cofundador e CEO da Inovasia, consultoria de educação executiva que ajuda empresas brasileiras a se conectar aos modelos mais disruptivos de negócios na Ásia. Antes de criar a Inovasia, André atuou como assessor de comunicação na Amcham, a Câmara Americana de Comércio para o Brasil, e ajudou a criar o conteúdo multiplataforma da entidade. É jornalista e administrador, com MBA em Informações Financeiras pela FIA (Fundação Instituto de Administração) e pós-graduação em Comunicação Digital pela ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).

Super app

App faz-tudo na China, WeChat investe pesado em social commerce

02/12/2020 20:01
É por meio dos superapps que os chineses acessam os mais
variados serviços. Desde conversar online até pedir táxi, fazer supermercado,
transferir dinheiro e reservar mesa no restaurante, tudo é possível ao alcance
de um ou dois cliques. Tem mais: superapps como o WeChat (conversa), Alipay
(pagamentos) e Meituan (compras) também permitem que o usuário procure emprego
e até paquere online!
Pegando os exemplos mencionados, cada um deles foi projetado
inicialmente para funções específicas, como conversar, pagar ou comprar online.
Ocorre que todos os grandes players chineses, como Tencent (comunicação), e
e-commerces, como Alibaba, JD.com e Pinduoduo, investem muito em
funcionalidades novas, como parte da estratégia de fidelizar e reter os
usuários nas respectivas plataformas.
Pois nessa feroz disputa pela preferência do consumidor no
e-commerce da China, a líder em serviço de mensagens Tencent investe pesado
para deixar o seu superapp de conversas WeChat mais interativo e preparado para
o social commerce, que vem a ser a promoção e venda de produtos pelas redes
sociais.
Na China, o potencial do social commerce é assombroso. Segundo a agência de inteligência de mercado Emarketer, as vendas no varejo via social commerce devem atingir 242 bilhões de dólares em 2020 e praticamente dobrar em 2023, movimentando 475 bilhões de dólares. Outro dado da agência é que as vendas por meio de aplicativos sociais representam 11,6% das vendas totais do comércio em 2020 e devem chegar a 14,2% até 2023.
Para aperfeiçoar o social commerce dentro do WeChat, a Tencent
adquiriu o motor de busca Sougou e incluiu a opção dentro das janelas de
bate-papo. Além da pesquisa no aplicativo, a Tencent lançou no fim de novembro
um recurso de hashtag que redireciona os usuários de uma janela de bate-papo ou
postagem do serviço WeChat Moments (imagens) para o tópico escolhido. As hashtags
também podem fazer referências de conteúdo no Wechat Channels, o serviço de
feeds de vídeo que começou a oferecer funções de livestream em outubro.
A Tencent não nasceu como empresa de e-commerce. Mas, dada a
característica do mercado chinês de concentrar várias funções em plataformas, o
caminho das vendas online é visto como natural pelo mercado. Com 1,2 bilhão de
usuários ativos, o WeChat é o maior serviço de conversas da China e um grande ponto de contato social para
publicidade e promoções.
Mesmo sem ter
nascido como e-commerce, no ano passado a Tencent gerou vendas de 800 milhões
de renminbi (em torno de 120 milhões de dólares) em GMV – gross merchandise
value
, indicador que mede o volume bruto de mercadorias vendidas em uma
loja virtual. O resultado comercial produzido pelo WeChat foi três vezes
maior que o de 2019 e faz da Tencent a quarta maior plataforma online de vendas
da China, ficando atrás apenas dos varejistas online Alibaba, Pinduoduo e JD.com.
O objetivo da Tencent é cobrir todo o ciclo de e-commerce dentro do seu aplicativo e
oferecer um ambiente virtual completo para que as marcas tenham um lugar para
vender, interagir e se envolver com usuários. A Tencent tem um “DNA social” que
se torna uma grande vantagem competitiva, disse George Xie, alto
executivo de marketing da Tencent. "Sempre
que há menos redirecionamento no processo de compra do consumidor, há uma
conversão maior", disse Xie.
Quando a
jornada de compra do usuário começa com conteúdo compartilhado por amigos ou comentários
das lojas online, a descoberta e o engajamento são mais naturais, acrescenta o
executivo. Na China, a cultura de compartilhamento e pesquisa de opiniões de
compra é muito forte. “Referências de amigos ou promoções de lojas autorizadas
são reconfortantes para os consumidores chineses, que estão muito conscientes
da qualidade e autenticidade do produto.”
O sucesso do
social commerce na China mostra um caminho aberto para o e-commerce brasileiro.
De acordo com a Nielsen, as redes sociais são a segunda referência de
compra online dos brasileiros. Só perdem para os sites de busca. Aqui, o
Facebook e o Instagram são os grandes impulsionadores de compras em ambientes
sociais e os usuários brasileiros têm alto grau de sociabilidade virtual.
A vantagem é que não é preciso esperar por ferramentas integradas nos aplicativos para investir em social commerce. A marca que souber conversar e gerar o melhor conteúdo na rede social preferida dele vai sair na frente.

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