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Andre Inohara

Andre Inohara é cofundador e CEO da Inovasia, consultoria de educação executiva que ajuda empresas brasileiras a se conectar aos modelos mais disruptivos de negócios na Ásia. Antes de criar a Inovasia, André atuou como assessor de comunicação na Amcham, a Câmara Americana de Comércio para o Brasil, e ajudou a criar o conteúdo multiplataforma da entidade. É jornalista e administrador, com MBA em Informações Financeiras pela FIA (Fundação Instituto de Administração) e pós-graduação em Comunicação Digital pela ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).

Crescimento do 5G

Por que a Apple está em alta no mercado chinês de smartphones

15/10/2020 13:15
Existem duas tendências no mercado chinês de celulares atualmente, e a primeira é a grande preferência por aparelhos 5G. Nos próximos meses, os consumidores chineses vão trocar seus smartphones por versões mais modernas e compatíveis com a rede 5G, que já está disponível no país para 210 milhões de habitantes, segundo o instituto Counterpoint Research. O 5G está em expansão na China, mas hoje estamos falando de 15% da população chinesa que tem acesso à banda super veloz de internet. Isso equivale a um Brasil inteiro de pessoas conectadas à nova rede.
Hoje, a China é o único mercado de telefonia no mundo que apresenta crescimento. De acordo com os analistas da Counterpoint, mais de 50% das vendas globais de aparelhos 5G virão do gigante asiático.
Por lá, quase 14 milhões de unidades de telefones celulares 5G foram entregues nas residências em julho, de acordo com a Academia Chinesa de Tecnologia da Informação e Comunicações. Ainda segundo a empresa, no período os smartphones 5G responderam por 62,4% das vendas totais de celulares e ultrapassaram o patamar de 60% de vendas pelo segundo mês consecutivo.
A segunda tendência é que os celulares 5G da Apple serão muito procurados. O mercado de smartphones é amplamente liderado pelas chinesas HOVX – Huawei, Oppo, Vivo e Xiaomi – e a Apple tem 8% de participação. Não é pouco, se considerarmos que a HOVX detém quase 90% de todo o mercado e a Apple é a única marca estrangeira com presença comercial relevante.
Nesse ano, a Apple ganhou terreno com o grande sucesso dos iPhone SE, que caiu no gosto popular, e o iPhone 11. A linha de aparelhos teve um forte desempenho comercial devido a uma redução de preços no início do ano, durante o período crítico da quarentena. Não foi uma medida planejada, mas que acabou fazendo muito bem para as vendas da Apple.
Para se ter uma ideia, a agência de pesquisa de marketing CINNO estima que as vendas de iPhone no mercado chinês se aproximaram dos 14 milhões de aparelhos na China no segundo trimestre, o que representou um aumento de 62%, se compararmos com o mesmo período de 2019. 
O sucesso dos dois smartphones deu à Apple motivos para ganhar confiança. Com o lançamento do iPhone 12, o primeiro com conexão 5G, a expectativa é que a Apple ganhe mais participação no mercado chinês.
Na cerimônia de lançamento do novo iPhone, a empresa disse que o download em 5G pode chegar a 4 Gb/s (Gigabits por segundo) em “condições ideais”. A essa velocidade, um filme pode ser baixado na internet em cerca de 30 segundos. Em uma conexão 4G, que tem 1Gb/s, o mesmo filme leva dois minutos para ser baixado.

Apple em alta, HOVX em baixa

Enquanto a Apple cresce, as fabricantes chinesas passam por um período de turbulência. A Huawei terminou o segundo trimestre com 46% de participação no mercado chinês de smartphones, um tamanho 5% maior que o do trimestre anterior. Mas o bloqueio de importações de componentes americanos impede a companhia de fabricar modelos mais avançados. Como se não bastasse, os dispositivos móveis da Huawei sofrem com a restrição no uso de aplicativos americanos, como o Google Play Store.
Os dispositivos da Huawei que vieram com serviços móveis pré-instalados do Google ainda podem baixar e atualizar aplicativos por meio de outros canais. Mas os novos telefones, como o P40, já não podem usar os serviços.
Para contornar a limitação de uso, a Huawei vai lançar serviços móveis próprios e um sistema operacional chamado HarmonyOS (ou HongmengOS em chinês) no próximo ano. Haverá pouca oferta de aplicativos, mas acredita-se que eles migrarão aos poucos. Se o panorama político não mudar em novembro (com a disputa presidencial americana) e o bloqueio comercial continuar, analistas estimam que a Huawei vai perder fatias importantes de mercado nos próximos meses.
Por sua vez, as fabricantes Xiaomi, Oppo e Vivo correm para normalizar suas operações e, assim, se recuperar do baque que a paralisação econômica gerada pela pandemia de coronavírus provocou nos negócios.
No Brasil, celulares 5G de fabricantes chinesas e coreanas já são encontrados. E os novos iPhones 5G da Apple devem chegar aqui no fim do ano. De qualquer forma, não será possível desfrutar dos benefícios de uma conexão rápida.
O mundo desenvolvido corre para construir a rede de 5G, mas o Brasil ainda nem começou a sua. O ministro das Comunicações, Fábio Faria, declarou que o leilão de frequências para a rede 5G deve ficar para abril e maio de 2021. Enquanto o Brasil não tiver uma boa infraestrutura tecnológica, os consumidores que adquirirem aparelhos de última geração terão um belo equipamento em mãos, mas não poderão usufruir de todos as funcionalidades que ele tem a oferecer.

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