Andre Inohara

Andre Inohara é cofundador e CEO da Inovasia, consultoria de educação executiva que ajuda empresas brasileiras a se conectar aos modelos mais disruptivos de negócios na Ásia. Antes de criar a Inovasia, André atuou como assessor de comunicação na Amcham, a Câmara Americana de Comércio para o Brasil, e ajudou a criar o conteúdo multiplataforma da entidade. É jornalista e administrador, com MBA em Informações Financeiras pela FIA (Fundação Instituto de Administração) e pós-graduação em Comunicação Digital pela ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).

Tendências

6 tecnologias em alta na China que estão chegando ao Brasil

08/01/2021 14:23
O novo ano que começa também inaugura uma década que trará significativas
consequências econômicas e culturais para o Brasil e o mundo. A consolidação da
Ásia como rota principal do comércio internacional está entre elas, tendo a
China como o eixo central. Nesse novo normal, o gigante asiático vai ascender
como principal liderança econômica e tecnológica global nos próximos cinco
anos, projeção já divulgada por órgãos como Banco Mundial e FMI.
A influência da China no desenvolvimento de tecnologias de comunicação, comércio e finanças que serão adotadas pelo mundo é evidente e cada vez mais indiscutível. Veja algumas tendências tecnológicas iniciadas na China e que estão sendo adotadas em diferentes ritmos por outros países, inclusive o Brasil.

1. Entregas sem contato

Entregas sem contato são o novo normal na China e em outros países. Nos EUA, 20% dos clientes de e-commerce já dão preferência à modalidade de receber compras com o mínimo contato físico possível com o portador. Grubhub e Uber Eats já incluíram o serviço e as startups americanas DoorDash, Postmates e Instacart também oferecem a opção.
O pioneiro das entregas contactless foi o e-commerce chinês Meituan. De janeiro a fevereiro, a varejista começou o seu serviço de entregas sem contato em Wuhan por meio de veículos autônomos e drones para entregar os pedidos de supermercado dos clientes. No período, a plataforma de compras quintuplicou sua entrega de mantimentos.
Como resultado, a Meituan conquistou parcelas de clientes que resistiam às compras online, como idosos e avessos à tecnologia. No segundo semestre, quando a China já havia encerrado o seu lockdown, o lucro da plataforma com operações online subiu 152%.
No Brasil, a Rappi e o iFood adotaram o serviço de entrega sem contato. Mas ainda estamos longe de ver carros autônomos e drones chegando em nossas casas com as compras feitas pela internet.

2. A vez das edtechs: educação online se mostrou fundamental

A pandemia de Covid-19 foi o grande impulsionador do mercado de e-learning. Na crise sanitária mundial, 190 países substituíram as aulas presenciais pelo ensino em videoconferência. Em pouco tempo, cerca de 1,6 bilhão de alunos, professores e profissionais de ensino tiveram a rotina alterada, com sérios reflexos econômicos e educacionais.
A carência mundial de grande parcela de alunos que não têm acesso a uma internet de qualidade criou distorções de ensino e, com elas, oportunidades para as edtechs. Soluções para educação remota usando baixa tecnologia (aplicativos de mensagens e videoconferência) e ensino customizado, que se tornaram muito demandados durante a fase crítica de isolamento, continuaram com alta procura depois do relaxamento das medidas em diversos países.

3. 5G e Conectividade

A corrida pelo
desenvolvimento da rede 5G continua sendo liderada pela China, mesmo com os
bloqueios comerciais e tecnológicos impostos pelos EUA. O país que dominar o
ciclo produtivo dessa rede ultra-rápida de internet vai faturar trilhões de
dólares em patentes nos próximos anos. No entanto, chipsets críticos ao
funcionamento do 5G são americanos e foram proibidos pelo governo de serem
fornecidos à China.
Para contornar
a restrição, a China desenvolve um plano de autossuficiência tecnológica nos
próximos cinco anos e, com isso, produzir localmente os componentes necessários
ao 5G. Ainda que com atrasos, a China continuará expandindo sua rede doméstica
de 5G, que hoje atende mais de 220 milhões de chineses.
É uma cobertura mais que suficiente para acelerar projetos da nova geração de inteligência artificial, robótica, internet das coisas (IoT), automação industrial, realidade virtual (RV) e aumentada (RA). Ainda ouviremos falar muito dessas tecnologias ao longo do ano.

4. Telessaúde e telemedicina

As consultas e
tratamentos de saúde online se popularizaram no ano passado, diante da
necessidade de isolamento. Os apps mais usados na China foram o WeDoctor, da
Tencent, que registrou mais de 250 mil consultas entre janeiro a fevereiro, e o
Ping An Good Doctor, da seguradora Ping An – que tem mais de 340 milhões de
usuários registrados.
O instituto
IHS Technology calcula que as consultas de telessaúde aumentaram 50% em
comparação com os níveis pré-pandemia. Só nos EUA, cerca de 70 milhões de
americanos recorreram ao tratamento. Para a Forrester Research, o número
de consultas virtuais nos EUA chegará a quase um bilhão no início de 2021.
No Brasil, a telemedicina não tem a mesma penetração que em países desenvolvidos. Mas a necessidade de consultas online durante a pandemia teve o mérito de quebrar a barreira cultural de atendimento, o que abre espaço para o desenvolvimento da modalidade e “não é um bicho de sete cabeças”, segundo Carlos Camargo, médico cardiologista e CEO da Brasil Telemedicina.

5. Moeda virtual soberana

Está bem avançada a adoção do renminbi digital, a criptomoeda
soberana da China. Com lastro do Banco do Povo da China (o banco central), a
moeda digital foi testada nas grandes e médias cidades com sucesso. Em uma fase
posterior, o governo sorteou pessoas na cidade de Shenzhen e distribuiu 200
renminbi (cerca de 30 dólares) entre os cidadãos para que eles usassem o
renminbi digital no comércio local.
A partir desse ano, empresas privadas, como a Didi Chuxing e a Meituan, devem aceitar pagamento na moeda virtual chinesa. O objetivo da China é ser o primeiro país a abandonar a moeda de papel e conter a atuação de empresas privadas em meios de pagamento virtuais, como o Alibaba, Tencent e Facebook.
Aqui no Brasil, usaremos papel-moeda por muito tempo. Esse ainda é o meio recorrente de pagamentos do país, principalmente no interior.

6. Carros autônomos e elétricos

O Baidu segue com o projeto de carros autônomos na capital Pequim. Casos específicos de uso de VAs (veículos autônomos) têm possibilidade real de comercialização em 2021, especificamente para entregas de baixa velocidade, táxis e caminhões comerciais. Além disso, a montadora BYD segue com seus planos de modelos elétricos, e startups como a Neolix desenvolvem modelos autônomos para delivery.
Em linhas gerais, o desenvolvimento tecnológico em 2021 será uma continuação de 2020. Muitas inovações foram testadas e aceleradas por influência do Covid-19, como foram os casos de e-commerce, telemedicina e edtechs.
O grande motivador foi a mudança de hábitos de consumo, que se
tornaram parte do novo normal e continuarão norteando as empresas neste ano. O
consumidor brasileiro também ficou mais digital por conta da pandemia e também espera
a comodidade proporcionada pelos novos serviços e produtos que devem chegar
esse ano.
Aliás, desejo que 2021 seja um ano de prosperidade, harmonia e reflexões sensatas sobre o futuro que queremos – e precisamos – construir para o bem estar de todos os brasileiros.

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