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Garota tem temperatura checada e QR do Fuxuema lido em portão da escola.

Felipe Zmoginski

Felipe é ex-head de marketing do gigante tech chinês Baidu e fundador da Inovasia, consultoria de negócios Brasil - Ásia.

Monitoramento individual

Uso de geolocalização e câmeras termais acelera volta às aulas na China

13/05/2020 16:16
Permitir que as crianças voltem às aulas é uma das etapas mais desafiadoras da saída da quarentena pós-Covid-19. Afinal, elas se abraçam, dão as mãos e passam horas fechadas em sala de aula.  Em diversas cidades da China, além dos hábitos do "novo normal", como manter distância, cumprimentar só com um aceno de cabeça (ou toque de cotovelos) e lavar as mãos com frequência, é preciso manter seus dados de saúde atualizados em um app público controlado pelo colégio.
Desde o fim de março, a Tencent oferece a instituições de
ensino o app Fuxuema, um aplicativo que deve ser instalado no smartphone de
estudantes e cujos dados são compartilhados com pais e mestres. Na aplicação,
os jovens devem inserir, diariamente, dados sobre sua temperatura corpórea e
são instigados a informar sobre como se sentem em termos de disposição física.
O aplicativo registra se a criança viajou para áreas distantes de seu bairro ou se aproximou de outras pessoas cujo app indica que testaram positivo para Covid-19.
Em centenas de colégios, monitores de temperatura corpórea
foram instalados nos portões de entrada, detectando se algum estudante (ou
funcionário) está com febre. Os dados são sincronizados com o aplicativo
Fuxuema.  Todas informações são
armazenadas em nuvem e podem ser acessadas pelo estudante, por seus pais e pela
direção do colégio.
 O objetivo principal é evitar que crianças que eventualmente venham a se infectar passem o vírus para os colegas e iniciem uma "segunda onda" de transmissão.
Além do interesse em saúde, no entanto, existe uma corrida corporativa entre as grandes companhias tech da China para serem os primeiros a oferecer "serviços inteligentes" nas escolas e campi chineses. Acredita-se que este tipo de monitoramento será padrão no "novo normal" das sociedades pós-Covid-19.
A China vem escalonando a reabertura de escolas por
província e série. Na região de Zhejiang, próxima a Xangai, um milhão de
estudantes retornaram às aulas já no início de abril e quase dois milhões de
alunos do nível fundamental e médio voltaram às aulas em Guangdong, no sul do
país, no começo de maio. O app Fuxuema é precondição para a reabertura de
escolas.
O Fuxuema é, na verdade, um miniapp dentro do WeChat,
serviço similar ao WhatsApp para os chineses, o que facilita sua adesão pelos
jovens, já que esse software é praticamente onipresente nos celulares chineses.
Para ir à escola, os estudantes devem habilitar o miniapp e
informar dados como sua temperatura 14 dias antes do início das aulas. O
programa exibe um QR Code com um descritivo de saúde e residência do estudante.
Todos os dias, ao entrar no colégio, o QR Code deve ser exibido pelas crianças
a leitores eletrônicos, que autorizam ou não sua entrada na instituição.
Para faculdades e universidades, a Tencent desenvolve um
conjunto abrangente de ferramentas necessárias a um "campus
inteligente". Assim como os estudantes mais jovens, os universitários,
professores e funcionários que retornam da quarentena acessam uma versão do
Fuxuema para obter autorização de entrada nos portões. Entre as ferramentas
adicionais, estão o acesso a mapas de calor do campus e avaliação de áreas de
tráfego intenso, supostamente com riscos maiores de infecção.
Outras tecnologias, como câmeras de leitura facial que
detectam quem não está usando máscara em ambiente fechado, estão sendo usadas
para elevar a segurança dos estudantes.
Até que surja uma vacina, o monitoramento da saúde de cada
indivíduo será necessário para garantir a segurança da coletividade.

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