
Vinte anos depois e o Avenida Paulista começa a mudar. O restaurante, que se estabeleceu como pizzaria, em 2003, iniciou a grande guinada no mundo das pizzas em Curitiba. Adotando a fermentação lenta, a importação de insumos de primeira qualidade e a produção de alguns itens na própria casa, ganhou rapidamente espaço e logo, por consequência, chegou o reconhecimento, com os primeiros prêmios.
A grande referência da casa, de belíssima arquitetura, era o enorme forno à lenha logo na entrada do salão, concebido para atingir temperaturas até 400ºC, suficiente para garantir a pizza perfeita em pouco mais de um minuto. E então, aos poucos, houve a exploração de outros predicados do forno, assim que foi possível entender as variações de temperatura, conforme o local interno a ser escolhido.
Começaram a chegar à mesa também alguns pratos gratinados, com a garantia do toque defumado que a fumaça das lenhas conferia. Mas, mesmo assim – e apesar da passagem de alguns chefs de conceito pelo local -, não houve ousadia maior, para completar o nicho de sabores que um autêntico restaurante italiano (cantina, trattoria?...) recomendava.

O que chegou agora, justamente no embalo da comemoração dos 20 anos. E a contratação da talentosa chef Rita Delaé – que já rodou, com sucesso, por várias cozinhas de Curitiba – contribuiu muito para tal. Mesmo que não tivesse intimidade com algumas massas e outras técnicas, foi assimilando conhecimentos e inspirações, nos meses de preparação para que tudo entrasse no rumo que os proprietários haviam concebido: Roberto Magnani, o fundador, arquiteto que deixou a carreira de lado para se dedicar à boa comida, e Francesco, seu filho, que praticamente cresceu nos salões do restaurante e hoje está à frente do empreendimento.
Noite dessas fui lá, curioso que estava para conhecer essa nova abertura, proporcionada pelo desejo dos restaurateurs e pela execução da cozinheira e sua equipe. Fiquei deveras impressionado, devo dizer. O forno continua sendo a estrela principal e a quase totalidade dos pratos inseridos no novo cardápio passa por lá, sendo explorado tanto nas altas quanto nas baixas temperaturas. Da entrada à sobremesa.

Naquela noite, tudo começou com uma Burrata envolta em massa de longa fermentação, assada em forno a lenha (400ºC), finalizada com tomatinhos confitados, basílico e nozes glaçadas. Melhor cartão de visitas, impossível. A sensação de ver a stracciatella (o recheio da burrata) escorrer e contrastar com o calor do restante do prato é das melhores.
Logo em seguida, uma guinada para o prato frio. Insalata Marguerita, salada de tomates mornos, muçarela de búfala agridoce, molho Giallo (molho especial das saladas da casa), finalizada com espuma de parmesão e pimentas.

E então chega uma charmosa panelinha à mesa. Aberta em seguida, revela, lá dentro, um Ossobuco, feito ao forno 400ºC, gratinado com polenta cremosa, lascas de Grana Padano e finalizado com crosta cítrica. A carne vem desmanchando e a brincadeira é não precisar utilizar a faca para obter os pedaços, macios e suculentos.
O que vem a seguir é uma massa diferente das que estamos acostumados e consumir por aqui: Pici toscani. O pici toscano é uma forma de massa longa fresca, de grano duro, semelhante ao espaguete, mas mais largo. Preparados apenas com água, farinha e óleo, são fáceis de fazer e combinam bem com muitos condimentos. No Avenida Paulista é feita à mão, uma a uma. E o trabalho compensa no sabor. Aqui, veio gratinada, com molho branco, provolone, e finalizada com farofa de pão temperada.


Outra massa diferente das convencionais: cavatelli. À primeira vista parece nhoque, mas logo fui alertado que não era. Cavatelli é uma forma de massa de sêmola fresca, sem ovos, típica das regiões de Abruzzo, Molise e Puglia, mas difundida em todo o sul da Itália, cujo nome deriva de sua forma oca para dentro, que é obtida com uma leve pressão dos dedos a ser exercida sobre um pequeno pedaço de massa. Para servir, a chef não poderia ter tido melhor insight. Veio, então, Cavatelli de bacalhau, com molho exclusivo defumado, tomates e azeitonas azapa e finalizado lascas de bacalhau marinadas em azeite extra virgem, com lâminas de alho frito.
As sobremesas foram duas. Primeiro, com um pé na França, Clafoutis - versão do pudim de ovos, com frutas frescas vermelhas, assada no forno a 400ºC e servida com creme azedo da chef. E ainda Gelato di basilico, sorvete de manjericão, chutney de tomates, crumble e tuile.

Foi uma bela e saborosa experiência, harmonizada por interessante vinho branco (italiano, é claro), Ippolito 1845 Mare Chiaro Bianco, da Calabria, feito com a uva Greco.
Menu consistente
Evidentemente as novas opções do menu não se resumem ao que nos foi servido (estávamos em duas pessoas). Rita Delaé, inspirada, criou muito mais. Utilizando as técnicas de longa cocção em baixa temperatura, que resultam em textura e sabor excepcionais, apresenta o Stinco de vitelo e Anatra al limone, com coxa e sobrecoxa de pato preparadas em cocção longa e confitadas, finalizadas com uma compota de frutas amarelas e servidas com risoto de limão siciliano. Já o Mignon di Parma oferece um paillard de mignon, assado no forno a lenha, recheado com muçarela, envolto por presunto de parma e tomate seco, servido com molho pomodoro defumado e acompanhado de pappardelle verde artesanal.

Almoço no fim de semana
Mas as novidades do Avenida Paulista não se resumem somente aos pratos novos do menu à la carte. Agora o restaurante também começa a servir almoços no fim de semana, o que nunca aconteceu na história da casa.
O objetivo dos Magnani é chamar mais a família para passar ótimos momentos de alegria e sabores, sem tempo para ir embora, esticando sábado e domingo até quando bem entenderem.
E, para tanto, todos os pratos que compõem o novo cardápio à la carte da casa estão disponíveis, bem como uma bem constituída adega, focada, principalmente nos produtores italianos, alguns deles com importações exclusivas.
Já para os almoços de segunda a sexta-feira, há opções executivas - algumas finalizadas no forno a lenha - acompanhadas de saladinha.
E é claro que as pizzas continuam ocupando lugar de destaque por lá. Mesmo porque tem tudo a ver com a história do restaurante e com a transformação proposta a Curitiba desde que as primeiras pizzas chegaram aos clientes, há 20 anos.
O restaurante funciona para almoço todos os dias, das 11h45 às 14h30, e jantar também todos os dias, das 18h à 0h (sextas e sábados até às 0h30).

Avenida Paulista
Endereço: Rua Emiliano Perneta, 680, Centro, Curitiba
Telefone: (41) 3322-1441
Instagram: @avpaulistapr
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