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Os dois lados do Curitiba Restaurant Week
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Filé mignon à Café Paris, um dos pratos de destaque do Chalet Suisse, que não participa do CRW. (Foto/ Divulgação)

Quem puxou o assunto foi o Alexandre Saredi, do restaurante Chalet Suisse. Mas eu já havia escrito sobre isso antes, embora concorde ser o tema sempre atual. Como no caso de agora, quando estamos em plena quinzena do Curitiba Restaurant Week (sempre brinco que deveria ser Curitiba Restaurant Two Weeks), que começou dia 31 de março e se estenderá até o próximo dia 13.

O tema é sempre muito volátil, pois as opiniões são bem conflitantes entre os proprietários de restaurantes. Há os que amam e os que odeiam, na mesma proporção. Alguns restaurateurs entendem que o intenso movimento de “novos clientes” atrapalha a rotina dos clientes tradicionais, enquanto outros acham saudável a possibilidade de contar com mais gente conhecendo suas casas.

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Vieiras Etxebarri, criação da chef Eva dos Santos para cardápio especial do Bistrô do Victor no CRW. (Foto/ Guilherme Alves)

A ideia do Restaurant Week (acho que a maioria sabe) surgiu em Nova York, há 22 anos. Era uma proposta para atrair novos clientes a algumas casas cujos cardápios tinham valores acima da possibilidade de muita gente. Decidiu-se, então, criar menus completos (entrada, prato principal e sobremesa) a preços fixos, valendo para todos os restaurantes participantes do momento. Funcionou e a iniciativa se espalhou pelo mundo – hoje o evento é realizado em mais de 100 cidades de diversos países. No Brasil começou em 2007, em São Paulo, e já se espalhou por 17 cidades.

O Curitiba Restaurant Week que está no ar corresponde à 9ª edição e conta com 63 estabelecimentos da capital paranaense, que vão servir a sequência de entrada, prato principal e sobremesa por um preço fixo de R$ 41,90 no almoço e R$ 51,90 no jantar (confira a relação completa de seus restaurantes e devidos pratos aqui).

Outro público

No ano passado acompanhei, curioso, um extenso debate por uma rede social de alguns clientes que foram aproveitar a promoção do CRW em um determinado restaurante. Nunca tinham ido ao tal e queriam porque queriam inverter as duas opções de cardápio que a casa oferecia. De nada adiantaram as ponderações do garçom, do maitre, do cozinheiro ou de quem quer que fosse. Um queria a entrada de um com o prato principal do outro e a mesma sobremesa. Outro queria trocar só a sobremesa. E o clamor em volta da mesa foi crescendo.

O gerente tentou explicar que, como os pratos saem muito e a velocidade do serviço tem de ser maior do que o normal, o pedido de uma das opções proporciona imediatamente a elaboração dos três itens, justamente para que o cliente não fique esperando muito entre um prato e outro. Acha que o argumento serviu? Nada. Os novos clientes reclamaram em voz alta, começaram a falar mal do restaurante, espantaram alguns clientes das mesas próximas e foram embora sob péssimo clima.

Claro, tem o lado bom também. Aquele que realmente dá a oportunidade de quem nunca foi poder aproveitar para conhecer um determinado restaurante. Se assim não fosse, não haveria tantos estabelecimentos inscritos. Mas é tudo muito passageiro, pois, conforme pesquisa de alguns proprietários, a percentagem de clientes que retornam em dias normais é muito pequena, quase desconsiderável.

A participação no evento é importante, acredito eu, para casas recém-abertas ou ainda em fase de afirmação. Sempre há a possibilidade de atrair novos frequentadores, a partir da proposta de duas semanas. E aí, com o tempo, solidificar uma clientela regular.

Alternativas

Da outra vez que escrevi sobre o tema, citei o depoimento de um chef de restaurante que justificava a não participação da casa no CRW. “É quando o restaurante fica mais cheio, com as pessoas que fogem do público eventual de uma promoção assim em outros locais” – justificou, na ocasião. Pois é, esteve fora durante anos, mas hoje percebo que o restaurante participa do movimento. Talvez por ter mudado o chef, que foi para outro estabelecimento (que não participa nesse ano).

Voltando ao Alexandre Saredi, que citei lá no começo dessa nossa conversa, o seu Chalet Suisse se desliga do Curitiba Restaurant Week, depois de ter participado de seis das edições anteriores. A explicação para a ideia de seguir na contramão refere-se a prezar pela tranquilidade da casa, além da qualidade do serviço. “Ao longo dos últimos anos entendemos que nossos clientes não são adeptos a esse tipo de promoção. Eles preferem a atmosfera acolhedora que o ambiente proporciona, sem muito tumulto” – destaca Saredi.

É uma versão a se considerar, batendo com o pensamento de outros proprietários, que reconhecem e ressaltam o crescimento do movimento de seus clientes habituais durante esses períodos de promoções. E aí, por curiosidade, tentei lembrar daqueles restaurantes que não estão integrados ao evento. E são muitos, como L`Epicerie, Ile de France, Durski, Corrientes 348, Mukeka, La Varenne, Gardeno, Salumeria, Manu, 4 Sí Brasserie, Olivença, Saanga, Madero Prime, Badida, Pobre Juan, Kan, Bistrô Duchamp, Cais da Ribeira (Hotel Pestana), Camponesa do Minho, Porcini, Carolla Pizza D.O.C., Carmina Bistrô, Edvino, Mercearia Bresser  e Quaranta, só para citar alguns que vieram à mente de memória, sem qualquer pesquisa.

De qualquer forma, há opções aqui para todos os gostos. Para aqueles que querem curtir as novidades do evento e para os frequentadores mais constantes, que, nestes momentos, querem manter o sossego de sempre.

 

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