O melhor restaurante do litoral do Paraná está em Santa Catarina.
Bem, primeiro vamos explicar melhor. Não é bem do litoral mas, sim, da faixa de mar aberto, por assim dizer. Isso para não querer comparar com algumas ótimas casas de Morretes e Antonina, realmente os pontos altos do nosso litoral em termos de gastronomia.
Quero dizer da faixa de praia e aí nossos balneários realmente ficam devendo. Já conseguimos, pelo menos, sair daquele estágio do “filé de peixe à milanesa com molho de camarão” ou o “filé à dorê com molho tártaro”. Mas ainda há muita fritura e, em alguns casos, muita quantidade para pouca qualidade. Os melhores ainda são os exclusivos, abertos apenas aos sócios dos iate-clubes privados.
Cada vez que passo por nossos balneários mais tenho certeza disso. Há algumas experiências interessantes na Ilha do Mel, um aqui e outro ali com um prato a se destacar, mas sem o conteúdo suficiente para manter a qualidade de todo um cardápio em alta. E, principalmente, continuidade. Isso só se encontra no Restaurante Tambaiá – Cozinha da Alma, que fica no aprazível Hotel Baití, em Itapoá (SC).
Sim, Santa Catarina, mas ali é como se fosse uma extensão das nossas praias, pela proximidade com Guaratuba e com os acessos a Curitiba. Agora, com uma ligação de balsa até São Francisco do Sul, até que os catarinenses começaram a aparecer em maior número. Mas os paranaenses ainda são maioria por lá. Em toda a longa extensão da praia de Itapoá, que vai desde a divisa paranaense, na Barra do Saí, até dentro da baía de Babitonga, passando por algumas praias bem movimentadas, como, por exemplo, Itapema do Norte – por onde andei por uns dias.
Já tive a oportunidade de escrever antes sobre o Tambaiá (confira aqui), mas foi há quase dois anos. Mais que tempo suficiente para provar o amadurecimento ou o descaminho de qualquer casa de gastronomia. E a cozinha do Emídio (Miduca) Carvalho continua tão ou mais interessante do que sempre.
As novas atrações
Fomos em quatro, dispostos a não deixar passar qualquer novidade. Miduca só falava do polvo. Ficou espetacular – definiu, explicando que o tal molusco passa por um triplo processo e cocção: primeiro é cozido, depois grelhado e aí finalizado ao forno. Iríamos querer, claro. Combinamos, então, um menu-degustação com alguns dos pratos mais significativos, veio um espumante 3B, da Filipa Pato (aliás, a propósito, toda a carta de vinhos é da importadora Porto a Porto) que o dia úmido e quente de verão requeria e começaram a chegar os pratos.
Primeiro o couvert, uma caponata de berinjela, molho tártaro e algumas torradas condimentadas. E um Vinagrete de mariscos (R$ 14) que era tudo de bom, com cebola roxa, ervas frescas e o equilíbrio entre o azeite e o vinagre. Para um happy hour não poderia sugerir coisa melhor.
Pois que venham os pratos – foi a ordem. E não poderia começar de melhor maneira. Croquetes de pescada amarela (R$ 36), crocantes por fora, cremosos por dentro, por não serem engrossados com farinha e sim com molho bechamel. Como fazem os espanhóis – explicou Emiliana, esposa de Miduca, que manda bem também na cozinha e cuida da administração do restaurante. Isso porque você não experimentou o Croquete de linguiça Blumenau – tentou-me. Pô, Miduca, e por que não?
Só sei dizer que foi um dos melhores petiscos/entradas que comi nos últimos tempos. Os croquetes (oito unidades) chegam à mesa escoltados por algumas fatias de limão e por uma mostarda especial, preparada na casa. Mas são tão bons que dispensariam qualquer complemento.
Mais uma entradinha a seguir: Sardinhas fritas (R$ 24, 3 unidades), crocantes que se desmancham na boca e vêm acompanhadas de um vinagrete de cebola, tomate e verdes. Bem interessantes, ainda que diferentes das portuguesas.
Entre as porções, o Tambaiá ainda tem Ceviche de robalo, Camarões à dorê, Camarões ao alho e azeite, Iscas de peixe à dorê, Lulas à dorê e Iscas de mignon. E as incríveis Asinhas de robalo com molho de ameixas pretas, que já foram tema basilar do post anterior sobre o restaurante.
Dos pratos principais, destaque para o Chapeado de frutos do mar (R$ 190, para duas ou três pessoas), camarões, lulas, mexilhões e filés de robalo salteados em azeite e vinho branco e servidos sobre tomates, abobrinhas e cebolas grelhados. São acompanhados de folhas e cestas de pães e é um dos pratos que mais sai na casa.
Mas o menu ainda tem Pescada com couscous cítrico, Peixe do dia grelhado, Camarões às natas, Tagliolini de camarão ao limão, Tagliolini de filé mignon, Filé mignon Kraeuterkaese (se ficou curioso, é aquele queijo cremoso que vem num tubinho amarelo e verde, que vira molho e aqui é servido com um trio de cogumelos frescos) e Filé à capixaba. E o Polvo clássico (R$ 94), é claro, que já estava chegando. São bem servidos 200g de polvo, com batatas-doces e batatas rústicas, tomate queimado e um azeite de páprica encantador. Valeu a espera, pois o polvo é muito macio (e olha que fazer polvo não é para qualquer um) e o acréscimo dos demais complementos oferece uma combinação marcante.
De sobremesa, um Sorvete de manjericão com crocante de gengibre e salada de frutas (R$ 16), refrescante como exige esse nosso verão.
Tudo acima da expectativa, por maior que esta pudesse ser. E a certeza que vale o deslocamento para checar o cardápio do Tambaiá. Por terra (são muitos os clientes que vão direto de Curitiba e outros do litoral paranaense) ou por mar, pois o Hotel Baití tem toda a estrutura para receber barcos de veranistas, que podem ancorar à frente, na baía, para serem apanhados pelas embarcações do próprio estabelecimento.
Uma experiência e tanto, posso garantir.
Restaurante Tambaiá – Cozinha da Alma (Baití Hotel & Marina)
Rua 2670, 100 – Pontal (Itapoá–SC)
Fone: (47) 3443-7003
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