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Volume movimentado por cartões pré-pagos cresceram 180% entre 2016 e 2018.| Foto: Foto: Pixabay

Não há quem não olhe, em um primeiro momento, com desconfiança aos modelos de negócio dos bancos digitais. As fintechs, como são glamourosamente chamadas as instituições financeiras tecnológicas, despertam curiosidade por oferecer serviços fora da “curva”, que vão desde reembolso de parte dos valores gastos nas compras, até cartões de crédito sem anuidade ou carteiras digitais, que funcionam a base de recargas.

As promessas ousadas, de atendimento descomplicado e sem análise de crédito, no entanto, parecem estar superando pouco a pouco a desconfiança dos usuários. Pelo menos no Paraná. O interesse da população pelos bancos digitais está ampliando a concorrência entre essas empresas, atraindo, inclusive, startups de fora do estado.

Cartões pré-pagos

No caso dos cartões pré-pagos, por exemplo, a média de gasto mensal com recargas pelos curitibanos já é três vezes maior do que a média nacional, beirando os R$ 150. Isso explica porque a fintech paulista Acesso tem visto com bons olhos investir na região.

O diretor de marketing da empresa, Juliano Motta, explica que 27% dos clientes de seus cartões pré-pagos tem entre 18 e 30 anos. No entanto, pessoas com idade entre 41 e 50 anos já somam 22% dos usuários na cidade.

“São pessoas que não são bancarizadas, por terem certa dificuldade de acesso a serviços financeiros, ou não querem estar nesse sistema de pagamento de tarifas e desejam ter um controle maior sobre seus gastos”, resume Motta.

Crise financeira

Outro ponto que explica a adesão da população aos serviços das fintechs é a crise financeira. A Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) aponta que entre 2016 e 2018, as transações financeiras com cartões pré-pagos cresceram mais de 180% no país, enquanto a movimentação com os cartões de crédito e débito aumentaram 30% no mesmo período.

“São muitos componentes que explicam esse crescimento, entre eles um alto índice de pessoas desempregadas que acabam sendo privadas de acesso bancário por questão de crédito e enxergam no cartão pré-pago uma saída democrática para a situação. O diferencial é que essas pessoas usam o pré-pago, gostam da logística e da facilidade e acabam fidelizadas ao produto”, garante o diretor de marketing.

Os dados mais recentes da fintech apontam que mais de R$ 1 milhão por mês é movimentado apenas com os cartões pré-pagos dos curitibanos, que destinam metade desse valor a compras online.

Capital das fintechs

Desde o ano passado, a Prefeitura de Curitiba, através da Agência de Desenvolvimento, já vem dando sinais de que quer transformar a cidade na capital brasileira das fintechs. A ideia, de acordo com os gestores públicos é usar a expertise do Paraná com mercado financeiro,  para estimular a vinda de novas empresas, bem como acelerar a criação de novas startups.

Um dos maiores expoentes do estado é a financeira Ebanx, que nasceu na capital em 2012 e hoje se consolida como uma das principais fintechs do país, com um valor de mercado superior a 100 milhões de dólares.

Disputa no cashback está ainda mais aquecida

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Devolução de parte dos valores gastos com compras atrai usuários para sistema cashback.| Foto: Divulgação

Se por um lado a procura por serviços digitais aumenta no estado, a concorrência cresce proporcionalmente. Ainda mais quando se trata do nicho das operadoras de carteiras digitais que prometem o cashback, ou seja, converter parte do valor gasto de seus usuários em créditos para futuras compras.

A Beblue, fintech criada em Ribeirão Preto em 2016, por exemplo, começa a operar em Curitiba em julho. A proposta é justamente oferecer um programa de fidelidade aos comerciantes, enquanto devolve parte do dinheiro gasto aos curitibanos. A fórmula é simples. Cobrando um plano mensal de aproximadamente R$ 300, a fintech cria uma rede de parceiros que decidem qual porcentagem do valor da compra querem devolver aos seus clientes em forma de crédito. O resultado são usuários fidelizados que voltam para novas compras.

“Quando falamos em taxas de uso de cartão, sabemos a guerra que está nas ruas. Por isso mostramos ao varejo que a nossa receita vem do programa de fidelidade”, comenta o diretor executivo da empresa, Murilo Silvério.

“Conhecemos o momento que o varejo passa no Brasil, com o nível de qualidade de serviço aumentando, crescimento da oferta e por isso é necessário que o comerciante se diferencie do vizinho. O que propomos com o programa de fidelidade é criar esse diferencial”, pontua. “As pessoas são movidas por recompensas e com o cashback conseguimos mexer no ato de consumo desse público.

O executivo espera conquistar, nos próximos meses, até 100 estabelecimentos parceiros para fixar a rede de uso de crédito na capital, que vão desde postos de gasolina até padarias.

Para isso, no entanto, terá que ganhar uma disputada fatia de mercado. No páreo também está a curitibana Connect Pay, que em sete meses de operação em sua terra natal já conseguiu angariar 100 mil usuários oferecendo um serviço semelhante.

O sistema de operações das empresas, no entanto, é diferente. Em vez de apostar nos planos mensais de fidelidade, a Connect Pay investe na cobrança de taxas de operação de cartões. A rede, onde seus usuários podem utilizar os créditos devolvidos, é constituída por estabelecimentos que possuem o mesmo sistema de recebimento, operado pela fintech.

“O sistema de cashback está sendo muito utilizado no Brasil. Em Curitiba dominamos o mercado por que colocamos um foco grande em postos de gasolina”, explicou o diretor da empresa, Rafael Belon.  

“Queremos trazer o cashback para o dia a dia e não restringir nosso cliente a troca por um determinado produto, disponível em um único site. A intenção é trazer poder econômico real aos clientes”.

Com uma rede que hoje conta com 25 estabelecimentos, a fintech curitibana passa a focar em parcerias com clubes esportivos para ampliar os espaços onde seus clientes possam utilizar os créditos devolvidos.  “Hoje as pessoas prezam por um sistema de pagamento ágil e as fintechs proporcionam isso. Os bancos digitais são tendência. Vemos pelo exemplo dos Estados Unidos, onde famosos como a Nubank tomaram Nova York de assalto, de uma hora para a outra”, finaliza.

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