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Pátio da Volkswagen, em São José dos Pinhais
Pátio da Volkswagen, em São José dos Pinhais| Foto: Brunno Covello/Arquivo/Gazeta do Povo

A queda na venda de veículos por causa da pandemia atingiu em cheio um dos setores mais importantes na economia do Paraná: o automotivo. Parte dos fabricantes instalados no estado admite o mau momento e que está implantando programas de demissão voluntária ou renegociação de acordos trabalhistas para reduzir equipes e alinhar a produção à demanda no Brasil e em países que importam os carros fabricados aqui.

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Dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores indicam que a produção de veículos caiu 48,3% de janeiro a julho de 2020 comparado ao mesmo período do ano passado – foram 899,6 mil unidades ante 1,7 milhão. A queda nas vendas foi de 36,6% no acumulado dos meses. Dados mais pessimistas da associação indicam a recuperação do mercado, chegando a níveis pré-pandemia, apenas em 2025.

Com os números ruins, a Renault chegou a anunciar a demissão de mais de 700 funcionários de sua fábrica em São José dos Pinhais, no fim de julho. De acordo com a empresa, à época, a decisão foi tomada para readequar a linha de produção à queda no consumo registrado nos mercados em que a montadora francesa atua. A dispensa coletiva, no entanto, foi barrada por decisão da Justiça do Trabalho, que alegou desrespeito a acordo coletivo com os funcionários.

Em negociação com a equipe, já em agosto, a empresa acertou a volta dos funcionários demitidos e criou um programa de demissão voluntária com uma série de benefícios.

Na semana passada, foi a vez de a Volkswagen anunciar que negocia revisão de acordo coletivo com seus funcionários. De acordo com alguns sindicatos de metalúrgicos, isso pode afetar 35% dos trabalhadores empregados – o que resultaria em uma possível demissão de cinco mil pessoas nas quatro plantas brasileiras (em São José dos Pinhais, no Paraná, São Bernardo, Taubaté e São Carlos, em São Paulo).

Na fábrica paranaense estão empregados mais de 2 mil funcionários.

Com fábrica no bairro CIC, em Curitiba, a Volvo se apoiou em medidas como a redução de jornada ou suspensão de contratos de trabalho, prevista na MP 936, para vencer a crise. Não foi suficiente. A fabricante de ônibus e caminhões, que empregava 3,5 mil funcionários no estado antes da pandemia, teve de criar um programa de demissão voluntária.

A empresa sustenta que o setor de caminhões e ônibus “foi fortemente impactado pela diminuição da atividade econômica”. Dentro desse recorte, dados da Anfavea, entre janeiro e julho o mercado de caminhões no Brasil caiu 14,9% e o de ônibus 36,7%, comparado com o mesmo período do ano passado.

“Diante deste cenário, a Volvo e o Sindicato dos Metalúrgicos discutiram alternativas e, em conjunto, propuseram um Programa de Demissão Voluntária (PDV), que teve adesão de 309 funcionários no final de junho. O PDV contemplou indenização com múltiplos de salários por tempo de casa, plano hospitalar emergencial até dezembro, antecipação de parcela da PLR de dezembro, além de todas as demais verbas previstas em lei”, disse a empresa em nota.

No setor de maquinários, a CNH Industrial (New Holland e Case) conseguiu atravessar a pandemia até aqui sem demissões ou PDV. O grupo mantém seus 2,1 mil funcionários no estado. A empresa, no entanto, adotou o regime de redução de jornada, já que as vendas foram afetadas "como aconteceu com todo o mercado", destaca em nota.

Fábrica de caminhões em Ponta Grossa mantém todos os funcionários

Ponto fora da curva, a DAF, fábrica de caminhões instalada em Ponta Grossa, indica não ter demitido nenhum de seus 500 funcionários. Segundo a empresa, houve uma queda nas vendas de 30% no mês abril, “mas a partir de maio já começou a voltar ao normal”. A área de serviços na rede de concessionárias cresceu 20%, destaca a empresa.

De acordo com números da empresa, prestes a completar seu sétimo ano na cidade dos Campos Gerais, no acumulado de julho de 2020 houve recordes de emplacamentos: 2.194 unidades – crescimento de 29% em comparação a 2019.

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