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Brafer
| Foto: Divulgação

Empresas dependentes do aço têm investido na boa capacidade de negociação para enfrentar uma das piores crises da commodity nos últimos anos. O preço do insumo saltou mais de 100% nos últimos 12 meses e não dá sinal de trégua. De Araucária, na região metropolitana de Curitiba, a Brafer, fabricante de estruturas metálicas, tem driblado esse custo mais elevado com novas conversas com seus compradores e com a aposta em diversificar os tipos de contrato.

José Augusto da Silva, diretor executivo da empresa, indica que, apesar de preços bem mais elevados, a crise não se reflete na oferta. “Existe a disponibilidade do aço, mas ele está chegando com preços mais altos", diz. O desafio é, neste caso, orçamentário -- as obras tendem a sair bem mais caras do que o planejado.

A Brafer trabalha com diferentes fronts de atuação. No fornecimento de estruturas metálicas para linhas de transmissão (o setor energético é um dos grandes clientes da empresa paranaense), a empresa se blindou graças a contratos de longo prazo com seus fornecedores. "Nesse mercado as negociações estão sendo por períodos mais longos, quase um ano. Embora tenha tido uma variação brutal do ano passado para este, nesse front teve mais previsibilidade", diz o diretor executivo.

A situação se complica justamente nos contratos longos de outros segmentos, como a construção industrial, por exemplo. Nesses casos, a empresa precisa negociar não só com seus fornecedores, mas também com seus compradores. "Contratos novos consideram o preço atual, já repassado o aumento aos clientes. Precisamos compor preços condizentes com nossos gastos, isso faz parte do mercado. Esse não seria o problema. O problema que temos é com os contratos mais antigos, de duração mais longa, em que a legislação brasileira prevê um reajuste anual. Isso está sendo bastante desconfortável, diz Silva.

“Contratos de maio e junho do ano passado, que vão fazer um ano agora, são um exemplo. Temos tratado caso a caso, conversado com os clientes. A maioria deles entende o problema [que leva ao encarecimento de sua obra]. Obviamente ninguém gosta de discutir uma negociação que estava fechada. Mas é de conhecimento geral que o aço subiu”, aponta. O trabalho é de mostrar e realinhar com os clientes os contratos.

"O segredo no momento de mercado nervoso é amarrar as duas pontas. Se eu for fechar um contrato com você hoje, preciso saber quanto eu vou pagar no aço. Em uma mão eu assino o contrato vendendo e com a outra assino comprando os insumos para fazer a conta casar", sugere o executivo.

Mesmo em um período de compras mais caras, a Brafer ultrapassou R$ 420 mil em faturamento em 2020, um crescimento de 40% em relação ao ano anterior, e teve até que ampliar os turnos de sua linha de galvanização (o processo químico de proteção das estruturas que fabrica).

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