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Hélio Rotenberg é o CEO e fundador da Positivo Tecnologia.
Hélio Rotenberg é o CEO e fundador da Positivo Tecnologia.| Foto: divulgação.

A inquietude do curitibano Hélio Rotenberg explica grande parte do sucesso da Positivo Tecnologia. A empresa completa 30 anos no mesmo período em que companhia atinge a marca de 30 milhões de equipamentos produzidos. E o percurso até aqui justifica os números.

“Éramos um grupo de professores fazendo computadores”, conta Rotemberg, que, à época, tinha 26 anos e era diretor da Faculdade de Informática. 

A primeira fábrica, a garagem de uma casa no bairro Batel - hoje um restaurante árabe -, funcionava com 10 funcionários e produzia 30 computadores por mês. Primeiro, para as escolas do Grupo. “A primeira venda foi feita para o Colégio Pequenópoles, no interior de São Paulo”, lembra o empresário. Depois, para o poder público. Já em 2003, quando entraram no varejo, explodiram. Ao final de 2004 já eram líderes no mercado e a produção, que marcava 20 mil máquinas por ano, passou a ser de 400 mil.

No Brasil, hoje, 1 a cada 6 computadores vendidos é da Positivo. Mas não só. Os produtos e serviços se diversificaram e, somente no primeiro trimestre de 2019, a empresa vendeu mais de 400 mil celulares.

O diferencial? Entender o público para quem deseja produzir. A classe média é o foco da Positivo Tecnologia.

O Paraná S/A conversou com Rotenberg sobre os negócios e os planos para o futuro. Confira.

Primeira sede da Positivo Informática. A casa fica no bairro Batel, na Avenida Vicente Machado. Foto: divulgação.
Primeira sede da Positivo Informática. A casa fica no bairro Batel, na Avenida Vicente Machado. Foto: divulgação.

Como a empresa surgiu?

Depois de finalizado um mestrado no Rio de Janeiro, eu buscava oportunidades em Curitiba. Lembro que vi uma propaganda do Positivo na televisão e pedi ao meu pai para me apresentar para um professor de lá, na Faculdade de Informática. Foi quando assumi a direção do curso. A empresa já tinha uma rede de escolas grande, eram mais de mil, e já se falava em ensinar informática nas instituições, mas elas não tinham as máquinas. Conversei com o professor Oriovisto [Guimarães] e fizemos um business plan. O objetivo era fabricar 30 computadores por mês. Demoramos um mês em meio para produzir 40 máquinas, nossa primeira venda.

Logo depois, o Collor assumiu o governo. Ele abriu o mercado de informática e congelou as mensalidades escolares - duas coisas que impactaram bastante o nosso negócio. Por um lado, perdemos mercado, por outro, abrimos outras possibilidades. Apostamos em vender para governo, deu muito certo, depois voltamos a vender para escolas.

Entramos no varejo em 2003, foi aí o nosso boom. De 20 mil computadores por ano passamos a produzir 400 mil. Abrimos capital em 2006, na Bovespa, o que foi bem sucedido. Precisávamos de capital porque estávamos crescendo.

Em 2008, já fabricávamos 2 milhões e meio de computadores. Hoje, esse número gira em torno de 1 milhão. 

Como explicar essa queda?

O mercado de computadores caiu muito. Em 2012, produziu 15,5 milhões de máquinas. O Brasil era o terceiro maior mercado de computadores do mundo. Depois, queda, por duas questões. A primeira é a substituição das máquinas por tablets e smartphones. Ao mesmo tempo que a crise econômica assolou o país, fazendo com que a produção caísse para 5 milhões. Nesse momento, já estávamos atuando fora do Brasil, na Argentina e na África. Também estávamos em todo o mercado brasileiro - varejo, governo e corporativo. E, em 2012, começamos a produzir também os telefones. E mais do que isso, foi o momento que diversificamos o leque de produtos, investindo em internet das coisas ( IoT), por exemplo. 

O que culminou, inclusive, na mudança do nome da empresa, de Positivo Informática para Positivo Tecnologia.

Deixamos de ser um fabricante de computador para ser um fabricante de dispositivos e de tecnologia, de uma maneira geral.

Exemplos também são os nossos investimentos em agritetchs: a AgroSmart e @Tech; e em healthcare - com os laboratório da HiTechnologies -; entre outros.

Como a empresa inova?

Foram investidos mais de R$ 490 milhões em inovação nos últimos 30 anos. Percebemos que não dá para fazer tudo dentro de casa e que é possível agregar outros negócios, que há especialistas em cada coisa. Isso explica o sucesso das startups pelo mundo. Então, hoje a gente investe parte dentro de casa - a Casa Inteligente é um projeto totalmente interno -, e também fora - como a HiTecnologies, por exemplo.

Quem compra Positivo?

No mercado corporativo vendemos para todo o tipo de empresa. No entanto, quando focamos no varejo, entramos forte na classe média brasileira.

E isso foi pensado. Nos anos 2.000, menos de 50% da classe C tinha computador no Brasil. Então, focamos os nossos esforços para produzir computadores para as famílias brasileiras, com preço e performance adequados. A gente é o “rei’ do computador de entrada, o primeiro computador da família.

Esse conceito segue na Casa Inteligente?

Sim. A gente não está fazendo Casa Inteligente para a classe mais rica, que tem condição de comprar outros processos de automação residencial - que está disposta a pagar R$ 10 mil, R$ 15 mil, R$ 20 mil por isso.

Nós fizemos um produto para a classe C, que também precisa de segurança e quer tecnologia. Vendemos kits de R$ 499 que tem sensores de janela, alarme, e tudo pode ser controlado pelo celular. Isso é comodidade e é acessível. 

E os smarthphones? 

Mesmo foco. Os nossos celulares são celulares de entrada, custam R$ 399 ou R$ 499. Lançamos também um fit WhatsApp, de R$ 199, para quem não tem condição de comprar outro, mas quer acesso ao serviço.

E a classe A e B?

A Positivo se sedimentou na classe média. Mas, pensando em outros públicos, licenciamos outras marcas. Um exemplo é a Vaio, voltada para a classe AB. É um produto mais caro e  uma forma de completar a linha de computadores.

30 anos de empresa e um mercado com concorrência acirrada. Qual o maior desafio?

Constante atualização. Outro é entender o público alvo. Foi isso que fizemos de maneira brilhante nos últimos anos, deciframos o nosso consumidor e fizemos tudo com a cara brasileira. Se olharmos, por exemplo, produtos voltados para a classe média no Oriente, eles são dourados, prateados, e já descobrimos que não é o que brasileiro gosta.

Brasileiro gosta de sobriedade: produtos bonitos e adequados. Fomos entendendo esse gosto ao longo do tempo e é isso que fazemos de melhor. 

E qual seria a aposta do futuro?

É difícil prever o futuro. Mas estamos apostando na diversificação de produtos. Confiamos muito que a internet das coisas, para o consumidor final, vai crescer muito. Também compramos uma empresa de servidores, a Accept. Apostamos que o mercado de servidores vai crescer e bastante.

Onde ficam as fábricas da Positivo Tecnologia? 

No Brasil, são duas fábricas, uma em Manaus - que concentra maior parte da produção - e uma em Curitiba.

Brinco que a nossa fábrica tem rodinhas, porque a legislação tributária muda tanto que precisamos estar preparados para lá e cá.

Chegamos a ter uma unidade em Ilhéus, hoje não mais. No Brasil, somamos, hoje, dois mil funcionários.

Também temos uma fábrica na Terra do Fogo, na Argentina; e duas fábricas na África, em Ruanda e no Quênia.

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