• Carregando...
Polloshop anunciou seu fechamento. Crise do Covid-19 teve papel na decisão
Polloshop anunciou seu fechamento. Crise do Covid-19 teve papel na decisão| Foto: Arquivo/Gazeta do Povo

A paisagem do Alto da XV vai mudar. Uma das primeiras vítimas econômicas da pandemia do coronavírus, o Polloshop anunciou seu fechamento, no início dessa semana. Embora o centro de compras aponte o preço do aluguel do imóvel onde estava instalado como principal fator para o encerramento das atividades, admitiu que a paralisação por conta da Covid-19 abreviou a decisão.

RECEBA notícias pelo whatsapp

“A direção do empreendimento tentou várias vezes buscar entendimento para um acordo [sobre a locação, com o proprietário do imóvel] e, agora, com a crise estabelecida pelo surto da Covid-19, que determinou o fechamento dos shoppings e a suspensão dos pagamentos por parte dos lojistas, a administração do empreendimento ficou impossibilitada de arcar com o alto valor do aluguel do imóvel”, apontou a empresa em comunicado. Foram 25 anos de história.

O que coloca os shoppings centers em situação sensível é que, no Paraná, ao contrário do que acontece com o comércio de rua, estão proibidos de abrir, por decreto estadual, desde o dia 19 de março. O motivo para essa barreira é nobre: evitar o avanço do novo coronavírus, já que os shoppings são pontos de aglomeração de pessoas. Mas, impossibilitados de levantar as portas (exceto para delivery de comida e serviços essenciais, como bancos e farmácias), os grupos e lojistas estão tendo que montar uma engenharia complexa de contas para enfrentar a quebra no caixa.

Embora seja um problema nacional, um estudo realizado em conjunto pela FX Retail Analytics, consultoria especializada em monitoramento de fluxo para o varejo, e pela F360º, uma plataforma de gestão de varejo, indica que as quedas são mais acentuadas justamente na região Sul. A redução no fluxo de consumidores foi de 55,77% em março de 2020, comparado com março de 2019, nos shoppings dos três estados. Se comparado a fevereiro, o fluxo foi 41,98% menor. São índices piores do que a média nacional, aponta o levantamento. “Os três estados do Sul estão entre os primeiros do país a adotarem medidas de precaução para evitar circulação de pessoas. Por conta disso, é natural que a região tenha tido uma queda grande no fluxo do varejo”, explica Flávia Pini, CEO da FX Retail Analytics.

A reportagem pediu posicionamento de diversos administradores de shoppings do estado, mas só obteve resposta da BrMalls, que administra os shoppings Estação e Curitiba, ambos na capital. De acordo com a empresa, os estabelecimentos “fazem parte do Juntos pelo Varejo, programa criado pela BrMalls que reúne iniciativas de apoio aos lojistas e parceiros nesse momento de crise”. Segundo a administradora, entre as ações estão “um canal de webinars por onde executivos e especialistas compartilham suas experiências e recomendações sobre os temas mais relevantes, como vendas online, delivery e fluxo de caixa”.

Além disso, o grupo fechou parceria com o Banco Inter para a "liberação de uma linha de crédito inicial de R$ 300 milhões para os pequenos e médios empreendedores que atuam em todos os seus 26 shoppings administrados no país". Segundo o grupo, o empréstimo já está disponível a 5,5 mil varejistas.

A administradora não falou, no entanto, sobre números, inadimplência e outros temas de preocupação econômica.

Lojistas ouvidos pela reportagem, no entanto, temem o futuro dos centros comerciais menores. “O que acontece é que grandes shoppings têm muitas lojas âncoras, que são as maiores. Elas têm mais capacidade de caixa, diálogo direto com o poder público, etc. As lojas menores, principalmente de vestuário, são as que estão sofrendo mais e podem gerar mais inadimplência. Só que, nos shoppings menores, as lojas satélite são as que geram a maior parte da receita”, disse um empresário que preferiu não ter o nome citado. Ele é dono de franquias pequenas em três estabelecimentos da capital.

Sem aluguel, nem receita

Ainda em março, as duas principais entidades que representam o setor – Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) e a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) – negociaram a isenção do pagamento de aluguel dos lojistas durante o período em que os estabelecimentos estão fechados. Para a Alshop, era preciso “equilibrar” os prejuízos, já os shoppings continuariam recebendo a locação, enquanto as lojas não teriam qualquer receita.

Contudo, há outras despesas nos centros comerciais: as taxas de condomínio e os fundos de publicidade. A negociação entre as entidades manteve o rateio das despesas, mas garantiu a redução no fundo de promoção. Além delas, há as despesas das próprias lojas. Com isso, mesmo com o alívio no aluguel, lojistas se dizem com a água no pescoço.

Com isso, a Alshop faz pressão para que os shoppings reabram em maio. Segundo a entidade, os empresários do setor acumulam um prejuízo de R$ 20 bilhões desde que tiveram de fechar as portas. São dados nacionais. “O que a entidade defende é um planejamento das autoridades, especialmente dos governos dos estados e das prefeituras, para a volta gradual às atividades, a partir do início de maio”, disse Nabil Sahyoun, presidente da entidade, em comunicado.

No Paraná, não há indício da revogação do decreto de fechamento.

A Abrasce, por sua vez, diz dialogar com o poder público em busca de soluções. No início deste mês, a entidade enviou carta ao Ministério da Economia indicando medidas que seriam “bem-vindas” para o setor, como suspensão da cobrança de PIS e Cofins pelo prazo de 180 dias; refinanciamento de tributos federais e uma atuação mais firme do Banco Central para segurar as taxas de juros cobradas por bancos privados. Parte das reivindicações foram atendidas em medidas do governo federal; outras, não.

No país, shoppings são responsáveis por 3 milhões de empregos e, na conta da Abrasce, por 3% do PIB brasileiro.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]