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“Juro que há coisas divinas mais belas do que as palavras podem descrever.”
(Walt Whitman)
Passei a noite em claro, mas valeu a pena. Acompanhei cada minuto desta bela e avassaladora vitória de Donald Trump. Confesso que esperei até o último instante para festejar o resultado das eleições, tendo em vista que nós, conservadores, estamos um tanto céticos quanto às apurações eleitorais nos últimos anos. Quando o resultado se confirmou, meus primeiros pensamentos se dirigiram aos amigos que se sacrificaram em nome da liberdade e hoje estão no exílio, especialmente Allan dos Santos e Ludmila Lins Grilo. O que aconteceu, meus amigos, foi um milagre.
Nesta terça-feira histórica, eu estava em São Paulo, a convite do meu amigo Ricardo Peake Braga. Bem no dia das eleições americanas, proferi uma palestra na sede do Instituto dos Advogados de São Paulo, uma das poucas instituições brasileiras que conseguiram atingir a marca de 150 anos.
Iniciei a minha fala mencionando um clássico da literatura americana moderna: “Fahrenheit 451”, de Ray Bradbury. Como meus sete leitores sabem, esse livro fala de uma sociedade em que os livros são proibidos e os bombeiros, em vez de apagarem incêndios, provocam incêndios, destruindo todos os livros que encontram pela frente.
Essa inversão ontológica da realidade — visível no bombeiro que atea fogo, no juiz que promove a injustiça, no jornalista que defende a censura, no artista que odeia a beleza — é um poderoso símbolo da mentalidade revolucionária que envenena a nossa época, e que tanto sofrimento vem causando nos últimos 235 anos.
Na madrugada de 5 para 6 de novembro de 2024, essa mentalidade sofreu um duro revés; e o que a mídia militante está chamando de “onda conservadora” nada mais é do que a vitória da liberdade contra os incendiários inimigos da liberdade. Um milagre.
Vocês sete viram a recente decisão monocrática do Flávio Dino de retirar de circulação e queimar quatro livros jurídicos por supostamente apresentarem passagens “homofóbicas” e “discurso de ódio”. Esse ato de censura abriu o precedente para que, a partir de agora, outros livros sejam queimados.
Não há como deixar de pensar na advertência do poeta Heinrich Heine: “Onde se queimam livros, acaba-se queimando pessoas”. Quanto tempo levará para queimarem as obras de Shakespeare, Dante, Machado de Assis, Euclides da Cunha, Fernando Pessoa, Jane Austen, Franz Kafka, Albert Camus, Nelson Rodrigues, Olavo de Carvalho — e então começarem a queimar todos os que os amam?
A vitória de Trump evitou que esse incêndio se alastrasse pelo mundo e acendeu sobre todos nós uma luz de esperança, a certeza de que as tribulações que temos enfrentado acabarão por ensejar um bem maior do que poderíamos sequer imaginar. Talvez a noite de hoje tenha sido o começo do fim de um longo exílio.
Agora eu gostaria de dividir com vocês, meus sete leitores, algumas reflexões sobre a tentativa de assassinato de Trump. Creio firmemente que naquele dia 13 de julho de 2024 aconteceu um milagre.
Todos viram a bala que, por uma questão de milímetros e milissegundos, não atingiu o cérebro de Trump, tal como tragicamente aconteceu com o presidente John Kennedy em 1963.
Todos viram o gesto do candidato republicano e suas palavras dirigidas ao povo: “Fight! Fight!” (Lutem! Lutem!). Naquela tarde ensolarada em Butler, na Pensilvânia, os Estados Unidos e o mundo estavam à beira do caos — e isso todos perceberam também.
O 13 de julho tem um significado forte para nós católicos, especialmente para os devotos de Nossa Senhora de Fátima. Foi exatamente nesse dia, há 107 anos, que a Virgem Maria apareceu a três crianças portuguesas no local conhecido como Cova da Iria, nos arredores de uma aldeia chamada Fátima. Era a terceira aparição de Nossa Senhora aos pastorinhos Lúcia, Francisco e Jacinta, e uma das mais importantes de todos os tempos. Pois foi nesse dia — 13 de julho — que a Mãe de Deus mostrou às crianças uma visão do inferno, assim descrita por Lúcia:
O reflexo pareceu penetrar a terra e vimos como que um mar de fogo. Mergulhados em esse fogo, os demônios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras ou bronzeadas, com forma humana, que flutuavam no incêndio, levadas pelas chamas que delas mesmas saíam juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os lados, semelhante ao cair das faúlhas em os grandes incêndios, sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero que horrorizava e fazia estremecer de pavor. Os demônios distinguiam-se por formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes como negros carvões em brasa”.
Logo em seguida, Nossa Senhora pediu “a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração e a Comunhão reparadora nos primeiros sábados” e completou:
“Se atenderem a Meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas”.
Diante daquelas três crianças, a Virgem profetizou o surgimento da escalada revolucionária que, quatro meses mais tarde, eclodiria na Rússia e se espalharia pelo mundo, com consequências nefastas até hoje.
Se Kamala Harris vencesse as eleições presidenciais americanas, os erros da Rússia ganhariam um impulso de consequências catastróficas. Foi por isso que passei a noite em claro
Em 20 de janeiro de 2017, no ano de centenário das aparições de Fátima, Donald Trump tomou posse para seu primeiro mandato presidencial. Nesse dia, o padre maronita Andrew Mahana exorcizou a Casa Branca e presenteou Trump com uma imagem de Nossa Senhora de Fátima e um Rosário. Pessoas que trabalharam com Trump na Casa Branca dizem que ele costumava se referir à ala oeste do prédio como “Capela da Ala Oeste”, em razão da presença da imagem mariana e outras peças religiosas.
Além de ser o dia da terceira aparição de Fátima, 13 de julho também foi a Festa de Nossa Senhora Rosa Mística, um dos títulos da Virgem. A 1,6 km do local do atentado contra Trump, há uma gruta dedicada a Nossa Senhora de Fátima. E, no dia 15, foi confirmada a indicação de J. D. Vance, um católico convertido, como candidato a vice na chapa de Trump.
É claro que houve um milagre. E podem acreditar, meus sete amigos: virão outros.
Conteúdo editado por: Aline Menezes