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Lançamento do movimento Blexit. Foto:Reprodução/Instagram
Lançamento do movimento Blexit. Foto:Reprodução/Instagram| Foto:

“Quero ter esses tições [niggers] votando nos Democratas pelos próximos 200 anos”. (Lyndon B. Johndon, 36º presidente dos EUA, Democrata)

 

Já deve ser do conhecimento de todos que os Estados Unidos têm um sistema político, na prática, bipartidário, uma vez que somente os dois grandes partidos – Republicano e Democrata – têm condições de vencer as eleições majoritárias. O partido Republicano é, em geral, conservador; já o Democrata é progressista; e os dois, por serem partidos grandes, abrigam políticos moderados e radicais. E a relação desses dois partidos com a população negra americana é fruto de intenso debate. Lá, diferentemente daqui, a divisão “racial” – uso aspas porque o conceito de raça é extremamente controverso – é bem marcada, uma vez que há pouca miscigenação (termo ambíguo também); até a década de 1960 muitos estados do Sul tinham leis que proibiam o casamento entre negros e brancos. Os negros são mais concentrados em determinadas área e há um modo de se relacionarem entre eles bastante peculiar. Há até o que eles chamam de “black money”, que é um esforço para fazer o dinheiro circular entre eles.

Enfim, a situação “racial” na América é muito diferente daqui; inclusive, essa divisão mais marcada facilita as estatísticas. Por exemplo: sabe-se que lá, quase 90% da população negra vota no Partido Democrata. Obama teve 95% do voto negros em 2008 e 93% em 2012. Trump foi o candidato republicano à presidência a ter maior quantidade de votos das população negra nos últimos 40 anos: 8%.

Curiosamente, não foi sempre assim. Até a década de 1930 os negros eram, majoritariamente, republicanos – uma vez que foram os republicanos que, na Guerra de Secessão, lutaram pela abolição da escravidão. Em resposta à derrota na guerra e à abolição, os democratas do sul criaram a Ku Klux Klan – ordem de supremacistas brancos que linchavam e enforcavam negros (e brancos republicanos). Todos os primeiros políticos negros eram Republicanos; a primeira assembleia legislativa da Carolina do Sul tinha 87 negros (republicanos) e 40 brancos; o primeiro Secretário de Estado da Carolina do Sul, Francis Lewis Cardozo – considerado um dos maiores intelectuais de seu tempo –, era negro e republicano.

Com sua estratégia de escravidão ideológica, os democratas foram se apropriando do voto negro a partir de 1932, com a eleição de Franklin Delano Roosevelt, e as promessas feitas aos negros no New Deal – programa de recuperação econômica implementado após a Grande Depressão –, e completaram a mudança em 1964, na eleição de Lyndon B. Johnson, sob os auspícios do programa populista War on Poverty (Guerra à pobreza). Daí para frente, Jessé Jackson, que assumiu a liderança do movimento pelos Direitos Civis com a morte de Martin Luther King Jr., e o radicalíssimo rev. Al Sharpton – os dois, pastores declaradamente democratas –, dominaram a cena e,  junto à imensa maioria dos artistas e da mídia, fizeram e fazem o serviço sujo de manter o negro como um fiel depositário de seu voto e de sua esperança quase unanimemente num único partido.

As informações acima estão mais bem explicadas, com detalhes, em meu vídeo Malcolm X e a escravidão ideológica, no Youtube, e em meu curso O Brasil é um país racista?.

Porém, ventos de mudança estão chegando na América – e, por que não, aqui? Um movimento vem tomando corpo e se espalhando por todo o país, com a proposta de libertar os negros da escravidão ideológica do Partido Democrata: chama-se Blexit – Black + Exit, a exemplo do Brexit britânico. O movimento foi criado em outubro deste ano (2018), por Candace Owens, uma jovem ativista conservadora, diretora de comunicação da ONG Turning Point e comentarista de política (sempre presente em emissoras como a Fox News). Com enorme sucesso, Owens tem viajado o país conclamando os negros a deixarem a subserviência política ao Partido Democrata, e tem colhido, em seu website, muitos relatos de negros que decidiram abandonar o barco Democrata para pregarem a liberdade e independência de pensamento e escolha.

O que há de sensacional nesse movimento é que ele é popular e baseado num engajamento orgânico, conseguindo atingir um público que grandes intelectuais negros acadêmicos como Thomas Sowell e Walter Williams, pioneiros no pensamento conservador-liberal (ou libertário) têm mais dificuldade de atingir – apesar de terem grande exposição nas redes sociais.

O movimento também recebeu o apoio inicial de peso – e controverso – do rapper Kanye West, que andava, há meses, para cima e para baixo, exibindo o boné vermelho “Make America Great Again”, da campanha de Donald Trump, elogiando o presidente e se dizendo livre para assumir suas posições políticas não se importando com o que os negros ou mesmo o movimento hip hop diriam. Em abril, Kanye tuitou: “eu amo o modo como Candace Owens pensa”, e isso criou a aproximação entre os dois, que passaram a frequentar programas de entrevistas juntos, com posições contundentes contra a mentalidade de rebanho dos negros em relação do Partido Democrata. Posteriormente, ao lançar o movimento Blexit e uma marca de roupas, Owens disse que o logotipo havia sido criado por ela e seu “querido amigo e companheiro super-herói Kanye West”; mas ele negou no twitter, dizendo que somente havia indicado a ela  as pessoas que poderiam ajuda-la. Isso gerou um mal estar entre os dois, que fez Owens pedir desculpas publicamente a West. Após isso e um encontro com Donald Trump, na Casa Branca, West publicou uma série de tuites, dizendo que iria se afastar da política e que estava sendo usado para espalhar mensagens com as quais não compactuava. Era o fim do Kanye West politizado.

Em tempo: como sei que Kanye West é meio maluco, nunca me empolguei muito com sua guinada conservadora.

Owens segue firme com o Blexit, tentando conseguir o maior número de adesões possíveis para as eleições de 2020. Porém, no início de novembro, uma ONG homônima apareceu reclamando o uso indevido da marca Blexit, que, segundo eles, foi criada em 2016, com a intenção de “construir coletivamente uma agenda econômica institucional que beneficie os negros americanos”. No entanto, o domínio blexit.com estava livre e foi registrado por Owens. Vamos aguardar para ver como essa história acabará.

Mas e nós, hein? Tenho defendido que, aqui no Brasil, essa subserviência dos pobres em relação aos partidos de esquerda só existe por conta dos pseudo-benefícios que recebem. Não é afinidade, mas, sim, escravidão ideológica. Em São Paulo, por exemplo, no último pleito, somente os cinco bairros da extrema Zona Sul (Capão Redondo, Valo Velho, Piraporinha, Grajaú e Parelheiros) e um único bairro da extrema Zona Leste (Cidade Tiradentes), deram a vitória a Fernando Haddad. Mas não creio que esses bairros tenham afinidade com as ideias progressistas – em relação à moral, por exemplo – que têm os partidos de esquerda. Os movimentos sociais (Movimento Negro, LGBT, Feminista etc.) têm feito um trabalho sistemático para tornar essa subserviência perene. Sem sucesso, graças a Deus. Mas o perigo é iminente.

Veja uma reflexão minha a esse respeito, aqui:

Minha luta é para que a verdadeira liberdade, através do rompimento das cadeias da escravidão ideológica, seja um sol a brilhar na periferia; que a periferia creia, de uma vez por todas, que a dependência estatal – via programas de bem-estar social – é prejudicial ao verdadeiro desenvolvimento e à prosperidade; e que a ordem e o amor às “coisas permanentes” é que mantém a periferia forte e unida contra as investidas destruidoras do progressismo burguês.

Estão prontos para o Blexit Brasil?

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