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Estudos comprovam: Covaxin é 1000% eficaz contra corrupção
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“Me chama de corrupto, p@$%!”. Corrupto! O escândalo do superfaturamento da Covaxin é, sem sombra dúvidas, a última pá de cal no discurso moralista do governo Bolsonaro. Agora, sim, as peças começam a se encaixar e passamos a entender o motivo do presidente da República ter feito a pior gestão da pandemia do mundo.

Comecemos com o óbvio. A Pfizer enviou mais de 80 e-mails para o Ministério da Saúde, ofereceu vacinas pela metade do preço que foi vendida para os EUA e ainda garantiu o início da vacinação já em dezembro de 2022. O governo simplesmente ignorou todas as tentativas de contato da empresa. Só agora podemos entender o porquê de tal recusa em trabalhar com a Pfizer.

Quando questionado, o Executivo alegou que não adquiriu o imunizante pois estava aguardando a aprovação da Anvisa. Mas advinha só: o governo comprou a Covaxin antes da aprovação da Agência. Se por um lado a Pfizer ofertou a vacina com 50% de desconto, por outro, o governo adquiriu a vacina da Índia com um valor superfaturado em 1000%.

Convenientemente, o empresário que negociou o imunizante, Francisco Emerson Maximiano, tem um longo histórico de investigações em contratos com gestões do PT (ora ora) e MDB, além de uma série de processos de processos judiciais de cobranças e dividas. Quem trouxe alguém com essa ficha pra perto? O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). O mesmo Ricardo Barros que foi ministro da saúde no governo Temer. Que é do mesmo partido de Arthur Lira. De acordo com o jornal O Globo, o deputado foi responsável por facilitar a aquisição da Covaxin com uma emenda que permite a importação de imunizantes aprovados em outros países.

O Ministério Público Federal, claro, enxergou indícios de crime e corrupção na compra, mas as consequências batem e voltam no engavetador-geral da República, Augusto Aras. Enquanto a investigação permanecer no gabinete da procuradora Luciana Loureiro, o elefante na sala não vai incomodar o Planalto. Como o ex-ministro não tem mais foro privilegiado, a investigação deve subir para o âmbito federal; se subir, sabemos que chegou em Bolsonaro.

Agora vem a história do servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Fernandes Miranda, que teria alertado Bolsonaro sobre as irregularidades no contrato da Covaxin. Primeiro que a empresa que recebia os pagamentos não é a mesma que assinou o documento; segundo que o texto previa 4 milhões de doses já na primeira entrega, mas só tem 300 mil.

Luís Ricardo alega que se encontrou pessoalmente com o presidente para alertá-lo das suspeitas sobre a importação do imunizante. O presidente teria garantido que levaria o caso para a Polícia Federal, mas isso não aconteceu, pois sabemos que qualquer delegado da PF que investiga o governo é exonerado, vide Alexandre Saraiva e Franco Perazzoni.

Todavia, o barulho está feito, o escândalo é grande demais para ser ignorado. A CPI da Covid já estuda convidados para depor sobre o caso, começando pelo servidor da pasta da Saúde. Senadores suspeitam que a aquisição da Pfizer foi negligenciada, mesmo com o preço pela metade, com o propósito de favorecer o lucro de empresários e outros envolvidos na aquisição da Covaxin 1000% mais cara.

Essa não seria a primeira vez, nem segunda, que o governo é suspeito de superfaturar compras para beneficiar aliados. O mesmo ocorreu no caso da cloroquina, com estoque de 18 anos, mesmo sem eficácia comprovada. Se Bolsonaro ficou descontrolado com as manifestações e o editorial do Jornal Nacional sobre as 500 mil mortes, agora ele vai surtar ou sumir, porque será responsabilizado pelo desastre sanitário e econômico que o Brasil enfrentou.

Tão logo juntamos os pontos — a sabotagem deliberada às vacinas mais eficazes e baratas, ao passo que se apressava a compra da Covaxin superfaturada — temos o roteiro do inferno: Bolsonaro e seu staff impediram que o próprio povo se salvasse para promover negociatas das mais escusas envolvendo dinheiro público e empresas de fachada. Pode ser o mais cruel caso de corrupção em nossa história.

O título é uma ironia, obviamente, já que a eficácia da corrupção nesse caso passou longe de 1000%, o escândalo veio à tona, Bolsonaro não tem onde se esconder. Vejamos qual será a narrativa levantada na live de quinta-feira; a quem será atribuída a culpa? O Deputado Luis Miranda (DEM-DF) explanou sem volta, mas parece tentar aliviar a barra do presidente. Se me lembro bem, o presidente que dizia não saber nada sobre a corrupção ocorrendo em baixo do seu nariz era um petista. Shiii! se não o PT volta.

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